O “bicho”
Se alguém nos dissesse em 2019 o que estava
para vir certamente nenhum de nós acreditava. A pandemia dizimou milhões de
vidas, separou milhões de famílias, esgotou milhões de pessoas. Sem dúvida que
foi o maior desafio com que a humanidade já se deparou e, infelizmente, está
longe de se dar como vencida a “luta”.
Estamos todos juntos nisto, no entanto há
gente que prefere fechar os olhos e fingir que este pesadelo não está a abalar
o mundo. O egoísmo de quem não abdica de sair e prefere continuar a festejar
revolta-me mais do que nunca. Afinal de contas, como podem festejar sabendo as
consequências das ações irrefletidas e insensatas que tomaram? Como podem
festejar vendo o vizinho chorar a mãe e o amigo desolado porque perdeu o irmão?
Como é que conseguem festejar sabendo da exaustão de todos os da linha da
frente?
Em que mundo é que o egoísmo do ser humano
matou tanta gente? Alguns de nós esforçam-se 200% para ficar em segurança
porque alguns de nós não se esforçam nem 1%.
Toda a gente já está farta. Toda a gente quer
que a vida volte ao normal. Toda a gente quer ir tomar café com os amigos na
praça. Toda a gente quer voltar a abraçar aqueles que ama, mas a muitos de nós
isso foi roubado… e como a minha prima
Filipa diz “toda a gente quer e nenhum de nós pode, porque alguns de nós não
tentam...”
Como caminheira sinto saudades de ter uma
reunião, uma atividade ou um acampamento. Coisas tão simples que nunca achei
que me fariam tanta falta. Mas nós agora não podemos ter as típicas reuniões
nem as atividades nem os acampamentos. Temos que cumprir o nosso papel e
adaptarmo-nos - adaptação ou como lhe chamamos “lei do desenrascanço”, das
melhores coisas que o escutismo me ensinou.
Como estudante de medicina sinto saudades
de ter aulas práticas a sério, não por um ecrã. Tenho saudades de apanhar o
autocarro sem medos, almoçar na cantina e correr entre auditórios para chegar a
tempo a próxima aula. Custa-me ver o cansaço dos meus professores. O esforço
contínuo de todos.
Precisamos de ser uns para os outros e se não pudermos ajudar, ao menos
que não estorvemos.
Sem comentários:
Enviar um comentário