Folhinha Interparoquial nº 719 de 28 de junho a 4 de julho de 2021
Paróquias de:- Divino Salvador de Nogueiró.
- Santa Eulália de Tenões
- S. Pedro de Este
Intenções das missas e informações das 3 paróquias:
Folhinha Interparoquial nº 719 de 28 de junho a 4 de julho de 2021
Paróquias de:Folhinha Interparoquial nº 718 de 21 a 27 de junho de 2021
Paróquias de:A direção do Agrupamento de Escuteiros de Nogueiró, cumpre o doloroso dever de informar o falecimento da D. Maria Alice Afonso Lestra Pereira, Avó paterna dos seus Escuteiros, Francisco Maria, Beatriz Maria e Afonso Maria.
“Franklim Oliveira: o Primeiro Chefe Nacional dos Escuteiros Católicos"
É
voz comum no Corpo Nacional de Escutas que o primeiro Chefe Nacional foi D.
José de Lencastre, o que está profundamente errado pois ele foi eleito no dia 3
de janeiro de 1925 e tinha a seguinte constituição «Diretor Geral: D. Manuel
Vieira de Matos; Comissário Nacional: D. José Maria de Queirós e Lencastre;
Inspector Mor: Dr. António Avelino Gonçalves; 1º Vogal: Capitão Graciliano Reis
da Silva Marques e 2º Vogal: Álvaro Benjamim Coutinho» [1],
mas o CNE foi oficialmente criado no dia 27 de maio de 1923.
Devemos
ter presente duas realidades: a primeira é que o Escutismo Católico teve, ao
longo dos tempos três designações: de 1923 a 1925 “Corpo de Scouts
Católicos Portugueses”, de 1925 (28 de fevereiro) a 1934 “Corpo Nacional de Scouts”
e de 1934 até hoje “Corpo Nacional de Escutas”; a segunda é que o cargo de “Chefe
Nacional” substituiu a designação inicial de “Comissário Nacional” que perdurara
até à publicação dos novos estatutos do CNE, em “A Flor de Lis” de maio de 1942.
Independentemente das designações adotadas, nos diversos textos estatutários,
sempre se considerou que o “Corpo de Scouts católicos Portugueses”, o
Corpo Nacional de Scouts e o “Corpo Nacional de Escutas” identificam a
mesma associação escutista.
É
claro que no tempo decorrido entre a fundação oficial do Escutismo Católico
(maio.1923) e a eleição de D. José de Lencastre (janeiro.1925) houve um
Comissário Nacional. O Assistente Regional de Braga na sua obra comemorativa
das Bodas de Prata do CNE, afirma categoricamente: «Franclim António de Oliveira, 1.º
Comissário Nacional e grande animador inicial do movimento
»[2],
recorrendo ao Diário do Minho, publicado no dia 29 de maio de 1923, dois dias
depois da fundação oficial do Escutismo Católico, na página 2, sob o título Corpo
de Scouts Católicos Portugueses, podemos ler a seguinte notícia: «No
passado domingo, 27 de maio, inaugurou a sua existência oficial na nossa cidade
esta utilíssima associação juvenil. Braga viu desfilar pelas suas ruas, em
perfeita ordem e aprumo, os novos “boy-scouts”, primeiras flores de uma
primavera de belesa que começa a sorrir cheia de encantos e esperanças no nosso
país.
A
Comissão fundadora do Corpo que tanto trabalhou para lhe dar vida já depôs o
seu mandato, entregando a direcção suprema da organisação nas mãos duma Junta
Nacional que ficou assim constituída:
· Capelão-mór
geral, o Sr. Arcebispo Primaz.
· Comissário
Nacional, o Sr. Franklim António de Oliveira.
· Inspector-mór
geral, o Sr. António Avelino Gonçalves.
· Secretário
geral, o Sr. Manuel Soares da Silva.
· Tesoureiro
geral, o Sr. Álvaro Benjamim Coutinho.
Ficou
também constituída a Junta Arquidiocesana de Braga pela seguinte maneira:
· Capelão
Diocesano – o Rer.º P.e Luís Maciel dos Santos Portela, digno abade da
Maximinos, e
·
Comissário Diocesano – o Sr. Capitão
Graciliano Marques.»
Fica
muito claro que o primeiro Comissário (ou Chefe) Nacional foi o dirigente Franklim
António de Oliveira, sendo de inteira justiça que assim seja recordado. Uma das
suas mais notáveis ações foi o planeamento e preparação do primeiro Campo-Escola
“São Tomás de Aquino“, que se realizou na Região do Porto, nos primeiros dias
do mês de maio de 1925, já este dirigente, por razões que ainda não estão
documentadas, tinha deixado os Scouts Católicos[3],
tendo depois regressado à Associação dos Escoteiros de Portugal, onde se
iniciara no Escutismo.
[1] CNS, A Flor de Lis, ano
1, nº 1, fevereiro de 1925, pp. 1 e 2,
[2] Salgado, Pe. Benjamim, Radiosa
Floração, CNE, Braga, 1948, p. 9.
[3] Reis, João Vasco, Corpo Nacional de
Escutas - Uma História de Factos (subsídios),
CNE, Lisboa, 2017 - p.96
Folhinha Interparoquial nº 717 de 14 a 20 de junho de 2021
Paróquias de:Folhinha Interparoquial nº 716 de 7 a 13 de junho de 2021
Paróquias de:“O Corpo de Scouts Católicos Portugueses[1] e a Luta pela Sobrevivência"
O Escutismo Católico Português, ao longo
dos seus 98 anos de vida, que celebrou no passado dia 27 de maio, data de
aprovação dos seus estatutos, por alvará do Governador Civil de Braga. Este
alvará, de 1923, fazia do Corpo de Scouts Católicos Portugueses uma
associação distrital. Contudo, a publicação da Portaria número 3:824, de 26 de
novembro de 1923, determinou que esses mesmos estatutos permitissem ao CSCP
estender a sua ação aos restantes distritos.
