sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

O "Bicho", pelos olhos da Roriz

   O “bicho”

   Se alguém nos dissesse em 2019 o que estava para vir certamente nenhum de nós acreditava. A pandemia dizimou milhões de vidas, separou milhões de famílias, esgotou milhões de pessoas. Sem dúvida que foi o maior desafio com que a humanidade já se deparou e, infelizmente, está longe de se dar como vencida a “luta”.

    Estamos todos juntos nisto, no entanto há gente que prefere fechar os olhos e fingir que este pesadelo não está a abalar o mundo. O egoísmo de quem não abdica de sair e prefere continuar a festejar revolta-me mais do que nunca. Afinal de contas, como podem festejar sabendo as consequências das ações irrefletidas e insensatas que tomaram? Como podem festejar vendo o vizinho chorar a mãe e o amigo desolado porque perdeu o irmão? Como é que conseguem festejar sabendo da exaustão de todos os da linha da frente?

    Em que mundo é que o egoísmo do ser humano matou tanta gente? Alguns de nós esforçam-se 200% para ficar em segurança porque alguns de nós não se esforçam nem 1%.

    Toda a gente já está farta. Toda a gente quer que a vida volte ao normal. Toda a gente quer ir tomar café com os amigos na praça. Toda a gente quer voltar a abraçar aqueles que ama, mas a muitos de nós isso foi roubado…  e como a minha prima Filipa diz “toda a gente quer e nenhum de nós pode, porque alguns de nós não tentam...”

    Como caminheira sinto saudades de ter uma reunião, uma atividade ou um acampamento. Coisas tão simples que nunca achei que me fariam tanta falta. Mas nós agora não podemos ter as típicas reuniões nem as atividades nem os acampamentos. Temos que cumprir o nosso papel e adaptarmo-nos - adaptação ou como lhe chamamos “lei do desenrascanço”, das melhores coisas que o escutismo me ensinou.

    Como estudante de medicina sinto saudades de ter aulas práticas a sério, não por um ecrã. Tenho saudades de apanhar o autocarro sem medos, almoçar na cantina e correr entre auditórios para chegar a tempo a próxima aula. Custa-me ver o cansaço dos meus professores. O esforço contínuo de todos.

    Precisamos de ser uns para os outros e se não pudermos ajudar, ao menos que não estorvemos. 



Ana Rita Roriz




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