sexta-feira, 11 de novembro de 2022

O Guia de Bando, Patrulha, Equipa ou Tribo

O Guia de Bando, Patrulha, Equipa ou Tribo"


por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 11 de novembro 2022 no jornal diário "Correio do Minho"


"O melhor progresso realiza-se naqueles Grupos em que o poder e a responsabilidade são efetivamente confiados aos Guias (...). Está nisto o segredo do êxito da Educação Escutista"
Baden-Powell, in Auxiliar do Chefe Escuta (p.40)

Esta citação do Fundador parece-me eficaz e demostrativa da importância que ele dava aos Guias, embora este livro só tenha sido publicado em 1919, e o livro fundador “Escutismo Para Rapazes” tenha iniciado a sua publicação em seis fascículos, em janeiro de 1908, e o primeiro Acampamento Escutista tenha sido realizado na ilha de Brownsea, no verão de 1907. Por isso Baden-Powell já tinha doze anos de observação sobre o desenvolvimento do seu Movimento, é, portando, uma afirmação com conhecimento de causa.

Nos dias de hoje, no Corpo Nacional de Escutas, temos quatro Secções, compostas por Lobitos, Exploradores, Pioneiros e Caminheiros, organizadas em pequenos grupos que tomam a designação de Bandos, Patrulhas, Equipas e Tribos, respetivamente e cada um destes pequenos grupos é liderado pelo Guia de Bando, de Patrulha, de Equipa e de Tribo.

Desde o princípio, que o Fundador definiu no livro “Escutismo Para Rapazes” que «Cada patrulha [recorde-se que em 1908 só havia a secção dos Exploradores e só havia escutismo masculino] escolhe um rapaz para Guia. Chama-se Guia de patrulha.

O chefe espera muito do Guia e dá-lhe carta branca para executar os trabalhos da patrulha. O Guia de patrulha escolhe outro rapaz para seu ajudante. Este chama-se sub-Guia. O Guia é responsável pela eficiência e aprumo da sua patrulha. Os escuteiros desta cumprem as suas ordens, não com receio de castigo, como muitas vezes acontece com a disciplina militar, mas porque constituem um todo que joga em conjunto e que apoia o seu Guia para honra e êxito da patrulha.

E o Guia de patrulha, ao instruir e dirigir a sua patrulha, está a alcançar experiência e prática para poder aceitar responsabilidades.
Depois, além de instruir a patrulha, o Guia tem de a dirigir, isto é, precisa de valer pelo menos tanto como qualquer escuteiro nas diferentes tarefas que eles têm de fazer. Não pode nunca mandar fazer qualquer coisa que ele próprio que ele próprio não faria e nunca deve censurar ninguém, mas despertar o entusiasmo e a ação voluntária de todos, animando-os alegremente nos seus esforços.

Em todos os misteres se precisa de jovens a quem se possam confiar responsabilidades e funções de mando. Por isso, o Guia que dirigiu a sua patrulha tem muita probabilidade de alcançar êxitos na vida, quando entrar no mundo da atividade. A maior parte das atividades da patrulha consta de jogos e de práticas pelas quais os escuteiros alcançam experiência.»

Alguns anos mais tarde no livro, “The Wolf Cub’s Handbook” (“Manual do Lobito”), haveria de aconselhar, sobre o papel do Guia de Bando: «Deve dar-se-lhes (aos Guias e Subguias de Bando) a responsabilidade real de dirigir e de ensinar, sob a supervisão direta do Chefe. Um Guia de Bando não é “um Guia de Patrulha mais novo” e não deve ser considerado capaz de tomar conta do seu Bando ou de o instruir.»

Baden-Powell apresenta-nos o Conselho de Guias como uma espécie de conselho de administração que gere a Unidade ou Secção assumindo as funções executivas, legislativas e de justiça, sendo sempre presidido por um deles, por eles escolhido, o adulto nunca poderá presidir ao conselho. Lá, os Guias assumem um duplo papel o de “administradores” do Grupo, mas também o de representarem as suas Patrulhas é uma aprendizagem da regra vital da democracia representativa: o exercício do poder que recebem dos seus pares que os elegem e a prestação de contas dessa ação.

Em toda a literatura escutista não deverá haver expressão mais bela e profunda que esta, cujo autor se esfumou no decurso dos anos: «O Conselho de Guias é responsável pela manutenção da Honra do Grupo». Com esta expressão percebemos ainda melhor a importância dos Guias, investidos na função de “guardiões da Honra do Grupo”.





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