São Jorge, o Escutismo e Baden Powell
por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 24 de abril 2020 no jornal diário "Correio do Minho"
artigo publicado a 24 de abril 2020 no jornal diário "Correio do Minho"
Se não vivêssemos condicionados pela luta que todos somos chamados a travar contra a pandemia que nos atormenta, certamente que esta crónica seria bem diferente, uma vez que teria sido escrita nas vésperas do dia de São Jorge, o patrono mundial do escutismo, e publicada na sexta-feira que antecederia o fim de semana dedicado ao nosso patrono mundial, com a realização de um sem número de atividades desenvolvidas por todo o país, tanto ao nível dos agrupamento como das estruturas intermédias: Núcleos e Regiões.
Por causa do contexto em que vivemos será prudente que os escuteiros, num exercício de cidadania, e no respeito pelo trabalho daqueles que não podem ficar em casa, para garantirem a segurança e o bem-estar de todos os outros, celebrem o dia de São Jorge, recorrendo às tecnologias da informação, seguindo o conselho que Baden-Powell nos deixei no “Escutismo para Rapazes”: «Nesse dia todos os bons escuteiros se lembrem de meditar sobre a sua promessa e lei. Recordai-vos disto no próximo dia 23 de abril e saudai os vossos irmãos escuteiros espalhados pelo mundo» (página 269, edição do CNE, 2007).
A Promessa é simples: «Prometo, pela minha honra e com a graça de Deus, fazer todo o possível por:
1. Cumprir os meus deveres para com Deus, a Igreja e a Pátria;
2. Auxiliar o meu semelhante em todas as circunstâncias;
3. Obedecer à Lei do Escuta.»
O seu texto remete-nos para a vivência de valores que têm como elemento de ligação o Amor ou, como dizia São Paulo, a “Caridade”. Estes situam-se em dois planos distintos o plano da fé e o da cidadania, que devem ser vividos em perfeita sintonia, não procurando que “o hábito faça o monge”, mas que este seja “feito” pela sua vida quotidiana.
A ajuda ao próximo, reforçada pelo terceiro artigo da Lei: «O Escuta é útil e pratica diariamente uma boa ação», fornece a base dos deveres para com Deus e para com as pessoas, sobre a qual os pais e os dirigentes podem facilmente construir o edifício da fé.
Recordemos que Baden-Powell, sendo filho de um pastor anglicano, e apesar de ter tido uma educação cristã, escreve no “Escutismo para Rapazes”: «O homem de pouco vale, se não acreditar em Deus e obedecer às suas leis. Por isso todo o escuteiro deve ter uma religião.» (edição do CNE, 2007, p. 287,), ficando em aberto a possibilidade de cada um ter a sua religião, não impondo, nem a sua, nem qualquer outra, deixando, desta forma, que as associações escutistas se organizem.
De certa forma, o fundador abre espaço a um “ecumenismo” multirreligioso, muito mais amplo que o cristianismo, escrevendo mesmo “catolicismo, protestantismo, judaísmo, islamismo, etc., o ponto essencial é que todos adoram Deus, embora de formas diferente. Assemelham-se a soldados de um mesmo exército...” Não pode haver, diz ele, “maus sentimentos” entre os diversos corpos deste exército. Esforçando-se, desta forma, na organização do movimento escutista de portas abertas às diversas religiões. Mas não vai procurar reuni-las, lançando-se numa tentativa imprudente de definição de uma pedagogia ecuménica ou sincretista. «Se tivéssemos cometido o erro de ignorar completamente a religião ou de experimentar lançar uma religião “escuteira”, o que, de facto, não teria sido senão uma espécie de neutralidade, nós nunca teríamos conseguido a tornarmo-nos no que somos...» (Headquarters Gazette, maio de 1916, p.118).
Em “A Caminho do Triunfo”, livro que Baden-Powell, escreveu para os Caminheiros, jovens dos 18 aos 20 anos) «A religião muito resumidamente quer dizer: Primeiro – conhecer quem é Deus e o que Ele é. Segundo – aproveitar o melhor possível a vida que Ele nos deu e fazer o que Ele quer de nós. E isto consiste principalmente em fazer alguma coisa pelos outros. (...) Como meio para alcançar estes dois objetivos e fugir ao ateísmo, há duas coisas que quero recomendar-te: - uma é que leias esse velho livro extraordinário que é a Bíblia [ou o equivalente em qualquer outra religião], na qual, além da Revelação Divina, acharás uma obra interessantíssima de narrativas históricas, de poesia, bem como de moralidade. – A segunda é que leias o Livro da Natureza, e que observes e estudes o melhor que possas as maravilhas e as belezas que esta nos apresenta para nosso deleite. E depois considera como poderás servir a Deus da melhor maneira enquanto dispões daquela vida que Ele te concedeu por empréstimo.» (2ª edição de CNE, 1974, p. 197).
