segunda-feira, 8 de junho de 2020

Uma Flor no 97º Aniversário do CNE



Uma Flor no 97º Aniversário do CNE

por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 5 de junho 2020 no jornal diário "Correio do Minho"


Neste, tempos em que os contactos sociais estão limitados, por força das circunstâncias que todos conhecemos, o CNE tem aproveitado este enquadramento para promover diversos momentos de reflexão sobre os mais variados temas, proporcionando a participação dos escuteiros: sejam eles crianças, jovens ou adultos, através de uma plataforma de videoconferência.

Numa destas ações, realizada no passado dia 27 de maio, data em que o Escutismo Católico Português celebrava o seu 97º aniversário, foram convidados para oradores os dirigentes, ainda vivos, que já exerceram a missão de chefe nacional: Vítor Faria, Luís Lidington, Carlos Alberto Pereira, Norberto Correia e Ivo Faria (o atual chefe). Também foi também feito um convite aos Guias das quatro Secções para colocarem perguntas a este painel, através de pequenos vídeos. Permitam-me recordar que os Guias são os elementos chave na metodologia escutista.

O Assistente Nacional, que moderou a sessão, informou os cinco oradores que pensava «orientar a conversa em duas vertentes: memória e sonhos» e que tinha organizado o guião das intervenções/vídeos dos guias com a seguinte sequência, resumindo assim as suas questões:

«1 - Carolina Rodrigues: Qual o sentimento quando foram eleitos? Melhor memória enquanto escuteiros?

2 -   Tiago Marabuto: escutismo e o contacto com a natureza; Estrutura em rede versus hierarquia

3 -   João Floriano 

4 -   Francisca (estes dois tocam o mesmo tema): CNE pós Covid e lugar da tecnologia

5 -   Ivo Alves: Escutismo Católico e não Católico: possibilidades de fusão entre movimentos? Integração de escuteiros com necessidades educativas especiais

6 -   Hugo Oliveira: os jovens que partem para o estrangeiro e em especial a situação dos jovens dos Açores e Madeira».

No decurso da tertúlia mais três ou quatro elementos colocaram questões que de certa forma estavam abrangidas pela síntese do nosso moderador, com a exceção da motivação (do próprio e dos outros).

Mais do que as repostas dos convidados, há que realçar a oportunidade educativa criada para que crianças e jovens pudessem questionar, sob o “chapéu” dos 97 anos do CNE, os antigos chefes nacionais bem como a atualidade e excelência dos temas escolhidas pelos Guias:

a)    O sentimento ao ser eleito e as boas recordações bem como a motivação (auto e hétero) para continuar;

b)    O escutismo e a natureza;

c)    Estrutura em rede versus hierarquia no CNE;

d)    O escutismo no pós Covid-19 e o lugar das tecnologias;

e)    Escutismo católico versus não católico - a fusão ou não numa única associação;

f)     Escutismo com pessoas portadoras de deficiência;

g)    O escutismo e a imigração portuguesa bem como a insularidade dos açorianos e dos madeirenses.

Uma nota para os oradores que, de um modo geral, estiveram sintonizados e procuraram complementar-se, enriquecendo, deste modo, a resposta coletiva.

Já no debate pedi licença à Francisca Flor para poder citar a sua intervenção quando me fosse oportuno: «Para o futuro do CNE eu espero valorizar e dar a conhecer o papel dos escuteiros, reinventar novas formas de ajudar o próximo. No futuro, o CNE vai ter de ter um papel ativo na ajuda das pessoas que nesta pandemia ficaram fragilizadas. No futuro nós precisaremos de nos adaptar às novas tecnologias para futuras reuniões que não sejam presenciais, mas espero que voltem a haver reuniões presenciais tomando as medidas necessárias de segurança e espero que o CNE se adapte a esta nova vida.»

Antes de mais, porque a Francisca Flor é uma lobita, sendo que a faixa etária dos lobitos é dos 6 aos 10 anos, depois por ela expressar uma vivência genuína do escutismo e ter consciência que o movimento é um ente coletivo, mas que o “eu” na sua relação com ele próprio, com os outros, com o ambiente e com Deus, é que é o promotor do seu desenvolvimento. A Francisca Flor assume-se como protagonista na sua própria educação, com os olhos postos no futuro, como muito bem dos lembra Baden-Powell na célebre frase: «Impele a tua própria canoa».

Além disso, esta criança tem a visão que, quando estes tempos passarem nada será como dantes, que temos que aprender com estes tempos, mas no futuro teremos que ajudas aqueles que continuarão a sofrer. Que bela afirmação para nos explicar as palavras de São Paulo, na Primeira Carta aos Coríntios: «Agora existem três coisas: fé, esperança e amor. Mas a mais importante é o amor» (13, 4-1)

Finalmente, porque este pequeno texto encerra e si a essência do projeto do Escutismo, de 1907 (ano da fundação, em Inglaterra), de hoje e de amanhã, materializado pela ideia mestra “Construir um mundo melhor”.

Obrigado, Francisca Flor, pela tua beleza e perfume de “flor” e pela tua simplicidade e sabedoria de Francisco (de Assis) – o patrono dos lobitos.


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