Folhinha Interparoquial nº 674 de 29 de junho a 5 de julho de 2020
Paróquias de:
- Divino Salvador de Nogueiró.
- Santa Eulália de Tenões
- S. Pedro de Este
Intenções das missas e informações das 3 paróquias:
O dia de hoje, 19 de junho de 2020,
ficará como o dia em que o Corpo Nacional de Escutas permitiu que em todo o
Escutismo Católico se retomassem as atividades presenciais. Claro que este dia
foi precedido de um vasto conjunto de vídeo reuniões aos mais diversos níveis e
com os mais diversos intervenientes. A última reunião com os chefes de
Agrupamento foi dividida em 4 sessões envolvendo as seguintes regiões
(dioceses), para que dada uma delas tivesse um número aproximado de agrupamentos,
os responsáveis pelas regiões e núcleos também estiveram presentes:
1)
Viana
do Castelo, Porto, Aveiro, Coimbra e Bragança-Miranda – 265 agr;
2)
Braga
e Vila Real – 259 agr;
3)
Suíça,
Açores, Guarda, Lamego, Leiria, Madeira, Portalegre e Castelo Branco, Santarém,
Viseu e Macau – 245 agr;
4)
Algarve,
Beja, Évora e Setúbal – 250 agr.
Antes disto, a equipa nacional foi
elaborando e distribuindo sete documentos preliminares que, por sua vez, foram
trabalhados nos 1.019 agrupamentos, a saber:
1)
Direção
de agrupamento – onde se
elenca um conjunto de 12 ações/tarefas a desenvolver e um conjunto de 4
momentos marcantes na vida dos agrupamentos, permitindo fazer um diagnóstico da
situação e traçar uma linha de ação sustentada na realidade da comunidade onde
está inserido, por forma a garantir uma caminhada segura, podendo ter ritmos
diferentes para cada uma das quatro Seções.
2)
Equipa
de animação – visando a
preparação atempada do regresso dos elementos a um momento presencial,
definindo os procedimentos necessários, com base nas orientações tanto das
autoridades competentes como da Conferência Episcopal Portuguesa.
3)
Conselho
de pais – os pais são os
primeiros e os últimos responsáveis pela educação dos seus filhos, por isso
temos de ter uma articulação profunda e consistente com eles, para que se
reestabeleçam laços de confiança.
4)
Sedes
e outros espaços interiores
– definir a capacidade limite para cada um dos espaços, com base no “recomendado
quadrado” de 4m2 por elemento. Estabelecer itinerários e regras de
higienização, de acordo com as orientações da DGS (016/2020). Criar normas
sanitárias e de utilização, reinventar a sinalética e o material de proteção
individual. Finalmente, criar um plano de contingência, seguindo as
recomendações das autoridades sanitárias.
5)
Conselho
de guias – no escutismo
o “Conselho de guias” é o governo da Secção (I, II, III ou IV), é lá que se
tomam todas as grandes decisões relativamente ao conjunto da Unidade (recordar
que o dirigente da Seção não tem direito a voto neste conselho), por isso, os
Guias são os elementos fundamentais na implementação e dinamização de qualquer
projeto e, por razões obvias, neste em particular.
6)
A
Vida da Patrulha ou Unidade
– As atividades presenciais só deverão realizar-se após o primeiro conselho de
guias e, preferencialmente, em espaços abertos, respeitando sempre as
orientações plasmadas na publicação da DGS: “Medidas Gerais de Prevenção e
Controlo da COVID-19 – Saúde e Atividades Diárias – 14 de maio 2020 – Volume 1”,
in https://www.dgae.mec.pt/?wpfb_dl=45533.
7)
Atividades
de Patrulha ou Unidade
– onde se apresentam um conjunto de atividades destinadas a 10 pessoas,
respeitando as regras definidas pela DGS, versando: reuniões semanais;
atividades de 1 dia, sem dormida; acampamento com noite(s) de campo (nesta
altura, estes ainda estão vedados às Alcateias), proporcionar uma tenda por
elemento e garantir que o programa da campo privilegie o pequeno grupo (a
Patrulha) em detrimento do grande grupo (a Unidade), mantendo presente as
normas do “Escutismo: Movimento Seguro).
Para as
Unidades de Escutismo Marítimo ou do Ar, há um conjunto de orientações específicas,
em função das caraterísticas peculiares das suas atividades.
Finalmente, mas não menos importante, é
a decisão do desconfinamento bem como o grau da sua extensão, ao nível local, ficam,
exclusivamente, nas mãos de cada Agrupamento, para que cada um deles possa
optar, em sintonia com a sua envolvente social e sanitária, em função dos
recursos humanos e logísticos disponíveis e ainda no respeito pela vontade dos
pais das crianças e jovens que lhes estão confiados.
