“A Luz da Paz de Belém e o Espírito da Paz"
por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 23 de dezembro 2022 no jornal diário "Correio do Minho"
artigo publicado a 23 de dezembro 2022 no jornal diário "Correio do Minho"
Este projeto, “a Luz da Paz de Belém”, foi lançado, em 1982, pela televisão pública austríaca, no âmbito de um programa social intitulado “Light in the Dark” (Luz no Escuro), dedicado a crianças carentes, tanto na Áustria como nos países vizinhos.
Em 1986, a Austrian Broadcasting Company associou-se a esta iniciativa da Luz da Paz de Belém, fazendo sair este projeto da “caixa mágica” conferindo-lhe uma maior abrangência e capacidade de ação.
Em 1989 foi a vez do Movimento Guidista e Escutista Austríaco se juntarem ao projeto e, através deste, quase todas as associações nacionais de Guias e Escuteiros europeus, rapidamente aderiram de forma massiva a este projeto, que se expandiu pela europa e quase que, de ato contínuo, transbordou para os restantes continentes, ganhando assim uma dimensão mundial.
Em 1990, a adesão, por todo o mundo, era tão grande que houve necessidade de assinar um acordo entre escuteiros e guias, de muitos países, para permitir que a luz, vinda de Belém para Viena, viajasse através da Europa e dos outros continentes.
Assim, todos os anos, uma criança da austríaca que, selecionada em critérios humanistas revelados pelas vivências da criança, recolhe na Luz na Gruta da Natividade, em Belém, local identificado com o nascimento de Jesus, onde a luz é “eterna”, pois nunca se apaga, e leva-a para a Áustria, onde é distribuída, numa cerimónia ecuménica, semanas antes do Natal. A Luz é entregue às delegações participantes para que a façam chegar aos seus respetivos países com uma mensagem de Paz, Amor e Esperança.
Em Portugal, na primeira década deste século, a Luz chegava pela mão do Movimento Scout Católico de Espanha e também pela mão de um Cônsul Honorário da Áustria no Algarve, residente em Albufeira, e, neste caso, a partilha da Luz era feita, a princípio, na Câmara Municipal e depois na Igreja Matriz desta cidade, em cerimónia ecuménica com copresidência do pároco e do presidente da Câmara.
Por circunstâncias da minha vida tive o grato prazer de participar numa destas cerimónias na Igreja Matriz de Albufeira, a convite do presidente da Câmara com quem tinha partilhado alguns anos das nossas vidas dedicados ao movimento associativo de pais. Confesso que fiquei impressionado como aquela pequena luz era tão agregadora de pessoas crentes (de diversas religiões) e pessoas não crentes, mas como dizia na altura o Presidente da Câmara Municipal: “todas elas portadoras do Espírito de Paz” que o procuravam viver no seu quotidiano.
Assim, nos diversos países, a nível mundial, a partilha da Luz tem-se adaptado às novas realidades que fomos vivendo no final da última década do século passado e neste novo século, tendo-se formado, informalmente, uma verdadeira Rede de Paz, que a todos aproxima!
Depois de receber a Luz de Belém, em cada país, as associações aderentes fazem, em cerimónia própria, a distribuição da Luz da Paz de Belém para que os seus Agrupamentos e escuteiros a possam redistribuir pelas comunidades em que estão inseridos: igrejas, casas particulares, hospitais, lares de idosos, prisões, locais públicos de desenvolvimento social, cultural, político ou em qualquer lugar onde se aprecie o seu significado.
Este ano escutista, sob o signo do centenário da fundação do Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português (27 de maio de 1923), associado à realização da Jornada Mundial da Juventude, o lema proposto para a missão do projeto “A Luz da Paz de Belém” é o seguinte: Leva essa Luz em Ti, de forma que cada ação, de paz ou de serviço, realizada seja iluminada pela chama que raramente se vê com os olhos e como dizia Saint-Exupéry: “o essencial é invisível aos olhos; só se vê bem com o coração”. Partilhando, desta forma, o Espírito de Paz para que, também ele, brilhe no coração das pessoas com que convive.
Aproveitando esta quadra festiva, não posso deixar de apresentar votos de um Santo Natal e um Feliz Ano Novo aos leitores do Correio do Minho e a todos os profissionais que, diariamente, dão forma e vida a este jornal.
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