sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Escutismo, um Instrumento para o Desenvolvimento da Paz

Escutismo, um Instrumento para o Desenvolvimento da Paz

por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado hoje 12 de fevereiro 2021 no jornal diário "Correio do Minho"



Uma das perceções que há no movimento escutista mundial está alicerçada na convicção expressa por Baden-Powell na abertura da Conferência Internacional de Kandersteg e publicada na revista “Jamboree”, de outubro de 1926: «A paz não pode ser garantida unicamente por interesses comerciais, alianças militares, desarmamento geral ou tratados recíprocos, a menos que o espírito de paz esteja presente na mente e na vontade de todos os povos. Isto é uma questão de educação». É neste contexto que o escutismo se assume como sendo um instrumento para o desenvolvimento da paz pela educação.

O programa educativo do Escutismo Católico Português baseia-se em seis áreas de desenvolvimento: físico, intelectual, afetivo, social, espiritual e do caráter. Neste conceito de educação integral, bem à maneira da ancestral educação ateniense, «alma sã em corpo são», podemos verificar que, de forma direta, cinco destas áreas têm uma influência muito relevante da parte da «alma sã», que hoje poderíamos designar como a «cidadania».

A área do desenvolvimento intelectual permite ter acesso ao conhecimento e colocá-lo ao serviço do “eu” e da(s) comunidade(s) onde se insere, gerando assim uma produção de conhecimento. Com desenvolvimento afetivo, crianças e jovens jovem experimentam que a racionalidade deve ser complementada pelo “coração”, leia-se, pelo “Amor”. O quarto artigo da Lei do Escuteiro «O Escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros Escutas.», assim o pede.

Mas este tipo de relação entre o “eu” e o “outro” também está presente na matriz espiritual de todas as religiões, por isso, a colaboração e a paz entre os povos, surge com naturalidade; sendo, crianças e jovens, chamados a dar este sentido às suas vidas e vivências, no caso dos cristãos, à expressão do Evangelho: «Ama o teu próximo como a ti mesmo.» (Mt 22, 39).

Na área do desenvolvimento social, crianças e jovens habituam-se, com pequenos gestos - as “boas ações” -, a agirem, solidaria e gratuitamente, em prol dos outros, fazendo emergir a compreensão, cooperação e integração.

Os valores da Lei e da Promessa de Escuta proporcionam aos escuteiros o desenvolvimento do caráter marcado pela honestidade, lealdade, cooperação e sentido do outro, da natureza e de Deus, permitindo-lhes ser um semeador de esperança e um construtor de paz.

Além disso, o método escutista, ajuda ainda estas crianças e jovens a serem autónomas, a interagirem com os outros e a assumirem as suas responsabilidades pessoais, sociais e religiosas.

Ora, sendo o Escutismo um movimento de educação não formal cuja missão é de ajudar, crianças e jovens, a tornarem-se cidadãos solidariamente ativos à luz da fé que professam, empenhados da construção de um mundo melhor. Toda esta ação educativa é, sem dúvida alguma, um contributo significativo para a habitabilidade da Terra e para a fomentação da Paz.

Por isto, e pela dimensão deste movimento, que atualmente acolhe 54 milhões de escuteiros, distribuídos em quase todos os países do mundo, só há seis países sem escutismo: Andorra, Cuba, Coreia do Norte, Laos, Myanmar e China (embora haja escutismo em Hong Kong e Macau, duas regiões administrativas especiais da República Popular da China), estima-se, de forma muito prudente, que pelo escutismo já tenham passado 600 milhões de escuteiros. Por isso, há muita gente que veria, de bom grado, que o escutismo fosse reconhecido como como um Movimento Mundial que favorece a Paz. Sendo natural que, de vez em quando, o seu nome seja sugerido para integrar a lista de candidatos ao Nobel da Paz.

Este ano, a deputada do parlamento Norueguês, Solveig Schytz (https://www.facebook.com/solveigschytzvenstre/ - 25 de janeiro de 2021, às 03:27), propôs a Organização Mundial do Movimento Escutista (OMME) e a Associação Mundial de Guias (WAGGGS) para este prestigiado prémio.

Independentemente do que o futuro reserva a este nobre ato, da iniciativa de uma antiga dirigente das Guias Norueguesas, o movimento Escutista e Guidista deve sentir-se feliz e estimulado a fazer sempre mais e melhor!

 


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