Neste, tempos em que os contactos sociais
estão limitados, por força das circunstâncias que todos conhecemos, o CNE tem
aproveitado este enquadramento para promover diversos momentos de reflexão
sobre os mais variados temas, proporcionando a participação dos escuteiros:
sejam eles crianças, jovens ou adultos, através de uma plataforma de
videoconferência.
Numa destas ações, realizada no passado
dia 27 de maio, data em que o Escutismo Católico Português celebrava o seu 97º
aniversário, foram convidados para oradores os dirigentes, ainda vivos, que já
exerceram a missão de chefe nacional: Vítor Faria, Luís Lidington, Carlos
Alberto Pereira, Norberto Correia e Ivo Faria (o atual chefe). Também foi
também feito um convite aos Guias das quatro Secções para colocarem perguntas a
este painel, através de pequenos vídeos. Permitam-me recordar que os Guias são
os elementos chave na metodologia escutista.
O Assistente Nacional, que moderou a sessão,
informou os cinco oradores que pensava «orientar
a conversa em duas vertentes: memória e sonhos» e que tinha organizado o
guião das intervenções/vídeos dos guias com a seguinte sequência, resumindo
assim as suas questões:
«1 - Carolina Rodrigues: Qual o
sentimento quando foram eleitos? Melhor memória enquanto escuteiros?
2 - Tiago Marabuto: escutismo e o
contacto com a natureza; Estrutura em rede versus hierarquia
3 - João Floriano
4 - Francisca (estes dois tocam o
mesmo tema): CNE pós Covid e lugar da tecnologia
5 - Ivo Alves: Escutismo Católico
e não Católico: possibilidades de fusão entre movimentos? Integração de escuteiros com necessidades educativas
especiais
6 - Hugo Oliveira: os jovens que partem para
o estrangeiro e em especial a situação
dos jovens dos Açores e Madeira».
No decurso da tertúlia mais três ou
quatro elementos colocaram questões que de certa forma estavam abrangidas pela
síntese do nosso moderador, com a exceção da motivação (do próprio e dos
outros).
Mais do que as repostas dos convidados, há
que realçar a oportunidade educativa criada para que crianças e jovens pudessem
questionar, sob o “chapéu” dos 97 anos do CNE, os antigos chefes nacionais bem como
a atualidade e excelência dos temas escolhidas pelos Guias:
a)
O
sentimento ao ser eleito e as boas recordações bem como a motivação (auto e
hétero) para continuar;
b)
O
escutismo e a natureza;
c)
Estrutura
em rede versus hierarquia no CNE;
d)
O escutismo
no pós Covid-19 e o lugar das tecnologias;
e)
Escutismo
católico versus não católico - a fusão ou não numa única associação;
f)
Escutismo
com pessoas portadoras de deficiência;
g)
O
escutismo e a imigração portuguesa bem como a insularidade dos açorianos e dos
madeirenses.
Uma nota para os oradores que, de um
modo geral, estiveram sintonizados e procuraram complementar-se, enriquecendo,
deste modo, a resposta coletiva.
Já no debate pedi licença à Francisca
Flor para poder citar a sua intervenção quando me fosse oportuno: «Para o futuro do CNE eu espero valorizar e
dar a conhecer o papel dos escuteiros, reinventar novas formas de ajudar o
próximo. No futuro, o CNE vai ter de ter um papel ativo na ajuda das pessoas
que nesta pandemia ficaram fragilizadas. No futuro nós precisaremos de nos
adaptar às novas tecnologias para futuras reuniões que não sejam presenciais,
mas espero que voltem a haver reuniões presenciais tomando as medidas
necessárias de segurança e espero que o CNE se adapte a esta nova vida.»
Antes de mais, porque a Francisca Flor é
uma lobita, sendo que a faixa etária dos lobitos é dos 6 aos 10 anos, depois
por ela expressar uma vivência genuína do escutismo e ter consciência que o
movimento é um ente coletivo, mas que o “eu” na sua relação com ele próprio,
com os outros, com o ambiente e com Deus, é que é o promotor do seu
desenvolvimento. A Francisca Flor assume-se como protagonista na sua própria
educação, com os olhos postos no futuro, como muito bem dos lembra Baden-Powell
na célebre frase: «Impele a tua própria
canoa».
Além disso, esta criança tem a visão
que, quando estes tempos passarem nada será como dantes, que temos que aprender
com estes tempos, mas no futuro teremos que ajudas aqueles que continuarão a
sofrer. Que bela afirmação para nos explicar as palavras de São Paulo, na
Primeira Carta aos Coríntios: «Agora
existem três coisas: fé, esperança e amor. Mas a mais importante é o amor» (13,
4-1)
Finalmente, porque este pequeno texto
encerra e si a essência do projeto do Escutismo, de 1907 (ano da fundação, em
Inglaterra), de hoje e de amanhã, materializado pela ideia mestra “Construir um
mundo melhor”.
Obrigado, Francisca Flor, pela tua
beleza e perfume de “flor” e pela tua simplicidade e sabedoria de Francisco (de
Assis) – o patrono dos lobitos.