“Franklim Oliveira: o Primeiro Chefe Nacional dos Escuteiros Católicos"
artigo publicado a 18 de junho 2021 no jornal diário "Correio do Minho"
É
voz comum no Corpo Nacional de Escutas que o primeiro Chefe Nacional foi D.
José de Lencastre, o que está profundamente errado pois ele foi eleito no dia 3
de janeiro de 1925 e tinha a seguinte constituição «Diretor Geral: D. Manuel
Vieira de Matos; Comissário Nacional: D. José Maria de Queirós e Lencastre;
Inspector Mor: Dr. António Avelino Gonçalves; 1º Vogal: Capitão Graciliano Reis
da Silva Marques e 2º Vogal: Álvaro Benjamim Coutinho» [1],
mas o CNE foi oficialmente criado no dia 27 de maio de 1923.
Devemos
ter presente duas realidades: a primeira é que o Escutismo Católico teve, ao
longo dos tempos três designações: de 1923 a 1925 “Corpo de Scouts
Católicos Portugueses”, de 1925 (28 de fevereiro) a 1934 “Corpo Nacional de Scouts”
e de 1934 até hoje “Corpo Nacional de Escutas”; a segunda é que o cargo de “Chefe
Nacional” substituiu a designação inicial de “Comissário Nacional” que perdurara
até à publicação dos novos estatutos do CNE, em “A Flor de Lis” de maio de 1942.
Independentemente das designações adotadas, nos diversos textos estatutários,
sempre se considerou que o “Corpo de Scouts católicos Portugueses”, o
Corpo Nacional de Scouts e o “Corpo Nacional de Escutas” identificam a
mesma associação escutista.
É
claro que no tempo decorrido entre a fundação oficial do Escutismo Católico
(maio.1923) e a eleição de D. José de Lencastre (janeiro.1925) houve um
Comissário Nacional. O Assistente Regional de Braga na sua obra comemorativa
das Bodas de Prata do CNE, afirma categoricamente: «Franclim António de Oliveira, 1.º
Comissário Nacional e grande animador inicial do movimento
»[2],
recorrendo ao Diário do Minho, publicado no dia 29 de maio de 1923, dois dias
depois da fundação oficial do Escutismo Católico, na página 2, sob o título Corpo
de Scouts Católicos Portugueses, podemos ler a seguinte notícia: «No
passado domingo, 27 de maio, inaugurou a sua existência oficial na nossa cidade
esta utilíssima associação juvenil. Braga viu desfilar pelas suas ruas, em
perfeita ordem e aprumo, os novos “boy-scouts”, primeiras flores de uma
primavera de belesa que começa a sorrir cheia de encantos e esperanças no nosso
país.
A
Comissão fundadora do Corpo que tanto trabalhou para lhe dar vida já depôs o
seu mandato, entregando a direcção suprema da organisação nas mãos duma Junta
Nacional que ficou assim constituída:
· Capelão-mór
geral, o Sr. Arcebispo Primaz.
· Comissário
Nacional, o Sr. Franklim António de Oliveira.
· Inspector-mór
geral, o Sr. António Avelino Gonçalves.
· Secretário
geral, o Sr. Manuel Soares da Silva.
· Tesoureiro
geral, o Sr. Álvaro Benjamim Coutinho.
Ficou
também constituída a Junta Arquidiocesana de Braga pela seguinte maneira:
· Capelão
Diocesano – o Rer.º P.e Luís Maciel dos Santos Portela, digno abade da
Maximinos, e
·
Comissário Diocesano – o Sr. Capitão
Graciliano Marques.»
Fica
muito claro que o primeiro Comissário (ou Chefe) Nacional foi o dirigente Franklim
António de Oliveira, sendo de inteira justiça que assim seja recordado. Uma das
suas mais notáveis ações foi o planeamento e preparação do primeiro Campo-Escola
“São Tomás de Aquino“, que se realizou na Região do Porto, nos primeiros dias
do mês de maio de 1925, já este dirigente, por razões que ainda não estão
documentadas, tinha deixado os Scouts Católicos[3],
tendo depois regressado à Associação dos Escoteiros de Portugal, onde se
iniciara no Escutismo.
[1] CNS, A Flor de Lis, ano
1, nº 1, fevereiro de 1925, pp. 1 e 2,
[2] Salgado, Pe. Benjamim, Radiosa
Floração, CNE, Braga, 1948, p. 9.
[3] Reis, João Vasco, Corpo Nacional de
Escutas - Uma História de Factos (subsídios),
CNE, Lisboa, 2017 - p.96
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