domingo, 28 de abril de 2024

Folhinha interparoquial nº 11 de 29 de abril a 5 de maio de 2024

Folhinha interparoquial nº 11 de 29 de abril a 5 de maio de 2024

Paróquias de:
- Divino Salvador de Nogueiró.
- Santa Maria de Lamaçães
- S. Tiago de Fraião

A importância do 25 Abril no CNE

A importância do 25 de Abril no CNE"


por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 26 de abril 2024 no jornal diário "Correio do Minho"


Sendo esta crónica escrita no dia 25 de abril de 2024, comemorando-se o 50º aniversário de “Revolução dos Cravos”, não podia passar ao lado deste acontecimento ímpar da vida de todos e da vida de Portugal e dos novos Países que usam a língua portuguesa. Sim, porque o jugo opressor era o mesmo, tanto cá como lá...
Os seis Governos Provisórios da Terceira República Portuguesa foram empossados pelos Presidentes da República que, por sua vez, eram nomeados pela Junta de Salvação Nacional, cuja existência fora prevista no programa do Movimento das Forças Armadas, extinta após os acontecimentos de 11 de março de 1975, pelo Conselho da Revolução.

Assim, o primeiro Governo Provisório tomou posse a 16 de maio de 1974 e o sexto cessou funções a 23 de julho de 1976, Adelino da Palma Carlos liderou o primeiro, Vasco Gonçalves liderou os quatro seguintes e o último foi liderado por Pinheiro de Azevedo que foi substituído, a 23 de junho de 1976, de forma interina, devido a um problema de saúde, por Almeida e Costa e terminou o seu mandato com a tomada de posse do I Governo Constitucional, a 23 de julho de 1976, liderado por Mário Soares, com base no resultado das eleições de 25 de abril de 1976, pelo Presidente da República, Ramalho Eanes, eleito em 27 de junho de 1976.

No Corpo Nacional de Escutas a pressão exercida pelo ambiente político da ditadura, nos tempos que antecederam a “Revolução dos Cravos”, era de uma forma geral idêntica à vivida por toda a sociedade e pelas organizações não governamentais. Sendo célebre a “querela” entre o Ministro da Educação Nacional e fundador da Mocidade Portuguesa que, em carta endereçado ao Cardeal Patriarca de Lisboa, pedia que os Escuteiros Católicos fossem extintos pela Igreja, tendo recebido uma irónica, mas determinada resposta que adiou para sempre as suas pretensões. Quis ainda “asfixiar” o CNE com o poder e os recursos que atribuía à Mocidade Portuguesa, felizmente, para as crianças e os juvens deste país, foi a Mocidade que foi asfixiada pela suave brisa da Liberdade de Abril.

Mas o “lápis azul” Estado Novo, corporizado no responsável máximo da Mocidade Portuguesa, não o permitiu, de entre outras alterações profundas e significativas, o processo eleitoral do Chefe Nacional, esta eleição universal e direta, fez tocar as campainhas do poder político da época e «os horríficos algozes» mataram a revisão estatutária, cuja suave brisa anunciava ventos de mudança. Também aqui, como na epopeia da Camões (canto III, Est.132): «Tais contra Inês os brutos matadores, / No colo de alabastro, que sustinha / As obras com que Amor matou de amores / Aquele que depois a fez Rainha,» a justiça viria a triunfar. Nos conselhos nacionais de 1970, 1971, 1972 e 1974 (2 e 3 de março) os valores plasmados nos estatutos de 1962, tal como Inês de Castro, ainda que fisicamente mortos, inspiraram reflexões profundas sobre a problemática da participação democrática e da eleição dos órgãos diretivos, mas, também, o novo papel das crianças e dos jovens com o desenvolvimento da pedagogia do projeto, nas atividades e do sistema de conselhos, como também o aprofundamento do processo coeducativo e a abertura do Escutismo Católico às raparigas, estas reflexões eram feitas a partir de relatórios apresentados ao Conselho Nacional.

