quarta-feira, 29 de novembro de 2023

A Educação Escutista para a Cidadania Solidária

A Educação Escutista para a Cidadania Solidária"


por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 24 de novembro 2023 no jornal diário "Correio do Minho"

O facto do Escutismo ser fundado sobre o voluntariado permite pôr em relevo que a adesão ao Movimento é livremente aceite pelos seus membros, quer sejam crianças, jovens ou adultos.
Foi neste ambiente de liberdade e de responsabilidade que há 100 anos foi fundado, em Portugal, o Corpo de Scouts Católicos Portugueses, designação de 1923, e que, de então para cá, tem vindo a desenvolver-se e a afirmar-se como um instrumento de educação social e cristã.
Nos nossos dias, queremos dar sentido a este caminho iniciado e, tal como a Natureza, queremos que o escutismo renasça, todos os anos com a primavera, cada vez mais forte, mais útil e mais belo nas nossas Unidades, no respeito valorizador do trabalho dos que nos antecederam e que, só ele, permitiu percorrermos todos estes caminhos e mantermos este sentido de prosseguirmos, unidos, construindo esta longa Caminhada coletiva, sempre inacabada, ao serviço dos Homens e de Deus.

Sendo o Corpo Nacional de Escutas um Movimento da Igreja e, como tal, queremos estar sintonizados com as pastorais diocesanas, conscientes do nosso papel de educadores de crianças e jovens comprometidos com os Valores da Boa Nova e ser seus divulgadores nas vivências e nas ações da vida quotidiana de cada um.
Acreditamos que, tal como os peregrinos (caminhantes da simplicidade, dos valores e da fé) desenvolvendo o sentido da entreajuda e da cooperação, criaremos novos instrumentos de animação pedagógica para que, etapa a etapa, possamos chegar ao “santuário” da nossa missão de educadores cristãos: “ajudando as crianças e jovens a (auto)formarem-se numa cidadania social assumidamente interventiva e solidária à Luz da fé professada”.
Continuamos a pensar que o Escutismo não se realiza numa qualquer estrutura Nacional, Regional ou de Núcleo, faz-se, melhor, vivesse nos Bandos, nas Patrulhas, nas Equipas e nas Tribos, isto é nas Unidades.

À Estrutura Nacional cumpre a difícil tarefa de produzir instrumentos de formação e de animação para os adultos, as crianças e os jovens em sintonia com o programa educativo, facilitando e enriquecendo a aplicação do método escutista em cada um dos seus oito pilares e no respeito pelo pensamento d Baden-Powell e em sintonia com a evolução da sociedade. Às Regiões e aos Núcleos assiste a grata tarefa de levar aos Agrupamentos a aplicação das orientações emanadas do nível nacional dando-lhe uma visão operacional para que os dirigentes locais possam valorizar e potencializar a aplicação do método escutista nas respetivas Unidades: Alcateia, Expedição, Comunidade ou Clã, de acordo com as especificações de cada uma delas.

Num mundo cada vez mais global e evoluindo de forma permanente e cada vez mais vertiginosa, temos que ter ao nível nacional a ingrata tarefa de montar um observatório que forneça os elementos necessários, para alimentar um processo de renovação permanente, para que o Movimento se reveja, cada vez mais na Fraternidade Universal apresentada pelo Fundador, a grande mobilizadora de uma educação ativa para a tolerância, a compreensão e a amizade. Enfim, tem que se evoluir da cidadania de um povo ou de um país, para uma cidadania global ou universal, onde cada um tem os mesmos direitos e deveres de todos os outros onde as diversas religiões deverão ter um papel aglutinador na Fé, na Esperança e na Caridade.

Se, no Escutismo, nos conseguirmos aproximar do perfil deste Cidadão que cria laços de aproximação ao outro, desenvolvendo as capacidades de dar e de receber, acreditando na expressão de Saint-Exupéry: «O amor é a única coisa que cresce à medida que se reparte», então poderemos dizer: «Somos simples trabalhadores, porque não fizemos mais do que a nossa obrigação»” (Lc 17, 10).

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