segunda-feira, 26 de setembro de 2022

A quem serve a tua vida? - Homilia de D. José Cordeiro na ARAE 2022, Braga

A quem serve a tua vida?

Homilia na Abertura Regional do Ano Escutista

foto: JRBraga, ARAE2022

 

1. Ser próximo na caridade

Um voluntário, em África, contou uma experiência que vivenciou na altura da distribuição de comida. A situação era caótica. Ele via que a comida estava a acabar e que as pessoas estavam desesperadas com o medo de morrer à fome. A última pessoa da fila era uma rapariga de nove anos. Quando chegou a sua vez, só restava uma banana. Entregaram-lha. Ela descascou a banana, deu metade ao irmão mais novo e a outra metade à mais nova. Depois, pôs-se a lamber a casca de banana. O voluntário confessou que, naquele preciso momento, começou a acreditar em Deus.

Jesus descreve uma situação inquietante. Um homem rico, sem nome, e Lázaro, um mendigo, vivem perto um do outro, mas estão separados pelo abismo da indiferença. O homem rico está vestido de púrpura e linho fino, o corpo de Lázaro está coberto de feridas. O rico vive encerrado em si próprio, banqueteando-se de si próprio, empanturrado de si e daquilo que possui. Lázaro estava lá, à sua porta, mas não há espaço para a atenção no coração do rico. Está lá fora. Esse é o problema. Tem-no à sua frente, mas não o vê. Lázaro está ali mesmo, faminto e abandonado, mas ele não consegue atravessar a porta para cuidar de Lázaro.

Aquele homem rico é incapaz de abrir a porta da sua casa e se deixar afetar pela situação miserável de Lázaro. Não tinha visto que ele necessitava de migalhas para saciar a sua fome. Ora, é esse não ver que cria o abismo da indiferença.

A riqueza não é um mal, e a pobreza não é uma virtude, mas não é aceitável que não procuremos quebrar a indiferença que não nos aproxima e, mais grave ainda, que não superemos a insensibilidade diante do sofrimento. Aliás, quando refletimos sobre o nosso século, tal como advertia Martin Luther King, o mais grave parece não ser as ações dos maus, mas o escandaloso silêncio dos bons.

A mensagem de Jesus é clara: não à obsessão pela segurança, mas sim ao esforço arriscado e exigente para viver de maneira humana e humanizadora. É uma tentação vivermos sempre a evitar problemas, procurando tranquilidade, não nos comprometendo com nada que nos possa complicar a vida, limitando-nos a defender o nosso bem-estarzinho.

2. 100 anos de vida repartida

Hoje, reunidos no Núcleo de Braga, local que, a 27 de maio de 1923, viu nascer o Corpo de Scouts Católicos, através do Arcebispo D. Manuel Vieira de Matos e o Dr. Avelino Gonçalves, quero recordar-vos que nós só somos o que partilhamos. Não há maior riqueza que possamos receber do que a de termos aprendido a darmo-nos. Aliás, como aquela irmã que repartiu o único alimento existente – uma banana – com os irmãos e, não lhe restando nada mais, se põe a lamber a casca de banana.

A nossa vida é chamada a ser repartida. O mundo precisa que nós façamos da nossa vida dom. A quem serve a nossa vida? A quem servem os nossos talentos? Por quem dás a tua vida? O sonho de Jesus é que a nossa vida não se esgote só nas nossas necessidades e confortos.

Nós não nos salvamos sozinhos, procurando unicamente o nosso bem-estar, construindo muros de indiferença. Nas palavras do Papa Francisco, no seu programático discurso em Lampedusa, estamos todos afetados pela globalização da indiferença, que torna invisíveis tantos irmãos que estão à distância da nossa aproximação, mas de quem nós não nos fazemos próximos! Esta época em tornou-nos vizinhos, mas não nos fez irmãos!

Mantemo-nos alerta para amar como Jesus amou. Nós somos discípulos deste amor. Amar, ao jeito de Cristo, não é fazer apenas isto ou aquilo. É fazer tudo. Nós vivemos demasiado à defesa, a fazer contas do que tu me deste e do que eu te dou, vivendo excessivamente limitados à retribuição, amando somente aqueles que nos amam. E, deste modo, submersos nos nossos cálculos, perdemos a vida.

