sexta-feira, 9 de abril de 2021

Primavera de Esperança

“Primavera de Esperança”

por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado hoje 9 de abril 2021 no jornal diário "Correio do Minho"


A primavera, até porque sucede ao inverno, é sempre um tempo de esperança. A natureza renasce, após um período de hibernação, marcando um novo ciclo de vida que todos desejamos melhor que o ano anterior. No caso concreto desta primavera este desejo é ainda maior porque o outono anterior foi “produtivo” da disseminação do coronavírus e as consequências foram as que conhecemos e nos marcaram profundamente.

A primavera surgiu com a esperança da vacinação e com uma estratégia de combate à propagação da covid-19 que mostrou eficácia e logo todos sonhamos com um desconfinamento cuidado e acompanhado, para evitar a repetição dos erros cometidos. Cada um de nós parece mais consciente que evitar o contágio depende muitíssimo mais do “eu” do que do “outro” e, deste modo, a nossa esperança parecer assentar sobre bases mais sólidas do que há 10 meses quando iniciamos o primeiro desconfinamento. Nessa altura parecíamos uns “super-heróis” imunes a tudo, todos conhecemos o “período das trevas” consequência desses comportamentos que agora a maioria dos portugueses parece rejeitar.

No escutismo também estamos a preparar este desconfinamento, enquanto movimento de educação não formal, segundo a terminologia usada pela ONU, decidiu-se que se utilizaria o calendário estabelecido para o ensino básico e para o ensino secundário, pelas competentes entidades públicas, por ser aquele que cobre as mesmas faixas etárias de lobitos e exploradores e pioneiros e caminheiros.

Claro que temos consciência que as escolas e os agrupamentos são realidades completamente distintas onde praticamente apenas estas faixas são o elemento comum além serem público alvo da escola e do escutismo, crianças, adolescente jovens e jovens adultos. Todos sabemos que a frequência da escola no 1º, 2º e 3º ciclos e secundário é obrigatória enquanto no escutismo esta presença é livre e voluntária. A escola, enquanto organização nacional depende, apesar dos inúmeros progressos verificados, de um modelo hierárquico muito vertical, construído de cima para baixo, sendo que o poder emana da hierarquia para a base, enquanto no escutismo a sua força motriz está na base, isto é, nos agrupamentos, estando as estruturas de núcleo, regional e nacional ao serviço destas.

Da mesma forma, é o Ministério da Educação que define programas, conteúdos, métodos de avaliação e ainda promove uma aferição do sistema. No escutismo isto não acontece assim, há um programa educativo que baliza o método escutista, onde se estabelecem os objetivos finais de dada uma das quatro Secções, mas são os lobitos, os exploradores, os pioneiros e os caminheiros que escolhem os percursos educativos, as atividades e os jogos que os sustentam e que procedem à avaliação entre pares do progresso (individual e coletivo) conseguido. Dentro de cada Secção os elementos não estão agrupados nem por grupos de idades nem por níveis de conhecimentos, mas apenas se constituem na célula base da Unidade, pequeno grupo a que chamamos: bando, patrulha, equipa e tribo.

Neste momento, cada uma das Secções, está a preparar o seu plano de desconfinamento, recorrendo a uma das plataformas digitais de comunicação simultânea, para realizar reuniões de patrulha, de conselho de guias, de pais e da equipa de animação, para verificar se há condições para iniciar atividades presenciais, preferencialmente ao ar livre ou na sede, uma sala para cada patrulha, capaz de suportar as exigências do distanciamento social, arejada, limpa e desinfetada e com os materiais recomendados. O nível central do CNE preparou e distribuiu por todos os agrupamentos brochuras que permitem aos dirigentes observarem se todas as condições necessárias determinadas pela DGS são observadas.

Depois destes trabalhos preparatórios, o órgão executivo do Agrupamento reúne-se e elabora o plano de contingência, a partir de documento base previamente distribuído pelos serviços centrais do movimento, que depois de aprovado será distribuído pelos adultos das equipas de animação de cada Secção e por todos os guias das quatro Secções. Serão ainda copiados cartazes para afixar em todas as salas e espaços utilizados quer por crianças e jovens quer por adultos.

Uma vez por mês, nas reuniões dos conselhos de guias, de equipas de animação e de Agrupamento, estes documentos serão revisitados e estão sujeitos, de forma permanente a um processo de melhoria. Temos consciência que nós não dependemos só de nós, mas sabemos que todos os outros podem sofrer com a desatenção de cada um de nós.

 

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