Por causa do contexto em que vivemos será prudente que os escuteiros, num exercício de cidadania, e no respeito pelo trabalho daqueles que não podem ficar em casa, para garantirem a segurança e o bem-estar de todos os outros, celebrem o dia de São Jorge, recorrendo às tecnologias da informação, seguindo o conselho que Baden-Powell nos deixei no “Escutismo para Rapazes”: «Nesse dia todos os bons escuteiros se lembrem de meditar sobre a sua promessa e lei. Recordai-vos disto no próximo dia 23 de abril e saudai os vossos irmãos escuteiros espalhados pelo mundo» (página 269, edição do CNE, 2007).
A Promessa é simples: «Prometo, pela minha honra e com a graça de Deus, fazer todo o possível por:
1. Cumprir os meus deveres para com Deus, a Igreja e a Pátria;
2. Auxiliar o meu semelhante em todas as circunstâncias;
3. Obedecer à Lei do Escuta.»
O seu texto remete-nos para a vivência de valores que têm como elemento de ligação o Amor ou, como dizia São Paulo, a “Caridade”. Estes situam-se em dois planos distintos o plano da fé e o da cidadania, que devem ser vividos em perfeita sintonia, não procurando que “o hábito faça o monge”, mas que este seja “feito” pela sua vida quotidiana.
A ajuda ao próximo, reforçada pelo terceiro artigo da Lei: «O Escuta é útil e pratica diariamente uma boa ação», fornece a base dos deveres para com Deus e para com as pessoas, sobre a qual os pais e os dirigentes podem facilmente construir o edifício da fé.
Recordemos que Baden-Powell, sendo filho de um pastor anglicano, e apesar de ter tido uma educação cristã, escreve no “Escutismo para Rapazes”: «O homem de pouco vale, se não acreditar em Deus e obedecer às suas leis. Por isso todo o escuteiro deve ter uma religião.» (edição do CNE, 2007, p. 287,), ficando em aberto a possibilidade de cada um ter a sua religião, não impondo, nem a sua, nem qualquer outra, deixando, desta forma, que as associações escutistas se organizem.
De certa forma, o fundador abre espaço a um “ecumenismo” multirreligioso, muito mais amplo que o cristianismo, escrevendo mesmo “catolicismo, protestantismo, judaísmo, islamismo, etc., o ponto essencial é que todos adoram Deus, embora de formas diferente. Assemelham-se a soldados de um mesmo exército...” Não pode haver, diz ele, “maus sentimentos” entre os diversos corpos deste exército. Esforçando-se, desta forma, na organização do movimento escutista de portas abertas às diversas religiões. Mas não vai procurar reuni-las, lançando-se numa tentativa imprudente de definição de uma pedagogia ecuménica ou sincretista. «Se tivéssemos cometido o erro de ignorar completamente a religião ou de experimentar lançar uma religião “escuteira”, o que, de facto, não teria sido senão uma espécie de neutralidade, nós nunca teríamos conseguido a tornarmo-nos no que somos...» (Headquarters Gazette, maio de 1916, p.118).
Em “A Caminho do Triunfo”, livro que Baden-Powell, escreveu para os Caminheiros, jovens dos 18 aos 20 anos) «A religião muito resumidamente quer dizer: Primeiro – conhecer quem é Deus e o que Ele é. Segundo – aproveitar o melhor possível a vida que Ele nos deu e fazer o que Ele quer de nós. E isto consiste principalmente em fazer alguma coisa pelos outros. (...) Como meio para alcançar estes dois objetivos e fugir ao ateísmo, há duas coisas que quero recomendar-te: - uma é que leias esse velho livro extraordinário que é a Bíblia [ou o equivalente em qualquer outra religião], na qual, além da Revelação Divina, acharás uma obra interessantíssima de narrativas históricas, de poesia, bem como de moralidade. – A segunda é que leias o Livro da Natureza, e que observes e estudes o melhor que possas as maravilhas e as belezas que esta nos apresenta para nosso deleite. E depois considera como poderás servir a Deus da melhor maneira enquanto dispões daquela vida que Ele te concedeu por empréstimo.» (2ª edição de CNE, 1974, p. 197).
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