“O Natal é quando um Homem quiser!"
por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 5 janeiro 2024 no jornal diário "Correio do Minho"
artigo publicado a 5 janeiro 2024 no jornal diário "Correio do Minho"
No passado dia um de janeiro celebrou-se o Dia Mundial da Paz, no escutismo essa celebração não pode deixar ninguém indiferente, porque somos um movimento que que tem como uma das suas grandes finalidades a “Educação para a Paz”, e pela altura de Natal até distribuímos, por todas as nossas paróquias e daí por todas as famílias que a desejem acolher, a chamada “Luz da Paz de Belém”, que se vai buscar diretamente à Igreja da Natividade, em Belém, na Cisjordânia, e é transportada para Viena e dali redistribuída a todas as associações escutistas.
Criando assim, um ambiente de partilha e de Amor que nos ajuda a preparar e a viver o verdadeiro Espírito de Natal. Ora todos sabemos que «Natal é em Dezembro / Mas em Maio pode ser / Natal é em Setembro / É quando um homem quiser», como nos lembra o poeta Ary dos Santos. No escutismo, tal como o poeta, todos queremos que, a cada ano, a cada mês e a cada dia, o mundo possa tornar-se um pouco melhor, se todos formos “mulheres e homens de Boa Vontade” e não tivermos medo contribuirmos com a nossa quota parte, por muito pequena que esta nos pareça ser, para que a mudança desejada possa acontecer. Só desta forma poderemos dizer que deixamos o mundo um pouco melhor do que o encontramos.
Esta mudança tão desejada no comportamento humano conduz-nos à educação do ser humano e como nos recorda um célebre provérbio oriental: «Se quer plantar para poucos dias, plante flores. Se quer plantar por muitos anos, plante uma árvore. Se quer plantar para a eternidade, plante ideias.» Ora, “plantar ideias” não é senão promover a educação, visando esta uma mudança comportamental das pessoas.
Por isso, no escutismo queremos afirmar os direitos participativos de crianças e jovens mobilizando-os na participação quotidiana, para que estes façam parte da “cidade” e que esta se afirme pela simplicidade, de tal forma que Lobitos, Exploradores, Pioneiros e Caminheiros, cada um a seu ritmo, se possam afirmar no seu crescimento, enquanto seres sociais, em “idade, sabedoria e graça”, vencendo, desta maneira todas a formas de egoísmo, incompreensão, intolerância e exploração, que qualquer ser humano.
O facto de “O Natal é quando um Homem quiser!” deve dar-nos força, coragem, prudência e sabedoria, para levarmos a “bom porto” esta missão de educar com valores, conscientes que o nosso horizonte, não é a esquina da nossa rua, mas sim “a eternidade” do provérbio oriental.
A verdade é que, no âmbito da educação formal, não formal ou informal, o educador nunca pode dar por concluída a sua missão porque há muitos outros “atores” a terem uma ação contrária à que as famílias aspiram para os seus filhos. Não valendo a pena evocar que a nossa Constituição da República assim o determina, pois todos sabemos que neste mundo há múltiplos atores que usam “instrumentos” muito diferente e por isso o mundo é o que é.
Podia recorrer a muitos e variados testemunhos, mas vou usar um dos últimos textos de Mateus, do capítulo 26, onde relata a prisão de Jesus: «47Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos Doze, com uma grande multidão armada de espadas e paus; vinham da parte dos sumos sacerdotes e dos anciãos do povo. 48O traidor tinha combinado com eles um sinal: “Aquele que eu beijar, é ele: prendei-o!” 49Judas logo se aproximou de Jesus, dizendo: “Salve, Rabi!” E beijou-o. 50Jesus lhe disse: “Amigo, para que vieste?” Então os outros avançaram, lançaram as mãos sobre Jesus e o prenderam. 51E eis que um dos que estavam com Jesus estendendo a mão, desembainhou a espada e ferindo o servo do Sumo Sacerdote, decepando-lhe a orelha. 52Mas Jesus, porém, lhe disse: “Guarda a tua espada no seu lugar, pois todos os que pegam a espada, pela espada perecerão. 53Ou pensas tu que eu não poderia apelar para meu Pai, que me mandaria logo mais de doze legiões de anjos? 54Mas como se cumpririam então as Escrituras, que dizem que isso deve acontecer?»
Como estaríamos bem melhor se os líderes dos nossos tempos tivessem o carácter, a coragem, o saber e a consciência que quando à violência se reage com mais violência esta propagar-se-á, qual fogo num palheiro, e o conflito dificilmente terminará e os custos humanos serão imensos.
Por isso é tão importante olharmos para “a eternidade”, pois só assim termos paz, porque o Natal será quando um Homem quiser!
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