Após esta publicação no Diário do
Governo, iniciou-se um aceso debate e, no dia 12 de julho de 1923, «o Sr.
Pereira Osório insurge-se em pleno Senado contra o Escutismo apenas nascido.
Fundamenta o seu protesto numa suposta feição militar que teria o C.N.E. e
ainda na sua urdidura católica que o opositor engloba na decifração de “fins um
pouco tenebrosos” (...) Foi o Mgr. Dias de Andrade que, também no
Senado, defendeu a legalidade e o direito à vida do Scouting Católico de então»[2].
Também na comunicação social se replicou
este debate com pessoas a intervir ora a favor ora contra, cabendo aos jornais
ligado à Igreja católica a defesa do Scouting Católico nascente e aos
jornais ligados à Primeira República procurar justificar a sua ilegalização.
É no meio deste debate que foi publicado
o Decreto número 9:729, de 26 de maio de 1924, decreta a aprovação e procede à
publicação dos estatutos do CSCP que já vigoravam por força da Portaria publicada
em 26 de novembro de 1923.
Esta publicação foi a gota de água que
provocou uma reviravolta no seio do Governo tendo sido publicado, a 12 de junho
de 1924, poucos dias depois do CSCP ter celebrado o seu primeiro ano de
aniversário (27 de maio de 1923), o Decreto número 9:791, revertendo toda a
situação.[3]
Como se pode depreender do texto preambular
do referido Decreto, ficou-se a saber que a Associação dos Escoteiros de
Portugal, liderou este processo contestatário: «Considerando que são
legítimas as ponderações apresentadas pela Associação dos Escoteiros de
Portugal, que, sob o ponto de vista legal se baseiam na doutrina expendida
neste decreto [3:120-B, de 10 de maio de 1917, que aprovou o regulamento da
AEP] e sob o ponte de vista moral revestem uma aceitável exposição quando
salientam os graves inconvenientes de carácter scisionista que daí podem advir,
conjugados gravemente com a parcialidade ideológica, que de forma alguma deve
adulterar o fim altruísta a que coletividades desta natureza visam».
Assim o ministro do interior, Alfredo
Ernesto de Sá Cardoso, que também assinara o Decreto número 9:729, lavra aquilo
que ele pensava ser a sentença de morte dos Scouts Católicos, quando escreve
«Hei por bem (...) decretar que se considere sem efeito o decreto
nº.9:729, de 26 de Maio último, bem como a portaria de 23 de Novembro do ano
findo e o alvará a que na mesma se alude.»
A verdade é que, sob o ponto de vista
jurídico, o Corpo de Scouts Católicos Portugueses, caiu, de certa forma,
na clandestinidade porque não deixou de estar presente nem abandonou, à sua
sorte, os jovens Scouts. A normalidade jurídica só seria reposta com a
publicação do Decreto 10:589, de 28 de fevereiro de 1925, isto é, passados oito
meses e poucos dias. A provar que os Scouts Católicos não tinham baixado
os braços, basta recordar que a Comissão Executiva da Junta Central foi eleita,
em Braga, na reunião da Junta Nacional (hoje designado Conselho Nacional), nos
dias 2, 3 e 4 de janeiro de 1925[4].
Estes oito meses foram um tempo de
clandestinidade ativa com uma forte presença nas comunidades paroquiais, bem ancorada
na sociedade. Por todo o lado surgiram associações de caráter local/concelhio
com estatutos próprios e sob as mais diversas designações. Eram os Núcleos dos
“Scouts de Braga”, da “Sociedade Martins Sarmento”, de Vila Real, da “Catedral
do Porto” e tantos outros.
Poder-se ia pensar que a proliferação
destes “Núcleos” era ocasional, mas a verdade é que todos eles tinham em comum
uma matriz estatutária subjacente, todos ligados aos grupos do CSCP e
floresciam com a “bênção de católicos destemidos”.
Por outro lado, percebe-se a intenção do
ditado popular “dividir para reinar”, pois esta disseminação pelas paróquias
permitia-lhes fugir ao controlo republicano instalado em Lisboa, onde as “tropas”
de inspiração católica se preparavam para suportar uma nova investida feita a
partir do Norte. Com a publicação do citado Decreto 10:589, de 28 de fevereiro
de 1925, entrou-se numa era de acalmia que só seria abalada, alguns anos mais, por
causa da mocidade portuguesa.
[1] Esta associação teve ao longo da sua vida três designações: a primeira, Corpo de Scouts Católicos Portugueses, de 27 de maio de 1923, a segunda, Corpo Nacional de Scouts, de 28 de fevereiro de 1925 e a terceira, Corpo Nacional de Escutas, de 1934.
[2] Salgado, Benjamim, in
Radiosa Floração, Junta Central do CNE, Braga, 1948, p.14.
[3] Nota do autor: A
Associação dos Adueiros de Portugal, criada pelo Decreto 6:277, de 13 de
dezembro de 1919, passou à margem desta polémica.
[4] Salgado, Benjamim, in
Radiosa Floração, Junta Central do CNE, Braga, 1948, p.17 a 19.
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Folhinha Interparoquial nº 715 de 31 de maio a 6 de junho de 2021
Paróquias de: