sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Planear no Agrupamento o Ano do Centenário

Planear no Agrupamento o Ano do Centenário"


por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 14 de outubro 2022 no jornal diário "Correio do Minho"



Já por duas vezes abordamos o enquadramento das comemorações do Centenário da fundação Corpo Nacional de Escutas, que se iniciaram a 27 de maio passado, na região de Lisboa e terminarão em Coimbra, no mês de outubro do próximo ano.
Há, contudo, dois momentos que não deixarão de ser dos mais aglutinadores nestas comemorações, a saber: a data de aniversário, o dia 27 de maio de 2023, a celebrar na Arquidiocese fundadora e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a realizar em Lisboa (1-6 de agosto de 2023), presidida pelo Papa Francisco e que não deixará de envolver os jovens católicos que integram o Movimento Escutista Mundial. Para estes jovens, o Corpo Nacional de Escutas que deverá criar condições de acolhimento para aqueles que vão chegar na(s) semana(s) que antecede(m) a jornada propriamente dita. Nas proximidades do espaço reservado para este megaevento, como seria bom que, no final da JMJ, o acampamento dos escuteiros a todos fizesse recordar o Acampamento Mundial de Moison, França, realizado em 1947, depois da II Guerra Mundial, que ficou consagrado como o Jamboree da Paz.

Para que este desejo se possa tornar realidade é necessário que as Juntas Centrais: a atual e a futura, resultante do ato eleitoral a realizar, no princípio do próximo ano, têm que, como dizia a raposa ao principezinho, na narrativa de Saint-Exupéry, “cativar” as estruturas regionais, de núcleo e de agrupamento, para que este objetivo seja comum a todo o CNE, não deixando de fora as Associações dos Escoteiros de Portugal e das Guias de Portugal.

Este é o tempo certo, uma vez que os
 órgãos executivos, nacional, regionais e de núcleo já aprovaram os respetivos planos de atividades e que o mês de outubro é dedicado à elaboração e aprovação dos planos de atividade de agrupamento.

Sendo verdade que, muitas vezes dizemos «Deus escreve direito por linhas tortas», o que é certo é que a figura central do plano anual de atividades para este ano escutista, São Nuno de Santa Maria, é um homem verdadeiramente aglutinador no seu tempo e nos dias de hoje, o Condestável que defendeu «a terra que o viu nascer», mas que, cumprida a missão militar trocou a posição de vencedor para se dedicar ao serviço dos outros. Um homem que, mesmo nos tempos de guerra, finda a batalha, mandava tratar todos os feridos, independentemente de serem os seus soldados ou os de Castela. À qual se associa também o lema: «Saber: recordar o caminho feito, para projetar o futuro». Este enquadramento permitir-nos-á, recorrendo, novamente, à expressão de Saint-Exupéry, estabelecer os laços de amizade que criam as condições de paz e a consolidam nos nossos corações.

Assim sendo, os planos de atividade, dos 999 Agrupamentos em atividade, poderão ser o instrumento vital para que o ano escutista de 2022/2023, aproveitando a riqueza dos acontecimentos programados, criem as condições para que, crianças e jovens, consolidem os seus percursos de autoformação e que estes preencham, plenamente, o célebre lema da educação da Atenas do século V antes de Cristo «Alma sã em corpo são».

Um outro objetivo que, certamente, marcará estes planos de atividades dos agrupamentos e que numa linguagem mais aventureira poderíamos definir como «à procura do tempo perdido» e neles deixará uma marca indelével de autonomia, de responsabilidade e de serviço. Os últimos três anos foram marcados pelos tempos pandémicos que a todos impuseram condicionalismos extremamente duros. De certa forma, todos, em geral, tivemos uma grande capacidade de adaptação, não de sobreviver, mas de viver a nossa vida, apesar das dificuldades. Temos consciência que esses tempos nos impediram de viver a vida que gostaríamos e, por isso, a vontade de recuperar tudo aquilo que projetamos e que tivemos de deixar para trás será grande, mas este objetivo tem que ser definido com “peso, conta e medida” para que os resultados nos proporcionem satisfação e progresso e não desilusão. Não podemos perder as nossas ilusões!

Assim como «Roma e Pavia não se fizeram num dia», também a nossa recuperação do “tempo perdido” tem que ser progressiva e harmoniosa para que as crianças e jovens que nos são confiados, também eles, possam «crescer em idade, sabedoria e graça».




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