sexta-feira, 14 de abril de 2023

No Limiar do Segundo Século do CNE (IV)

No Limiar do Segundo Século do CNE (IV)"


por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 14 de abril 2023 no jornal diário "Correio do Minho"


Depois de termos visitado um texto do “Cireneu”, ou como diríamos hoje, “o braço direito” do Arcebispo, o Padre Avelino Gonçalves – o primeiro Inspetor-Mor do Corpo de Scouts Católicos Portugueses -, escrito ainda no ano da fundação, em 1923, vamos retomar o texto do Padre Benjamim Salgado no seu livro comemorativo das bodas de prata do CNE “Radiosa Floração” para o ouvirmos contar como tudo Aconteu em há cem anos atrás:
«Como nasceu uma ideia • Foi durante o Congresso Eucarístico Internacional realizado em Roma, em 1922. Os escuteiros católicos italianos, obedientes a disposições dos seus Dirigentes, prestavam evidentes e brilhantes serviços ao Congresso, manifestando um nível superior de educação e formação e dando ao ambiente festivo de Roma um ar de graça e mocidade.
A obra do escutismo católico tinha sido estudada e era sobejamente conhecida do Sr. Dr. Avelino Gonçalves, havia pouco chegado da Cidade Eterna, donde trouxera formatura em Filosofia e Teologia.
A assistir ao Congresso fora de Braga o Venerando Primaz das Espanhas, D. Manuel Vieira de Matos, que providencialmente se fizera acompanhar do Sr. Dr. Avelino.
O garbo e belo espírito dos bons escuteiros impressionaram dê tal modo o grande Arcebispo que quando o fâmulo, também entusiasmado, lhe perguntou por que não se haveria de transplantar a ideia para terras de Portugal, logo as duas almas se fundiram espiritualmente num mesmo desejo, ambição e sonho…
E a ideia ganhou raiz e corpo e asas.
Primeiros passos • Em 24 de Maio de 1923 reuniram no prédio nº 20 situado na Praça Municipal, em Braga, os Senhores Capitão Graciliano Marques, Dr. António A. Gonçalves, Belarmino de Oliveira Lemos, P.e Luís Maciel dos Santos Portela, Manuel José Soares da Silva, Álvaro Benjamim Coutinho, José do Vale Barbosa, Américo Barbosa, José Avelino Marques Monteiro, Adolfo Santos da Cunha e Franclim de Oliveira.
Eram os primeiros colaboradores de D. Manuel Vieira de Matos. A ideia fazia progressos.
A finalidade da reunião era precisamente tratar da organização dum «Corpo de Scouts Católicos Portugueses».
Expôs os fins da reunião o Rev.º P.e Portela, que, como Assistente das Juventudes Católicas da Arquidiocese, tinha sido convidado por Sua Ex.ª Reverendíssima para organizador da nova Associação. A proposta foi aprovada por unanimidade. Estava dado um grande passo em frente.
Passos titubeantes • Já os primeiros voluntários recrutados para o movimento incipiente batiam a cerca do Seminário em exercícios de treino e ginástica; quando surgiu do lado dos “Adueiros de Portugal”, associação escutista fundada em 1914 e legalmente constituída, uma tentativa de federação, que reuniria sob a mesma bandeira os Adueiros e Scouts Católicos, numa “Liga do Scouting Católico Português”.
O projecto apresentado não agradou e, por isso, se aproveitou de preferência a ideia do Sr. Franclim de Oliveira, que sugeria a criação dum movimento autónomo e independente.
Uma data • Entretanto redigem-se uns Estatutos que fixam a natureza e engrenagem do movimento e no dia 27 de Maio de I923; por alvará do Governo Civil de Braga começa a ter existência legal e jurídica o “Corpo de Scouts Católicos Portugueses”. (C.S.C.P.).
Portaria n.º 3824 • Foi publicada pelo Ministério do Interior, Direcção Geral de Segurança Pública, em 26-XI-1923 com o seguinte teor:
“O Corpo de Scouts Católicos Portugueses tem a sua sede central em Braga e os seus estatutos estão aprovados por alvará do respectivo Governador Civil. Mas aquele Corpo deseja estender a sua acção aos restantes distritos e pediu que lhe fossem aprovados os mesmos estatutos, por um acto geral. Pelo que:
Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Interior, que os estatutos do Corpo de Scouts Católicos Portugueses, para os efeitos de aprovação geral, sejam considerados como matéria estatutária nos termos do § único do n.º 9 do art.º 252.º do Código Administrativo.de 1896.
O Presidente do Ministério e Ministro do Interior - António Ginestal Machado.»
Na próxima crónica continuaremos a revisitar textos escritos por aqueles que viveram os tempos da fundação do Escutismo Católico em Portugal ou que, de certa maneira, foram testemunhas do seu nascimento e desenvolvimento.



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