sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

A Última Mensagem de Baden-Powell

A Última Mensagem de Baden Powell [1]

por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado hoje 26 de fevereiro 2021 no jornal diário "Correio do Minho"



A Última Mensagem de Baden-Powell[1]

 

Na minha primeira crónica sobre o fundador do escutismo, publicada neste espaço, no dia 23 de fevereiro de 2012, escrevi, no segundo parágrafo: «O Escutismo vive o dia do seu fundador, também designado, em algumas associações, como o dia do pensamento, refletindo sobre a importância que este ato criador teve na evolução da juventude e da sociedade».

Este ano, por necessidades sanitárias, seja-me permitido usar o termo “necessidades” em vez de “imposições”, já que o termo utilizado implica um sentimento de pertença, de “estar no mesmo barco”; assim, sempre me sinto como parte da solução e não como vítima do processo. A pandemia que hoje, leia-se, há um ano, nos atormenta é um problema de todos e que a todos devia convocar para cada um, à sua maneira, procurar deixar o seu contributo para a humanidade superar esta batalha.

Os atos comemorativos, no passado dia 22 deste mês, dia do nascimento da Baden-Powell, foram marcados por inúmeras ações de reflexão e partilha nas redes sociais e nas plataformas de videoconferência.

Neste contexto, tive o grato prazer de participar numa tertúlia sobre o fundador, organizada pela Junta Regional do Algarve, na qual participaram quase 400 escuteiros, que, sob o tema “O Homem a quem o mundo deve o Nobel da Paz”, apresentava um programa interessante e desafiante:

A proposta de escutismo que B.-P. fez em 1907 continua atual?

·      A atual implementação do escutismo continua a seguir as "raízes" que B.-P. nos deixou?

·      Quais as maiores diferenças do escutismo em 1907 e em 2021?

A influência do movimento escutista na Sociedade

·      Qual a importância do escutismo para os decisores políticos?

·      Uma sociedade com escutismo é uma melhor sociedade?

·      O escutismo para as várias faixas sociais?

Escutismo, um movimento de Paz

·      O escutismo é ou não um movimento de Paz?

·      O escutismo é ou não o maior movimento de jovens do mundo?

·      O escutismo é ou não o maior movimento de paz no mundo?

B.-P., o homem a quem o mundo deve o Nobel da Paz

·      A “obra” de BP foi de dimensão suficiente para receber um Nobel da Paz?

·      A carreira militar terá sido um entrave a esta atribuição?

·      Deveria a Organização Mundial do Movimento Escutista receber este reconhecimento?

Em abono da verdade, devo também afirmar que o tema geral sobre uma hipotética atribuição do prémio Nobel da Paz foi lançado muito antes de se ter conhecimento da apresentação da candidatura da Organização Mundial do Guidismo e do Escutismo a este prémio, pela deputada norueguesa Solveig Schytz.

Deixo que os estimados leitores que se apropriem do pensamento que o Baden-Powell deixou, a todo o movimento escutista, neste seu “testamento espiritual”:

«Caros escuteiros:

Se já vistes a peça Peter Pan, haveis de recordar-vos de como o chefe dos piratas estava sempre a fazer o seu discurso de despedida, porque receava que, quando lhe chegasse a hora de morrer, talvez não tivesse tempo para o fazer. Acontece-me coisa muito parecida e por isso, embora não esteja precisamente a morrer, morrerei qualquer dia e quero mandar-vos uma palavra de despedida.

Lembrai-vos de que é a última palavra que vos dirijo, por isso meditai-a.

Passei uma vida felicíssima e desejo que cada um de vós seja igualmente feliz.

Creio que Deus nos colocou neste mundo encantador para sermos felizes e apreciarmos a vida. A felicidade não vem da riqueza, nem simplesmente do êxito de uma carreira, nem dos prazeres. Um passo para a felicidade é serdes saudáveis e fortes enquanto sois rapazes, para poderdes ser úteis e gozar a vida quando fordes homens.

