Uma Flor no 97º Aniversário do CNE
artigo publicado a 5 de junho 2020 no jornal diário "Correio do Minho"
Neste, tempos em que os contactos sociais
estão limitados, por força das circunstâncias que todos conhecemos, o CNE tem
aproveitado este enquadramento para promover diversos momentos de reflexão
sobre os mais variados temas, proporcionando a participação dos escuteiros:
sejam eles crianças, jovens ou adultos, através de uma plataforma de
videoconferência.
Numa destas ações, realizada no passado
dia 27 de maio, data em que o Escutismo Católico Português celebrava o seu 97º
aniversário, foram convidados para oradores os dirigentes, ainda vivos, que já
exerceram a missão de chefe nacional: Vítor Faria, Luís Lidington, Carlos
Alberto Pereira, Norberto Correia e Ivo Faria (o atual chefe). Também foi
também feito um convite aos Guias das quatro Secções para colocarem perguntas a
este painel, através de pequenos vídeos. Permitam-me recordar que os Guias são
os elementos chave na metodologia escutista.
O Assistente Nacional, que moderou a sessão,
informou os cinco oradores que pensava «orientar
a conversa em duas vertentes: memória e sonhos» e que tinha organizado o
guião das intervenções/vídeos dos guias com a seguinte sequência, resumindo
assim as suas questões:
«1 - Carolina Rodrigues: Qual o
sentimento quando foram eleitos? Melhor memória enquanto escuteiros?
2 - Tiago Marabuto: escutismo e o
contacto com a natureza; Estrutura em rede versus hierarquia
3 - João Floriano
4 - Francisca (estes dois tocam o
mesmo tema): CNE pós Covid e lugar da tecnologia
5 - Ivo Alves: Escutismo Católico
e não Católico: possibilidades de fusão entre movimentos? Integração de escuteiros com necessidades educativas
especiais
6 - Hugo Oliveira: os jovens que partem para
o estrangeiro e em especial a situação
dos jovens dos Açores e Madeira».
No decurso da tertúlia mais três ou
quatro elementos colocaram questões que de certa forma estavam abrangidas pela
síntese do nosso moderador, com a exceção da motivação (do próprio e dos
outros).
Mais do que as repostas dos convidados, há
que realçar a oportunidade educativa criada para que crianças e jovens pudessem
questionar, sob o “chapéu” dos 97 anos do CNE, os antigos chefes nacionais bem como
a atualidade e excelência dos temas escolhidas pelos Guias:
a)
O
sentimento ao ser eleito e as boas recordações bem como a motivação (auto e
hétero) para continuar;
b)
O
escutismo e a natureza;
c)
Estrutura
em rede versus hierarquia no CNE;
d)
O escutismo
no pós Covid-19 e o lugar das tecnologias;
e)
Escutismo
católico versus não católico - a fusão ou não numa única associação;
f)
Escutismo
com pessoas portadoras de deficiência;
g)
O
escutismo e a imigração portuguesa bem como a insularidade dos açorianos e dos
madeirenses.
Uma nota para os oradores que, de um
modo geral, estiveram sintonizados e procuraram complementar-se, enriquecendo,
deste modo, a resposta coletiva.
Já no debate pedi licença à Francisca
Flor para poder citar a sua intervenção quando me fosse oportuno: «Para o futuro do CNE eu espero valorizar e
dar a conhecer o papel dos escuteiros, reinventar novas formas de ajudar o
próximo. No futuro, o CNE vai ter de ter um papel ativo na ajuda das pessoas
que nesta pandemia ficaram fragilizadas. No futuro nós precisaremos de nos
adaptar às novas tecnologias para futuras reuniões que não sejam presenciais,
mas espero que voltem a haver reuniões presenciais tomando as medidas
necessárias de segurança e espero que o CNE se adapte a esta nova vida.»
Antes de mais, porque a Francisca Flor é
uma lobita, sendo que a faixa etária dos lobitos é dos 6 aos 10 anos, depois
por ela expressar uma vivência genuína do escutismo e ter consciência que o
movimento é um ente coletivo, mas que o “eu” na sua relação com ele próprio,
com os outros, com o ambiente e com Deus, é que é o promotor do seu
desenvolvimento. A Francisca Flor assume-se como protagonista na sua própria
educação, com os olhos postos no futuro, como muito bem dos lembra Baden-Powell
na célebre frase: «Impele a tua própria
canoa».
Além disso, esta criança tem a visão
que, quando estes tempos passarem nada será como dantes, que temos que aprender
com estes tempos, mas no futuro teremos que ajudas aqueles que continuarão a
sofrer. Que bela afirmação para nos explicar as palavras de São Paulo, na
Primeira Carta aos Coríntios: «Agora
existem três coisas: fé, esperança e amor. Mas a mais importante é o amor» (13,
4-1)
Finalmente, porque este pequeno texto
encerra e si a essência do projeto do Escutismo, de 1907 (ano da fundação, em
Inglaterra), de hoje e de amanhã, materializado pela ideia mestra “Construir um
mundo melhor”.
Obrigado, Francisca Flor, pela tua
beleza e perfume de “flor” e pela tua simplicidade e sabedoria de Francisco (de
Assis) – o patrono dos lobitos.
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