3. Discípulos de Jesus e escuteiros audazes

O Escuta orgulha-se da sua Fé e por ela orienta toda a sua vida. É um dos vossos comprometedores princípios. O que expressa verdadeiramente a fé são as ações que praticamos no nosso quotidiano. E como testemunhamos a nossa fé? No que somos e naquilo que vivemos. Nos nossos gestos, nos nossos desejos, nos nossos projetos nós testemunhamos Cristo e, assim, o nosso amor transformar-se-á em serviço.

A um passo do Centenário do CNE e das JMJ, com São Nuno de Santa Maria, vosso Patrono, com o venerável Bernardo de Vasconcelos, Patrono dos Jovens da nossa Arquidiocese, e com o vosso envolvimento na comunidade, desejo que sejam fonte de inspiração pela forma como, hoje, criativamente, reinventais o amor cristão.

E, se assim for, como discípulos de Jesus e escuteiros audazes, podemos dizer com Pedro Casaldáliga: no final do meu caminho apenas me dirão: Amaste? E eu, sem dizer nada, abrirei as minhas mãos vazias e o coração cheio de nomes.

† José Cordeiro, Arcebispo Primaz


Documento: Download Homilia

Folhinha interparoquial nº 777 de 26 de setembro a 2 outubro 2022

Folhinha interparoquial nº 777 de 26 de setembro a 2 outubro 2022

Paróquias de:
- Divino Salvador de Nogueiró.
- Santa Eulália de Tenões
- S. Pedro de Este
Intenções das missas e informações das 3 paróquias:

Ficha Inscrição novos escuteiros: aqui





segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Comemorações do Centenário do CNE

Comemorações do Centenário do CNE"


por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 16 de setembro 2022 no jornal diário "Correio do Minho"


As comemorações do Centenário do Corpo Nacional de Escutas iniciaram-se no passado dia 27 de maio de 2022, na região de Lisboa e prolongar-se-ão até ao final do ano escutista de 2022/2023, na região de Coimbra, no mês de outubro de 2023.

Em agosto findo, realizou-se uma das atividades mais significativa destas comemorações: o Acampamento Nacional, realizado na região de Portalegre e Castelo Branco, no Centro Escutista de Idanha-a-Nova, nos dias 1 a 7 de agosto, no qual participaram 18.500 escuteiros de todas as idades e onde o Senhor Presidente da República condecorou o CNE com a Ordem da Instrução Pública deixando um sábio conselho: «Primeiro vocês deviam pensar em agradecer àqueles que fizeram 100 anos de história do Corpo Nacional de Escutas, senão vocês não estavam aqui. Em segundo lugar, olhem para o futuro, construam o futuro, nunca esqueçam na vossa vida que são escuteiros. Uma vez escuteiro, toda a vida escuteiro. Quando hesitarem entre o egoísmo e o serviço dos outros, escolham sempre o serviço dos outros.»

A 11 de dezembro próximo o cerimonial da Paz de Belém, a realizar em Fátima, será marcado, de uma forma especial, pelo conflito gerado com a invasão da Ucrânia pela Federação Russa.

De 26 a 28 maio de 2023, será a vez da região de Braga acolher as comemorações nacionais com a realização do Fórum Nacional do Centenário do CNE, recorde-se que o dia 27 de maio de 1923 é a data oficial da fundação do Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português, à época sob a designação de Corpo de Scouts Católicos Portugueses, uma obra do Arcebispo de Braga, Dom Manuel Vieira de Matos.

Embora não sendo uma atividade do CNE, a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa (1-6 de agosto de 2023), presidida pelo Papa Francisco, não deixará de ter uma forte presença dos escuteiros católicos portugueses, não só nessa semana, mas, sobretudo, no tempo de acolhimento dos participantes estrangeiros nas nossas dioceses.
As comemorações do Centenário serão encerradas por um congresso a realizar na região escutista de Coimbra, em outubro de 2023.

No Corpo Nacional de Escutas, todas as regiões, núcleos e agrupamentos (em Portugal, na Suíça e em Macau - China) organizarão, por sua iniciativa, atividades marcadas pela vivência do Centenário.