O estudo da natureza mostrar-vos-á as coisas belas e maravilhosas de que Deus encheu o mundo para vosso deleite. Contentai-vos com o que tendes e tirai dele o maior proveito que puderdes. Vede sempre o lado melhor das coisas e não o pior.

Mas o melhor meio para alcançar a felicidade é contribuir para a felicidade dos outros. Procurai deixar o mundo um pouco melhor de que o encontrastes e quando vos chegar a vez de morrer, podeis morrer felizes sentindo que ao menos não desperdiçastes o tempo e fizestes todo o possível por praticar o bem.

Estai preparados desta maneira para viver e morrer felizes - apegai-vos sempre à vossa promessa escutista - mesmo depois de já não serdes rapazes e Deus vos ajude a proceder assim.

O Vosso Amigo

Baden-Powell of Gilwell»



[1] Encontrado entre os papéis de Baden-Powell após a sua morte, 8 de janeiro de 1941, cfr. Escutismo para Rapazes, Edições Flor de Lis, 3ª edição, 1968, Barcelos, p. 303.

 


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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

O "Bicho", pelos olhos da Roriz

   O “bicho”

   Se alguém nos dissesse em 2019 o que estava para vir certamente nenhum de nós acreditava. A pandemia dizimou milhões de vidas, separou milhões de famílias, esgotou milhões de pessoas. Sem dúvida que foi o maior desafio com que a humanidade já se deparou e, infelizmente, está longe de se dar como vencida a “luta”.

    Estamos todos juntos nisto, no entanto há gente que prefere fechar os olhos e fingir que este pesadelo não está a abalar o mundo. O egoísmo de quem não abdica de sair e prefere continuar a festejar revolta-me mais do que nunca. Afinal de contas, como podem festejar sabendo as consequências das ações irrefletidas e insensatas que tomaram? Como podem festejar vendo o vizinho chorar a mãe e o amigo desolado porque perdeu o irmão? Como é que conseguem festejar sabendo da exaustão de todos os da linha da frente?

    Em que mundo é que o egoísmo do ser humano matou tanta gente? Alguns de nós esforçam-se 200% para ficar em segurança porque alguns de nós não se esforçam nem 1%.

    Toda a gente já está farta. Toda a gente quer que a vida volte ao normal. Toda a gente quer ir tomar café com os amigos na praça. Toda a gente quer voltar a abraçar aqueles que ama, mas a muitos de nós isso foi roubado…  e como a minha prima Filipa diz “toda a gente quer e nenhum de nós pode, porque alguns de nós não tentam...”

    Como caminheira sinto saudades de ter uma reunião, uma atividade ou um acampamento. Coisas tão simples que nunca achei que me fariam tanta falta. Mas nós agora não podemos ter as típicas reuniões nem as atividades nem os acampamentos. Temos que cumprir o nosso papel e adaptarmo-nos - adaptação ou como lhe chamamos “lei do desenrascanço”, das melhores coisas que o escutismo me ensinou.

    Como estudante de medicina sinto saudades de ter aulas práticas a sério, não por um ecrã. Tenho saudades de apanhar o autocarro sem medos, almoçar na cantina e correr entre auditórios para chegar a tempo a próxima aula. Custa-me ver o cansaço dos meus professores. O esforço contínuo de todos.

    Precisamos de ser uns para os outros e se não pudermos ajudar, ao menos que não estorvemos. 



Ana Rita Roriz




sábado, 13 de fevereiro de 2021

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO, PARA A QUARESMA DE 2021

 MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO

PARA A QUARESMA DE 2021


«Vamos subir a Jerusalém...» (Mt 20, 18).
Quaresma: tempo para renovar fé, esperança e caridade.

 

Queridos irmãos e irmãs!