O momento marcante desta mudança silenciosa foi a eleição da Junta Regional de Lisboa, cujos dirigentes colocaram em prática, na Região, o que o CNE decidira para o nível nacional em 1962 e que não fora aprovado pelo poder político. Assim, as reuniões do Conselho Regional Extraordinário, de 16 de novembro de 1973 e de 6 de janeiro de 1974, colocaram em marcha o primeiro processo eleitoral democrático no CNE e o dirigente José Luís Castanheira dos Santos tornou-se o primeiro Chefe Regional, eleito por sufrágio universal e direto. Também hoje, Portugal e o CNE são chamados a renovarem-se. Entre nós temos a esperança que honraremos o pensamento que o Padre João Ferreira deixou ao Conselho Nacional, de julho de 1974: “Caminhemos para o futuro, por caminhos de exigências que dignificam e não por planos inclinados de cedências que envergonham”.

Termino recordando um conselho que Baden-Powell nos deixou num livro que dedicou aos Caminheiros; «O perigo das democracias está no homem que não quer pensar por si nem aprender a pensar bem, como aprende a andar direito.» (A Caminho do Triunfo (p. 167).


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quarta-feira, 24 de abril de 2024

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Ajuda-nos a ver. Homilia de D. José Cordeiro, por ocasião do funeral da Gabriela.

Ajuda-nos a ver. Homilia de D. José Cordeiro, por ocasião do funeral da Gabriela.




Exéquias da Gabriela, 18 de abril de 2024

Eduardo Galeano, em O Livro dos Abraços, conta a história de Diego que, todos os dias, com insistência, pedia aos pais para ver pela primeira vez o mar. Um dia, cumprindo o pedido do filho, os pais levaram-no a ver o mar. Depois de muito caminharem, quando chegaram à praia, o mar estava diante dos seus olhos. O filho, colado à mãe e ao pai, pediu-lhes baixinho: pai, mãe, ajudem-me a ver! 
 
1. UMA FERIDA POR CICATRIZAR
A vida é insondável. Umas vezes, é uma maravilha que reconhecemos não merecer; outras é um inferno que nos ameaça e destrói. Hoje, congrega-nos o absurdo! Esta morte abre um abismo que engole o passado, assola o presente e devora o futuro. As lágrimas não se conseguem travar diante desta partida sem aviso. Choramos por cada memória, por cada abraço, por cada saudade. É uma ferida por cicatrizar. É um vazio que nunca se preenche. É uma ausência que continuará a doer-nos até ao fim!
A morte da pequena lobita Gabriela é a mais cruel de todas as provações. De um momento para o outro, a vida desabou, e arruinaram-se os sonhos e as expectativas, os projetos e as esperanças, os desejos e a vontade de os concretizar. Num dia, celebrávamos a tua promessa de lobita, acompanhávamos as caçadas da tua alcateia e o significado que ias dando ao Livro da Selva; no outro, assistimos à tua trágica partida. 
Na verdade, a Gabriela partiu, mas não estou certo de que tenha morrido, porque o que nos deixou é vida, sede e fome de fazer. A Gabriela é um convite à celebração da vida, mesmo quando a vida é brutal e nos esmaga o entendimento; ela ficará como um ícone da juventude, da beleza, que nos faz, apesar de todas as monstruosidades, querer arriscar pelo caminho do bem.
 