Sob a marca do Centenário, a região de Braga (território correspondente à Arquidiocese de Braga) realizará a Abertura Regional do Ano Escutista 2022/2023 (ARAE_20/23), na cidade de Braga, no próximo dia 24 deste mês, estando inscritos 7.023 escuteiros, provenientes de 164 agrupamentos, que se concentrarão em 11 pontos de encontro distribuídos pela cidade, a saber: Praça do Pópulo, Alameda do Estádio Municipal 1º de Maio, Campo das Camélias, Parque da Ponte, Praça Municipal (mais conhecida como Praça do Município), Parque Desportivo da Rodovia, UM - Campus de Gualtar (junto à estátua de Prometeu), Jardim dos Chorões (em frente ao Campo das Hortas), Museu D. Diogo de Sousa (junto à escadaria), Ringue da Quinta da Capela (junto à Igreja de Stº Adrião) e Largo das Carvalheiras, locais onde se realizarão diversas atividades. No final, todos se dirigirão para a Avenida Central onde decorrerão os momentos comuns e o encerramento da ARAE_22/23.

No próximo dia 28 de setembro, a Junta de Núcleo de Braga, homenageará o Arcebispo Fundador do Escutismo Católico Português, com uma peça comemorativa a inaugurar num canto do jardim da rua Dom Manuel Vieira de Matos, fronteira ao Paço Arquiepiscopal.

Permitam-me uma nota pessoal, pois no dia em que escrevo este texto, 14 de setembro, decorrem precisamente 60 anos sobre a minha Promessa de Lobito e, no dia seguinte, celebro o 50º aniversário da minha Promessa de dirigente do CNE.
Não posso deixar de recordar dois dirigentes do agrupamento 208, de Ferreiros: o meu Chefe de Alcateia, que felizmente ainda é vivo e que vejo com alguma frequência, a quem devo as minhas primeiras vivências escutistas, e aquele que, ainda hoje considerado, “o Chefe de Agrupa- mento”, mas que o Divino Chefe já chamou para o eterno acampamento, que me fez dirigente e aos 18 anos me confiou a chefia do Grupo 104, do nosso agrupamento.
Recordo-os com respeito e admiração pelo contributo que deram para estes 100 anos de história do CNE.




Folhinha nº 776 de 19 a 25 de setembro 2022

Folhinha interparoquial nº 776 de 19 a 25 de setembro 2022

Paróquias de:
- Divino Salvador de Nogueiró.
- Santa Eulália de Tenões
- S. Pedro de Este
Intenções das missas e informações das 3 paróquias:

Ficha Inscrição novos escuteiros: aqui







domingo, 18 de setembro de 2022

Vem ser Escuteiros - Inscrições 2022

 Um novo ano escutista se aproxima.

Tu podes fazer parte.
Se tens dos 6 aos 18 anos aparece dia 1 de outubro, às 10h no Centro Cívico, junto à Igreja Paroquial de Nogueiró.
ou visita o nosso blog: http://810nogueiro.blogspot.com



segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Folhinha interparoquial nº 775 de 12 a 18 de setembro 2022

Folhinha interparoquial nº 775 de 12 a 18 de setembro 2022

Paróquias de:
- Divino Salvador de Nogueiró.
- Santa Eulália de Tenões
- S. Pedro de Este
Intenções das missas e informações das 3 paróquias:

Ficha Inscrição novos escuteiros: aqui





segunda-feira, 5 de setembro de 2022

O Escuta é Filho de Portugal e Bom Cidadão 1

O Escuta é Filho de Portugal e Bom Cidadão 1"


por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 2 de setembro 2022 no jornal diário "Correio do Minho"



1Esta crónica foi escrita para ser publicada no passado dia 10 de junho, mas, por razões compreensíveis, não foi possível publicar. Assim sendo, optamos por publicá-la no início desta temporada de 2022/23.

Braga tem o privilégio de acolher, pela segunda vez, as comemorações do “Dia 10 de Junho”. Sabemos que esta efeméride nacional já foi, múltiplas vezes, indevidamente apropriada pelos poderes de outros tempos. Por isso, fixemo-nos no significado que tem hoje, que nos é dado pela sua designação atual: “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, para nele descobrimos um ponto de (re)encontro, onde todos (re)descobrimos o nosso espaço.

O facto das cerimónias oficiais se realizarem na nossa cidade e no Reino Unido, junto às comunidades portuguesas, levou-me a escolher este título, que é o segundo de três princípios que enformam a matriz educativa do Corpo Nacional de Escutas e que ilustra bem a forma como vemos a relação que procuramos estabelecer no nosso processo educativo.