Jesus, ao anunciar aos discípulos a sua paixão, morte e ressurreição como cumprimento da vontade do Pai, desvenda-lhes o sentido profundo da sua missão e convida-os a associarem-se à mesma pela salvação do mundo.

Ao percorrer o caminho quaresmal que nos conduz às celebrações pascais, recordamos Aquele que «Se rebaixou a Si mesmo, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz» (Flp 2, 8). Neste tempo de conversão, renovamos a nossa fé, obtemos a «água viva» da esperança e recebemos com o coração aberto o amor de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo. Na noite de Páscoa, renovaremos as promessas do nosso Batismo, para renascer como mulheres e homens novos por obra e graça do Espírito Santo. Entretanto o itinerário da Quaresma, como aliás todo o caminho cristão, já está inteiramente sob a luz da Ressurreição que anima os sentimentos, atitudes e opções de quem deseja seguir a Cristo.

jejum, a oração e a esmola – tal como são apresentados por Jesus na sua pregação (cf. Mt 6, 1-18) – são as condições para a nossa conversão e sua expressão. O caminho da pobreza e da privação (o jejum), a atenção e os gestos de amor pelo homem ferido (a esmola) e o diálogo filial com o Pai (a oração) permitem-nos encarnar uma fé sincera, uma esperança viva e uma caridade operosa.

1. A fé chama-nos a acolher a Verdade e a tornar-nos suas testemunhas diante de Deus e de todos os nossos irmãos e irmãs

Neste tempo de Quaresma, acolher e viver a Verdade manifestada em Cristo significa, antes de mais, deixar-nos alcançar pela Palavra de Deus, que nos é transmitida de geração em geração pela Igreja. Esta Verdade não é uma construção do intelecto, reservada a poucas mentes seletas, superiores ou ilustres, mas é uma mensagem que recebemos e podemos compreender graças à inteligência do coração, aberto à grandeza de Deus, que nos ama ainda antes de nós próprios tomarmos consciência disso. Esta Verdade é o próprio Cristo, que, assumindo completamente a nossa humanidade, Se fez Caminho – exigente, mas aberto a todos – que conduz à plenitude da Vida.

O jejum, vivido como experiência de privação, leva as pessoas que o praticam com simplicidade de coração a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, feitas à sua imagem e semelhança, n'Ele encontram plena realização. Ao fazer experiência duma pobreza assumida, quem jejua faz-se pobre com os pobres e «acumula» a riqueza do amor recebido e partilhado. O jejum, assim entendido e praticado, ajuda a amar a Deus e ao próximo, pois, como ensina São Tomás de Aquino, o amor é um movimento que centra a minha atenção no outro, considerando-o como um só comigo mesmo [cf. Enc. Fratelli tutti (= FT), 93].

A Quaresma é um tempo para acreditar, ou seja, para receber a Deus na nossa vida permitindo-Lhe «fazer morada» em nós (cf. Jo 14, 23)Jejuar significa libertar a nossa existência de tudo o que a atravanca, inclusive da saturação de informações – verdadeiras ou falsas – e produtos de consumo, a fim de abrirmos as portas do nosso coração Àquele que vem a nós pobre de tudo, mas «cheio de graça e de verdade» (Jo 1, 14): o Filho de Deus Salvador.

2. A esperança como «água viva», que nos permite continuar o nosso caminho

A samaritana, a quem Jesus pedira de beber junto do poço, não entende quando Ele lhe diz que poderia oferecer-lhe uma «água viva» (cf. Jo 4, 10-12); e, naturalmente, a primeira coisa que lhe vem ao pensamento é a água material, ao passo que Jesus pensava no Espírito Santo, que Ele dará em abundância no Mistério Pascal e que infunde em nós a esperança que não desilude. Já quando preanuncia a sua paixão e morte, Jesus abre à esperança dizendo que «ressuscitará ao terceiro dia» (Mt 20, 19). Jesus fala-nos do futuro aberto de par em par pela misericórdia do Pai. Esperar com Ele e graças a Ele significa acreditar que, a última palavra na história, não a têm os nossos erros, as nossas violências e injustiças, nem o pecado que crucifica o Amor; significa obter do seu Coração aberto o perdão do Pai.