 
2. UMA DOR SEM NOME 
Não conseguimos imaginar a dor de quem perde um filho. É o impossível a acontecer. É sempre impossível quando um pai ou uma mãe perdem um filho. Não há palavras para descrever a morte de um filho por nos ser impossível imaginá-las. Um filho pode perder os seus pais, e sabemos que existe uma palavra para o definir: órfão.Mas quando uma mãe ou um pai veem o seu filho partir, não há palavras para o expressar por nada existir para lá do inominável abismo e do horror absoluto. Como imaginar a dor daqueles que dizem, dia após dia, em refrão: está frio, leva o casaco; manda mensagem quando chegares; está mau tempo, toma cuidado; depois diz-me como correu; estás bem? eu avisei-te; o almoço está pronto; deixa-me ver isso; não quero que venhas tarde; não dormi enquanto não chegaste; parabéns; adoro-te
Hoje, abraçamos a vossa dor. Talvez esta dor - o revés de um parto - seja a que mais questiona a nossa fé. Se Deus é Amor, então porque é que Ele não a salvou? Se Jesus é realmente o Salvador do mundo, então onde é que Ele está neste momento tão angustiante? E o que diz Deus? Que partido toma? De que lado está? Porque é que não Se pronuncia? 
Quem sofre pela perda tem direito a estes gritos. Não são blasfémias. Aliás, podem ser autênticas orações. Deus, em Jesus Cristo, vem ao nosso encontro, sente as nossas dores e acompanha-nos amorosamente no nosso sofrimento. A Gabriela, a quem muito amamos, será transfigurada pelo amor que Deus é. Todos os dias devíamos rezar com ela, convocá-la para a nossa vida para não nos perdermos dela, pois ela nunca se perderá de nós. Como não recordar intensamente o seu riso, os seus gestos, a sua ternura, o seu rosto, as suas palavras e desejos? Deus é Deus dos vivos, não fez a morte (Sb 1, 13-15), e apenas quer que à morte não lhe seja dada a última palavra. 
Se Deus existe, e nós acreditamos que sim, a Gabriela está viva, porque aqueles que amamos são para sempre, e não há ausência que apague o Amor. Mais forte que a morte é o Amor. Se Deus existe, e nós acreditamos que sim, a Gabriela, de lenço amarelo ao peito, está viva nas alegrias que derramou em tantas vidas e na memória dos abraços que ninguém pode arrancar de nós. Se Ele existe, e nós acreditamos que sim, a Gabriela está viva nas imagens que dela guardamos no coração e no sorriso com que acolhemos tantas lembranças suas. Está viva porque, quando nós amamos, nós escolhemos que esse alguém fique connosco para sempre.
 
 
3. AJUDA-NOS A VER-TE
Hoje, pequena Gabriela, somos nós a pedir-te: ajuda-nos a ver! Gabriela, ajuda-nos a ver, através do horror da tua partida, os motivos para viver e a urgência de fazer com que a tua vida não morra. Ajuda-nos a ver a luz, e não a escuridão. Ajuda-nos a acreditar que a vida não se esgota neste caminho. Ajuda-nos a ver a esperança e a encontrar um sentido para a nossa própria história. Ajuda-nos a ver a ternura dos abraços, o afeto, a imaginação, o colo materno e paterno da confiança e a arte de recomeçar, tão própria das crianças. Ajuda-nos a ver aquilo que traz cada novo dia, quando ainda se derramam lágrimas pela tua partida. Ajuda-nos, pequena Gabriela, através do teu exemplo, a deixar o mundo um pouco melhor do que ele é, enquanto aqui estamos. 
A todos os que vivem esta dor, abraço-vos e agradeço-vos por serdes tanto; mesmo tendo perdido tudo, é tanto. 
 
+ José Manuel Cordeiro

segunda-feira, 15 de abril de 2024

domingo, 14 de abril de 2024

LUTO NACIONAL pelo falecimento da Lobita Gabriela Maia Teixeira Moreira.



 LUTO NACIONAL pelo falecimento da Lobita Gabriela Maia Teixeira Moreira.

Os Escuteiros de Nogueiró enviam sentidas condolências e um abraço forte de solidariedade a toda a família e amigos da Gabriela, bem como aos irmãos escutas do agrupamento 528, e ao Núcleo de Barcelos.
Que o Chefe Divino acolha a Gabriela no Acampamento Eterno.
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Extrato da OSN 763, de 30 de abril de 2024
1. DETERMINAÇÕES
Pelo falecimento da Lobita Gabriela Maia Teixeira Moreira, ao abrigo do artigo 9º, do Regulamento de Protocolo do CNE, a Junta Central, solidária com o Agrupamento 528 - Lijó, o Núcleo de Barcelos e a Região de Braga, decreta luto oficial nacional por um período de 7 dias, a contar do dia 14 de abril de 2024.
O luto manifesta-se institucionalmente, pelo hasteamento a meia-haste das bandeiras ou por uma banda de crepe preto a cobrir a parte superior de bandeiras quando estas se encontrem em mastros portáteis.
Individualmente, os associados, querendo, podem usar uma braçadeira estreita de crepe preto, colocada no braço esquerdo, sobre o uniforme, como forma de manifestação pessoal de luto seja este institucional ou pessoal.
Lisboa e Sede Nacional, 14 de abril de 2024
O Chefe Nacional
Ivo Faria

sábado, 13 de abril de 2024

O “Grito” do Patrono dos Caminheiros

O "Grito" do Patrono dos Caminheiros"


por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 12 de abril 2024 no jornal diário "Correio do Minho"


«Eu sei que o bem não mora em mim, isto é, na minha carne. Pois o querer o bem está ao meu alcance, não porem o praticá-lo. Com efeito, não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero.»