Nesta metáfora da família (pai e filho/a) encontramos um referente que é do conhecimento da maioria das crianças e jovens que nos permite extrapolar para uma educação para a compreensão, cooperação e responsabilidade, partindo das vivências positivas, ou negativas, de cada uma das crianças e jovens. Assim, Portugal deve ser como os pais, que protegem e educam os filhos, sendo que o País tem esta obrigação que lhe advém de ter subscrito a Declaração de Genebra dos Direitos da Criança de 1924, reconhecida na Declaração Universal dos Direitos do Homem e nos estatutos de organismos especializados e organizações internacionais preocupadas com o bem-estar das crianças.

Por outro lado, a criança e o jovem, são chamados a assumirem as suas responsabilidades de cidadania, dando corpo à célebre frase do presidente dos Estados Unidos da América, John Kennedy: «Não perguntes o que a tua pátria pode fazer por ti. Pergunta o que tu podes fazer por ela» e aos versos de Camões: «Eis ali seus irmãos contra ele vão / (Caso feio e cruel !); mas não se espanta, / Que menos é querer matar o irmão, / Quem contra o Rei e a Pátria se alevanta.» (IV – 32), Camões dá um retoque de mestre nesta sua cateterização do Condestável, o patrono do CNE e um cidadão exemplar, que ama o seu País, que não o troca, por um “prato de lentilhas”, nem que para isso tenha de se colocar do lado contrário ao de seus irmãos, simplesmente porque «não podia trair esta terra que o viu nascer».

O Escutismo desde as suas origens, em 1907, que se afirma como um Movimento de Cidadania, como muito bem o ilustra o subtítulo «Manual de Educação Cívica pela Vida ao Ar Livre», do livro de Baden-Powell: “Escutismo para Rapazes”.

Esta formação para a cidadania que assente na pedagogia da mimese, que, no Escutismo, leva os dirigentes a ser exemplo e os leva a ter consciência que «o hábito não faz o monge» e a não subscrever a frase: «olhai para o que eu digo e não para o que eu faço», que ilustra a hipocrisia da humanidade e que bem pode ter origens no Evangelho de São Mateus (23, 3).

Do fundador do Escutismo Católico Português, Dom Manuel Vieira de Matos, recebemos o testemunho “de lutar” pelas causas justas, ele que foi Arcebispo de Mitilene e Vigário Geral do Patriarcado de Lisboa (1899-1903), Arcebispo-bispo da Guarda (1903-1914) e Arcebispo Primaz de Braga (1914-1932), e que destacou na luta contra a Lei da Separação do Estado e da Igreja, de 20 de abril de 1911 que, sob esta designação parecia uma lei inofensiva, mas ela foi o culminar da feroz luta contra a Igreja Católica, perpetrada pelo governo da Primeira República. Na verdade, esta tendência fez-se sentir, bem antes da publicação da lei, pois “logo a 8 de outubro de 1910, ainda a República nascia, o ministro da Justiça, Afonso Costa, repõe em vigor as leis de Pombal contra os jesuítas, bem como as de Joaquim António de Aguiar (também conhecido como o Mata-Frades) quanto às ordens religiosas (1834). Também são então arrolados os bens e propriedades da Igreja e incorporados no Estado” . Afonso Costa preconizava que, com esta lei, no espaço de duas ou três gerações, o Catolicismo estaria irradiado completamente de Portugal, sendo secundado por outras figuras republicanas, como Magalhães Lima. Felizmente, podemos constatar que Afonso Costa se enganou e que a razão e a tradição prevaleceram.

Missa - Festividades em Honra de Nossa Senhora da Consolação 2022

TVI - 4 setembro 2022 - Missa - Recinto do Monte de Nossa Senhora da Consolação, Braga | Missa | TVI Player

RTP - 28 agosto 2022 Eucaristia Dominical: XXII Domingo do Tempo Comum



Folhinha interparoquial nº 774 de 5 a 11 de setembro 2022

Folhinha interparoquial nº 774 de 5 a 11 de setembro 2022

Paróquias de:
- Divino Salvador de Nogueiró.
- Santa Eulália de Tenões
- S. Pedro de Este
Intenções das missas e informações das 3 paróquias:

Ficha Inscrição novos escuteiros: aqui