No contexto de preocupação em que vivemos atualmente onde tudo parece frágil e incerto, falar de esperança poderia parecer uma provocação. O tempo da Quaresma é feito para ter esperança, para voltar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua a cuidar da sua Criação, não obstante nós a maltratarmos com frequência (cf. Enc. Laudato si’, 32-33.43-44). É ter esperança naquela reconciliação a que nos exorta apaixonadamente São Paulo: «Reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5, 20). Recebendo o perdão no Sacramento que está no centro do nosso processo de conversão, tornamo-nos, por nossa vez, propagadores do perdão: tendo-o recebido nós próprios, podemos oferecê-lo através da capacidade de viver um diálogo solícito e adotando um comportamento que conforta quem está ferido. O perdão de Deus, através também das nossas palavras e gestos, possibilita viver uma Páscoa de fraternidade.

Na Quaresma, estejamos mais atentos a «dizer palavras de incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam, desprezam» (FT, 223). Às vezes, para dar esperança, basta ser «uma pessoa amável, que deixa de lado as suas preocupações e urgências para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença» (FT, 224).

No recolhimento e oração silenciosa, a esperança é-nos dada como inspiração e luz interior, que ilumina desafios e opções da nossa missão; por isso mesmo, é fundamental recolher-se para rezar (cf. Mt 6, 6) e encontrar, no segredo, o Pai da ternura.

Viver uma Quaresma com esperança significa sentir que, em Jesus Cristo, somos testemunhas do tempo novo em que Deus renova todas as coisas (cf. Ap 21, 1-6), «sempre dispostos a dar a razão da [nossa] esperança a todo aquele que [no-la] peça» (1 Ped 3, 15): a razão é Cristo, que dá a sua vida na cruz e Deus ressuscita ao terceiro dia.

3. A caridade, vivida seguindo as pegadas de Cristo na atenção e compaixão por cada pessoa, é a mais alta expressão da nossa fé e da nossa esperança

A caridade alegra-se ao ver o outro crescer; e de igual modo sofre quando o encontra na angústia: sozinho, doente, sem abrigo, desprezado, necessitado... A caridade é o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos gerando o vínculo da partilha e da comunhão.

«A partir do “amor social”, é possível avançar para uma civilização do amor a que todos nos podemos sentir chamados. Com o seu dinamismo universal, a caridade pode construir um mundo novo, porque não é um sentimento estéril, mas o modo melhor de alcançar vias eficazes de desenvolvimento para todos» (FT, 183).

A caridade é dom, que dá sentido à nossa vida e graças ao qual consideramos quem se encontra na privação como membro da nossa própria família, um amigo, um irmão. O pouco, se partilhado com amor, nunca acaba, mas transforma-se em reserva de vida e felicidade. Aconteceu assim com a farinha e o azeite da viúva de Sarepta, que oferece ao profeta Elias o bocado de pão que tinha (cf. 1 Rs 17, 7-16), e com os pães que Jesus abençoa, parte e dá aos discípulos para que os distribuam à multidão (cf. Mc 6, 30-44). O mesmo sucede com a nossa esmola, seja ela pequena ou grande, oferecida com alegria e simplicidade.

Viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid-19. Neste contexto de grande incerteza quanto ao futuro, lembrando-nos da palavra que Deus dera ao seu Servo – «não temas, porque Eu te resgatei» (Is 43, 1) –, ofereçamos, juntamente com a nossa obra de caridade, uma palavra de confiança e façamos sentir ao outro que Deus o ama como um filho.

«Só com um olhar cujo horizonte esteja transformado pela caridade, levando-nos a perceber a dignidade do outro, é que os pobres são reconhecidos e apreciados na sua dignidade imensa, respeitados no seu estilo próprio e cultura e, por conseguinte, verdadeiramente integrados na sociedade» (FT, 187).

