sábado, 23 de abril de 2016

Desabafo de um Caminheiro do CNE


Desabafo de um Caminheiro do CNE:
Recentemente participei numa atividade “cenacular” a nível europeu, e comparando a expectativa criada com o desenrolar da atividade, esta deixou um rasto de frustração pela superficialidade dos temas abordados. No entanto, com o passar do tempo, percebi que o interesse da atividade não estaria na imensidão de ferramentas e métodos que eu esperava recolher e levar para o CNE, mas sim na possibilidade de poder dar a conhecer ao mundo as metodologias adotadas pela nossa organização. Percebi que as expectativas de um caminheiro do CNE seriam sempre demasiado elevadas, comparando ao desenvolvimento do escutismo na realidade europeia!
Se os primeiros dois dias foram marcados pelo desapontamento devido à impossibilidade de absorver conhecimentos relevantes à capacitação do CNE, o terceiro dia trouxe uma realidade diferente e um reconhecimento grato:
Todo o português que se preze tende a criticar o que é nosso e o caminheiro do CNE não é diferente. Por muito bom que o sistema seja, por muito desenvolvido que o CNE esteja, o Caminheiro do CNE nunca se poderia sentir completamente satisfeito com a organização de que faz parte, mesmo porque metodologicamente é suposto aspirar a ser sempre melhor.
Seguindo este pensamento, eu sabia quais eram os defeitos do sistema, mas esta atividade provou-me que, longe de pensar neles, eu teria de agradecer pelo nível de desenvolvimento em que a organização se encontra!!!
Discutindo toda a nossa estrutura, incluindo o sistema educativo, percebi que para além da profundidade do nosso método e da sua concordância com a génese escutista definida pelos objetivos da WOSM (World Organization of the Scout Movement), a taxa de penetração do nosso sistema dentro dos agrupamentos encontra-se, comparativamente, num estado muito satisfatório. Perspetivando o nosso avanço em termos pedagógicos com as restantes NSA’s (National Scout Associations), algumas das quais ainda estão a dar os primeiros passos nesse sentido e outras que ainda nem sistema educativo têm, é fácil perceber que a oportunidade de desenvolvimento do escuteiro / “youth empowerment” em Portugal, está muito à frente das suas congéneres.
Prova do nosso avanço, ao nível escutista, é o comportamento ativo da IVª secção dentro do CNE. Não digo isto por ser Caminheiro! Digo-o por ter conhecimento da secção, do projeto educativo, dos mecanismos nacionais e da sua preponderância no desenvolvimento do Jovem.
E neste sentido valido o Cenáculo, como uma das principais ferramentas que temos para potenciar os nossos caminheiros. Mesmo que o Cenáculo possa ser visto pelos que não o conhecem como uma atividade inconsequente ou obsoleta, ou mesmo acreditando que os resultados daí advindos possam parecer vagos e de aplicação a longo prazo, não deixa de ser verdade que a cada participante na Equipa Projeto – quer esta seja de núcleo, regional ou nacional – é-lhe concedida a oportunidade de crescer desmedidamente. O caminheiro ganha a liberdade de sonhar, a responsabilidade de, através de uma actividade, mudar a vida dos caminheiros seus pares, inserindo-se numa realidade rica em conhecimento e desafios conceptuais. A todos os outros é dada a oportunidade de propor soluções de alcance nacional e de fazer ouvir a sua voz. Por tudo isto considero o Cenáculo essencial!
Concluindo, não sei o que o futuro irá trazer, o rumo que a organização tomará, mas por tudo o que vivi e por tudo o que o escutismo mudou em mim:
Obrigado CNE!

João Pedro Araujo