domingo, 17 de março de 2024

A Essência do Escutismo

A Essência do Escutismo"


por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 15 de março 2024 no jornal diário "Correio do Minho"


O CNE é um Movimento da Igreja, com a missão de formar cidadãos ativos e solidários que vivem à Luz da Fé que professam, sendo a pedagogia do exemplo um dos instrumentos fundamentais deste movimento juvenil.
Esta pedagogia está validada no texto dos Atos dos Apóstolos, quando o autor testemunha que os primeiros cristãos, ao tornarem-se modelos de vida, ganharam a confiança e a simpatia do povo e, assim, se foi expandindo a Fé Cristã. Por isso, os dirigentes do CNE, mulheres e homens, que não se limitam a conhecer a Lei e os Princípios, mas se esforçam por cumprir a Promessa que fizerem vivendo segundo a Lei e os Princípios e que, pelas suas vivências, são chamados a dar testemunho dessa opção de vida: serem educadores católicos.
As propostas educativas do Escutismo Católico em Portugal estão, cada uma delas, enquadradas por um Patrono que nos emprestam as suas qualidades para projetarmos um percurso que, em cada uma das quatro Secções: Lobitos (6 aos 10), Exploradores (10 aos 14), Pioneiros (14 aos 18) e Caminheiros (18 aos 22), crianças e jovens, sentem e vivem uma nova visão do mundo.

Com São Francisco de Assis, os Lobitos, nestes tempos em que os homens não se empenham sobre as medidas a tomar para que a Natureza, o garante da vida do homem e de todos os outros animais na terra, não seja destruída pela ação do próprio homem. Francisco de Assis ajuda-nos a ver a Natureza como espelho da obra criadora de Deus e através da sua contemplação permite-nos aproximar sempre e cada vez mais de Deus.
Com São Tiago (Maior), também conhecido como São Tiago de Compostela, os Exploradores aprendem o sentido da Palavra de Deus, e que esta é diferente da palavra dos homens. Com ele, descobrimos, nos Caminhos da Palavra, de entre os quais os “Caminhos de Santiago”, que a Palavra é o nosso verdadeiro alimento para a nossa vida quotidiana e o percurso seguro para o (re)encontro com Deus.

Com São Pedro, os Pioneiros, à imagem de Pedro, são chamados a serem construtores de Igreja, a serem as “pedras vivas” da Igreja de Cristo, o Porto Seguro que a todos protege de tormentos e tempestades.
Com São Paulo, os Caminheiros assimilam a ideia de mudança e que esta se pode realizar em qualquer tempo ou lugar, pode ser ao dobrar da esquina, de dia ou de noite. A disponibilidade e humildade de Paulo, que passou de perseguidor a defensor de Cristo, nas comunidades cristãs. Este homem novo tornou uma testemunha viva de Cristo. Com Paulo os Caminheiros podem recentrar os seus caminhos em direção ao modelo de vida escolhido: Cristo - o Homem Novo.

Tal como os quatro Patronos, que receberam as suas missões na terra e em tempos diferentes, também as crianças e os jovens que são confiados ao CNE procuram em cada um deles e nos tempos apropriados aproximar-se de uma vida que dê testemunho da Fé, marcada pelo envolvimento na defesa de causas de justiça, sociais, de solidariedade e de fraternidade. Vivências marcadas pelo “aprender fazendo”, com os outros e para os outros, mas sempre norteadas pelo Amor (ou Caridade como lhe chamava Paulo) «Agora, portanto, permanecem fé, esperança e caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade.» (1Cor 13, 8).
Temos, entre nós, um ditado popular: «diz-me que caminhos trilhas e mostrar-me-ás o teu coração», Paulo, o apóstolo dos Caminhos, ensinou-nos que em todos eles podemos fazer mais e melhor e que todos eles nos aproximam do próximo e do Senhor e quando nos diz: «Mas pela graça de Deus sou aquilo que sou» (1Cor 13, 10) Paulo coloca todo o mérito, não nele próprio, mas sim na “graça de Deus” que nele opera.

Num manuscrito do saudoso Coronel Graciliano Marques, um dos fundadores do CNE, e primeiro Chefe Regional de Braga, que gentilmente me foi facultado, pela sua neta, ainda no ativo, tendo como título “Camping” nele se pode ler que «a Oração é uma peça central da vida em Campo». Como o pensamento dos que acompanharam D. Manuel Vieira de Matos, neste empreendimento de criar o “Corpo de Scouts Católicos Portugueses”, estavam bem próximo do pensar de Baden-Powell, o Fundador Mundial do Escutismo. Esta dimensão da Fé, da sua vivência e do seu testemunho é uma construção inacabada e que sempre devemos aprofundar.


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