Este “grito” de São Paulo, o Patrono dos caminheiros, alerta a nossa consciência de homens para o facto de transportarmos, na nossa própria carne, as consequências de luta permanente entre o “Bem” e o “Mal”, à qual dificilmente respondemos, com uma atitude reta e coerente, ao apelo amoroso de Deus, nos caminhos das nossas vidas.
Tal como Paulo, também nós, caminheiros e dirigentes, somos chamados a fazer ouvir a Sua voz, para que, com o testemunho dado, todos os outros possam responder a este apelo amoroso de Deus.
O Rover, designação específica do acampamento de caminheiros, deverá sempre refletir uma marca indelével nos seus participantes, tal como aquele encontro do Senhor com Saulo de Tarso, a caminho de Damasco: uma mudança profunda na vida dos membros desta “cidade de lona”.

Neste sentido, todos os caminheiros de um Rover serão Bem-Aventurados por emprestarem a sua voz a todos os que a perderam. Esta luta que dilacera o coração humano, na fronteira da liberdade e do dever, é tão profunda que o mesmo apóstolo chega a afirmar que cada homem é formado por dois: “O Homem Velho, levado pelo princípio do mal” e o “Homem Novo, levado pelo fermento da Páscoa de Cristo” (1 Cor 5, 7).
Que, nestes dias de peregrinos, por uma qualquer, ilha da Esperança, batizada com o nome do nosso Patrono Mundial, cada caminheiro saiba aproveitar os tempos de aprendizagem, de serviço e de partilha fraterna para libertar o seu “Homem Novo” tendo consciência que o protótipo do Homem Novo é Cristo, o Filho de Deus que, feito homem, desceu à terra e que o próprio se auto identificou como sendo “O Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6).
Pensemos no “grito” lançado bebé que nasce e que parece dizer à mãe: “olá, cheguei, cá estou vivinho! E no grito de Paulo que, quando atingido pelo raio de luz, caiu do cavalo e para ele foi o início de uma nova vida dedicada ao serviço do Senhor.

Ou o grito dos caminheiros quando se reencontram em campo não será ele sinal de alegria pelo reencontro de velhos amigos de tantos caminhos. Ou o grito libertador de energia, quando são atingidos os objetivos, o retomar de novos caminhos, de novas verdades e de novas vidas. Que nos dirão os gritos soltos depois uma jornada de serviço samaritano ao próximo, não exprimem eles a felicidade que supera a dor e o cansaço?
Estes gritos que brotam do coração e que marcam o final de uma etapa e o recomeço de uma nova caminhada, são sinal de crescimento interior, social e espiritual que vos levarão a uma sólida aprendizagem na prestação de serviço aos mais frágeis e à partilha com o próximo que, gradativamente, vos conduzirá ao estatuto de “Bom Samaritano”, de semeadores de Esperança e de construtores de Paz.

Então sereis verdadeiros membros da “Comunidade da Vida ao Ar Livre” 1 com que o Baden-Powell sonhava para todos os Caminheiros e que vos tornastes verdadeiros seguidores do Homem Novo e no final todos reconhecerão que cada um de vós deixou o mundo um pouco melhor do que o encontrou. Que vivestes felizes e que fizestes os outros felizes!
Como nos lembrou, no passado dia 29 de março último, o Senhor Arcebispo - Dom José Cordeiro, na Oração de Laudes da Sexta-feira da Paixão do Senhor, na Sé Catedral de Braga: «É necessário ajudar as crianças, os adolescentes e os jovens a desenvolverem uma personalidade de paz» enfatizando que estes devem ter uma «educação para a paz e o perdão».


1 In Baden-Powell, A Caminho do Triunfo, Edições Flor de Lis, 2ª Edição, Companhia Editora do Minho, Barcelos, 1974, p. 9.

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domingo, 7 de abril de 2024

segunda-feira, 1 de abril de 2024