Escutismo: Movimento Seguro (IV)
Este quarto artigo sobre a mesma temática surge no tempo marcado pela preocupação com a Paz, mas, como dizia o filósofo luso-holandês, Baruch Spinoza (1632 - 1677): «Paz não é a ausência de guerra. É uma virtude, um estado mental, uma disposição para a benevolência, confiança e justiça». Por isso mesmo, procurar melhorar “a Segurança e Bem-estar” de crianças e jovens” é um exercício fundamental na construção da Paz.
O percurso das abordagens desta problemática tem sido marcado pela criação de condições para que o problema seja impedido de acontecer, foi com esta visão preventiva que, em outubro de 2018 o CNE formou meia centena de Formadores e Diretores de Formação para os capacitar com a finalidade de desenvolverem, nas 20 Regiões do país um programa de ações de formação sobre Escutismo: Movimento Seguro. Estabeleceu-se ainda que «A partir de 1 de outubro de 2019, todos os Dirigentes terão um prazo máximo de 5 anos para frequentarem as 5 sessões de formação definidas para o Escutismo: Movimento Seguro.» Estas cinco sessões de formação correspondem às seguintes temáticas: Relação Educativa e Abusos, Dependência, Internet Segura, Bullying e Política e Boas Práticas. Pode parecer tarefa simples, mas temos que considerar que cada módulo ocupa 2 horas e que cada ação deve ter 20 a 25 participantes, assim, cada um dos 10.506 dirigentes e 3.878 candidatos a dirigente (números do censo de janeiro de 2019), isto é, 14.384 animadores adultos farão, no seu conjunto, 143.840 horas de formação, ou seja, 1.151 ações de formação, Só na Região de Braga, que corresponde à nossa Arquidiocese, os 2.945 adultos exigirão a realização 236 ações de formação.
Para consolidar este programa de formação intensivo, o CNE publicou, em 2019, dois novos documentos no âmbito do Escutismo: Movimento Seguro, intitulados: Política e Manual de Boas Práticas e Código de Conduta.
O Primeiro contem a seguinte Declaração Política:
A Política “Escutismo: Movimento Seguro” visa a segurança de crianças e jovens ao longo da sua permanência no CNE. Proporcionar um ambiente seguro para crianças e jovens significa:
· Consciencializar para a importância da proteção da criança e do jovem;
· Envolver as partes interessadas (crianças e jovens, adultos voluntários e profissionais, pais, Igreja);
· Realçar o propósito educativo das atividades escutistas;
· Promover a segurança nas atividades escutistas;
· Desenvolver competências pessoais;
· Promover e encorajar comportamentos positivos.
A implementação desta política alinha-se com a missão do Movimento Escutista, contribuindo para o desenvolvimento integral de crianças e jovens e capacitando-os a desempenhar um papel ativo na sociedade.
A Política “Escutismo: Movimento Seguro” é dirigida a todos os intervenientes na implementação da missão do Escutismo:
· Crianças e jovens, entre os 6 e os 22 anos de idade;
· Adultos, voluntários ou permanentes;
· Auxiliares, colaboradores externos para concretização das finalidades educativas do CNE.
A responsabilidade pela implementação desta política recai sobre todos os adultos, particularmente aqueles que têm um contacto direto com as crianças e jovens, cabendo a supervisão da mesma ao nível Nacional.
Esta política assenta em três grandes vetores:
1. As nossas crianças e os nossos jovens
Os objetivos educativos do Escutismo são alcançados através da aplicação de um Programa Educativo de qualidade. Quando implementado corretamente, o projeto educativo permite que crianças e jovens previnam a violência, educa-os para ter respeito por si mesmo e pelos outros e permite a criação de um ambiente seguro.
2. Os nossos adultos
O desenvolvimento e aplicação do Programa Educativo requerem o envolvimento de adultos competentes, com conhecimentos, competências e atitudes adequadas ao desempenho das suas funções.
3. As nossas práticas
As práticas de proteção da criança e do jovem são vitais na segurança dos escuteiros. O CNE garante que adultos, crianças e jovens conhecem o seu papel na implementação da política de segurança do Movimento
Impedir que, em qualquer destes vetores, haja ações incorretamente desenvolvidas é a grande finalidade desta Política, para que o sentido de Paz com que iniciamos o texto prevaleça.
Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 03 de janeiro 2020 no jornal diário "Correio do Minho"
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