Queridos irmãos e irmãs, cada etapa da vida é um tempo para crer, esperar e amar. Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a repassar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai.

Que Maria, Mãe do Salvador, fiel aos pés da cruz e no coração da Igreja, nos ampare com a sua solícita presença, e a bênção do Ressuscitado nos acompanhe no caminho rumo à luz pascal.

Roma, em São João de Latrão, na Memória de São Martinho de Tours, 11 de novembro de 2020.

 

Francisco


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Escutismo, um Instrumento para o Desenvolvimento da Paz

Escutismo, um Instrumento para o Desenvolvimento da Paz

por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado hoje 12 de fevereiro 2021 no jornal diário "Correio do Minho"



Uma das perceções que há no movimento escutista mundial está alicerçada na convicção expressa por Baden-Powell na abertura da Conferência Internacional de Kandersteg e publicada na revista “Jamboree”, de outubro de 1926: «A paz não pode ser garantida unicamente por interesses comerciais, alianças militares, desarmamento geral ou tratados recíprocos, a menos que o espírito de paz esteja presente na mente e na vontade de todos os povos. Isto é uma questão de educação». É neste contexto que o escutismo se assume como sendo um instrumento para o desenvolvimento da paz pela educação.

O programa educativo do Escutismo Católico Português baseia-se em seis áreas de desenvolvimento: físico, intelectual, afetivo, social, espiritual e do caráter. Neste conceito de educação integral, bem à maneira da ancestral educação ateniense, «alma sã em corpo são», podemos verificar que, de forma direta, cinco destas áreas têm uma influência muito relevante da parte da «alma sã», que hoje poderíamos designar como a «cidadania».

A área do desenvolvimento intelectual permite ter acesso ao conhecimento e colocá-lo ao serviço do “eu” e da(s) comunidade(s) onde se insere, gerando assim uma produção de conhecimento. Com desenvolvimento afetivo, crianças e jovens jovem experimentam que a racionalidade deve ser complementada pelo “coração”, leia-se, pelo “Amor”. O quarto artigo da Lei do Escuteiro «O Escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros Escutas.», assim o pede.

Mas este tipo de relação entre o “eu” e o “outro” também está presente na matriz espiritual de todas as religiões, por isso, a colaboração e a paz entre os povos, surge com naturalidade; sendo, crianças e jovens, chamados a dar este sentido às suas vidas e vivências, no caso dos cristãos, à expressão do Evangelho: «Ama o teu próximo como a ti mesmo.» (Mt 22, 39).

Na área do desenvolvimento social, crianças e jovens habituam-se, com pequenos gestos - as “boas ações” -, a agirem, solidaria e gratuitamente, em prol dos outros, fazendo emergir a compreensão, cooperação e integração.

Os valores da Lei e da Promessa de Escuta proporcionam aos escuteiros o desenvolvimento do caráter marcado pela honestidade, lealdade, cooperação e sentido do outro, da natureza e de Deus, permitindo-lhes ser um semeador de esperança e um construtor de paz.

Além disso, o método escutista, ajuda ainda estas crianças e jovens a serem autónomas, a interagirem com os outros e a assumirem as suas responsabilidades pessoais, sociais e religiosas.

Ora, sendo o Escutismo um movimento de educação não formal cuja missão é de ajudar, crianças e jovens, a tornarem-se cidadãos solidariamente ativos à luz da fé que professam, empenhados da construção de um mundo melhor. Toda esta ação educativa é, sem dúvida alguma, um contributo significativo para a habitabilidade da Terra e para a fomentação da Paz.

