“Primavera de Esperança”
artigo publicado hoje 9 de abril 2021 no jornal diário "Correio do Minho"
A primavera, até porque sucede ao
inverno, é sempre um tempo de esperança. A natureza renasce, após um período de
hibernação, marcando um novo ciclo de vida que todos desejamos melhor que o ano
anterior. No caso concreto desta primavera este desejo é ainda maior porque o
outono anterior foi “produtivo” da disseminação do coronavírus e as
consequências foram as que conhecemos e nos marcaram profundamente.
A primavera surgiu com a esperança da
vacinação e com uma estratégia de combate à propagação da covid-19 que mostrou
eficácia e logo todos sonhamos com um desconfinamento cuidado e acompanhado,
para evitar a repetição dos erros cometidos. Cada um de nós parece mais
consciente que evitar o contágio depende muitíssimo mais do “eu” do que do
“outro” e, deste modo, a nossa esperança parecer assentar sobre bases mais
sólidas do que há 10 meses quando iniciamos o primeiro desconfinamento. Nessa
altura parecíamos uns “super-heróis” imunes a tudo, todos conhecemos o “período
das trevas” consequência desses comportamentos que agora a maioria dos
portugueses parece rejeitar.
No escutismo também estamos a preparar
este desconfinamento, enquanto movimento de educação não formal, segundo a
terminologia usada pela ONU, decidiu-se que se utilizaria o calendário estabelecido
para o ensino básico e para o ensino secundário, pelas competentes entidades
públicas, por ser aquele que cobre as mesmas faixas etárias de lobitos e exploradores
e pioneiros e caminheiros.
Claro que temos consciência que as
escolas e os agrupamentos são realidades completamente distintas onde
praticamente apenas estas faixas são o elemento comum além serem público alvo
da escola e do escutismo, crianças, adolescente jovens e jovens adultos. Todos
sabemos que a frequência da escola no 1º, 2º e 3º ciclos e secundário é
obrigatória enquanto no escutismo esta presença é livre e voluntária. A escola,
enquanto organização nacional depende, apesar dos inúmeros progressos
verificados, de um modelo hierárquico muito vertical, construído de cima para
baixo, sendo que o poder emana da hierarquia para a base, enquanto no escutismo
a sua força motriz está na base, isto é, nos agrupamentos, estando as
estruturas de núcleo, regional e nacional ao serviço destas.
Da mesma forma, é o Ministério da
Educação que define programas, conteúdos, métodos de avaliação e ainda promove
uma aferição do sistema. No escutismo isto não acontece assim, há um programa
educativo que baliza o método escutista, onde se estabelecem os objetivos
finais de dada uma das quatro Secções, mas são os lobitos, os exploradores, os pioneiros
e os caminheiros que escolhem os percursos educativos, as atividades e os jogos
que os sustentam e que procedem à avaliação entre pares do progresso (individual
e coletivo) conseguido. Dentro de cada Secção os elementos não estão agrupados
nem por grupos de idades nem por níveis de conhecimentos, mas apenas se constituem
na célula base da Unidade, pequeno grupo a que chamamos: bando, patrulha,
equipa e tribo.
Neste momento, cada uma das Secções,
está a preparar o seu plano de desconfinamento, recorrendo a uma das
plataformas digitais de comunicação simultânea, para realizar reuniões de
patrulha, de conselho de guias, de pais e da equipa de animação, para verificar
se há condições para iniciar atividades presenciais, preferencialmente ao ar
livre ou na sede, uma sala para cada patrulha, capaz de suportar as exigências
do distanciamento social, arejada, limpa e desinfetada e com os materiais
recomendados. O nível central do CNE preparou e distribuiu por todos os
agrupamentos brochuras que permitem aos dirigentes observarem se todas as
condições necessárias determinadas pela DGS são observadas.
Depois destes trabalhos preparatórios, o
órgão executivo do Agrupamento reúne-se e elabora o plano de contingência, a
partir de documento base previamente distribuído pelos serviços centrais do
movimento, que depois de aprovado será distribuído pelos adultos das equipas de
animação de cada Secção e por todos os guias das quatro Secções. Serão ainda
copiados cartazes para afixar em todas as salas e espaços utilizados quer por
crianças e jovens quer por adultos.
Uma vez por mês, nas reuniões dos
conselhos de guias, de equipas de animação e de Agrupamento, estes documentos serão
revisitados e estão sujeitos, de forma permanente a um processo de melhoria.
Temos consciência que nós não dependemos só de nós, mas sabemos que todos os
outros podem sofrer com a desatenção de cada um de nós.
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