Por isto, e pela dimensão deste movimento, que atualmente acolhe 54 milhões de escuteiros, distribuídos em quase todos os países do mundo, só há seis países sem escutismo: Andorra, Cuba, Coreia do Norte, Laos, Myanmar e China (embora haja escutismo em Hong Kong e Macau, duas regiões administrativas especiais da República Popular da China), estima-se, de forma muito prudente, que pelo escutismo já tenham passado 600 milhões de escuteiros. Por isso, há muita gente que veria, de bom grado, que o escutismo fosse reconhecido como como um Movimento Mundial que favorece a Paz. Sendo natural que, de vez em quando, o seu nome seja sugerido para integrar a lista de candidatos ao Nobel da Paz.

Este ano, a deputada do parlamento Norueguês, Solveig Schytz (https://www.facebook.com/solveigschytzvenstre/ - 25 de janeiro de 2021, às 03:27), propôs a Organização Mundial do Movimento Escutista (OMME) e a Associação Mundial de Guias (WAGGGS) para este prestigiado prémio.

Independentemente do que o futuro reserva a este nobre ato, da iniciativa de uma antiga dirigente das Guias Norueguesas, o movimento Escutista e Guidista deve sentir-se feliz e estimulado a fazer sempre mais e melhor!

 


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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

VISITA AOS DOENTES PELO CAPELÃO DO HOSPITAL

 VISITA AOS DOENTES PELO CAPELÃO DO HOSPITAL

By: Pde Nuno Westwood

Um doente hospitalizado no SNS tem direito a ter assistência espiritual da sua própria religião, desde que o solicite ou consinta. Um doente católico, internado num estabelecimento do SNS, pode beneficiar do serviço de assistência espiritual e religiosa prestado pelo capelão e grupo da capelania.
E COMO PODE UM DOENTE FAZER ESTE PEDIDO?
Desde logo pedindo-o no início do seu internamento. Pode também fazê-lo mais tarde, solicitando-o aos enfermeiros que o acompanham. Caso o doente não o possa fazer por si próprio, a família pode solicitá-lo aos enfermeiros ou diretamente à capelania. Também o pároco pode comunicar a presença do
doente ao capelão.
E COMO CONTACTAR O CAPELÃO OU O SERVIÇO DA CAPELANIA?
Telefonicamente ou por email, sendo habitual os contactos estarem disponíveis no site do hospital.
SÓ OS DOENTES CATÓLICOS PODEM RECEBER A VISITA DO CAPELÃO?
Qualquer doente, independentemente da sua prática religiosa, pode receber assistência espiritual. Sendo caso disso, o capelão colabora para que o doente possa ser assistido no âmbito da sua própria religião.
E UM DOENTE-COVID?
Também tem direito e deve solicitar assistência espiritual, se assim o desejar. Sempre que a situação clínica de um doente o justifica, o capelão utiliza todo o equipamento de proteção individual necessário e cumpre sempre todas as normas estabelecidas para cada doente.
O QUE É “RECEBER A VISITA DO CAPELÃO”?
A presença do capelão junto do doente é uma presença amiga de acolhimento e escuta, que pode rezar com ele e por ele, ler com ele a Palavra de Deus, dar-lhe a bênção e administrar-lhe os sacramentos da cura espiritual. O capelão é sinal do cuidado da sua comunidade religiosa e é uma presença que o ajuda a viver na fé a sua doença. Viver na fé a fragilidade e a doença é experiência transformadora e salvífica que liberta para a plenitude de Deus.
E O QUE SE PASSA EM CADA VISITA?
No serviço de assistência espiritual da capelania nada é imposto, tudo se passa de acordo com o desejo de cada pessoa doente.
Que as famílias e as comunidades não deixem de estar atentas às necessidades espirituais dos seus doentes e idosos. Que as famílias e as comunidades se unam diariamente em oração pelos doentes e pelos moribundos.
Se acharem por bem, copiem esta mensagem e divulguem-na, para que a nenhum doente falte a presença amiga do capelão. Que cada doente possa sentir a paixão amorosa de Jesus, sinal da misericórdia de Deus.