sexta-feira, 29 de outubro de 2021

A Fraternidade de Nuno Álvares

“A Fraternidade de Nuno Álvares"


por: Carlos Alberto Lopes Pereira
artigo publicado a 29 de outubro 2021 no jornal diário "Correio do Minho"


Ainda hoje, há quem confunda a Fraternidade Nuno Álvares (FNA) com o Corpo Nacional de Escutas (CNE), a verdade é que são duas associações verdadeiramente autónomas, mas que, de facto, estiveram unidas na origem da FNA e que sempre cultivaram mecanismos de cooperação e ajuda ao longo da sua existência. Estas duas associações estão umbilicalmente ligadas pois os associados da FNA passaram pelas fileiras do CNE


O Padre Benjamim Salgado, à época Assistente Regional de Braga, e autor da publicação da celebração do 25º aniversário do CNE, Radiosa Floração, página 108, sob o título «Confraternização de Antigos, em Braga» regista que foi no dia 21 de Maio de 1939 que, cerca de 80 antigos membros do CNE, se reuniram no Sameiro onde foi celebrada uma Missa de sufrágio pelos escutas já falecidos e promessa solene. «Foi uma iniciativa muito simpática, que chamou ao Sameiro inúmeros rapazes, e alguns homens já feitos, que recordando tempos saudosos já passados, não regatearam louvores ao Escutismo em que militaram». E assim foi registada a primeira reunião informal dos antigos do CNE, de que há memória escrita


Ainda neste ano (1939) o CNE criou a “União dos Antigos Escutas” como uma nova secção do movimento – ideia que não vingou, tal como a de 1941. Foi necessário esperar pelo regulamento de 1955, e da reedição parcial de 1965, para ser criada a “Fraternidade de Nuno Álvares (Associação de Antigos Escutas)”, na versão publicada em 1978, «suprimindo tudo o que nos pareceu que contrariava os novos Estatutos, em fidelidade ao Art.43» (estes estatutos foram aprovados em março 1975). Onde é definida da seguinte forma, na Parte VI: «239 - É criada, como associação autónoma, a FRATERNIDADE DE NUNO ÁLVARES (ASSOCIAÇÃO DE ANTIGOS ESCUTAS) com o objetivo de manter unidos por um elo de fraternidade entre si e fidelidade aos princípios do Escutismo Católico, recebidos no C.N.E., todos os elementos que, por condições particulares da sua vida, não possam continuar em atividade na Associação». Nesta parte do regulamento fixa-se a estrutura e o funcionamento da FNA.


Em novembro de 1966 a Conferência Episcopal Portuguesa aprovou os primeiros estatutos desta Associação, sendo posteriormente atualizados e aprovados pelo Conselho Permanente da CEP, na sua reunião de 12 de abril de 2011. Sendo definida no “Anuário Católico” como: «A Fraternidade de Nuno Álvares (FNA) é canonicamente uma Associação de Escutismo Adulto, privada, de âmbito nacional, sem fins lucrativos, constituída por antigos filiados no Corpo Nacional de Escutas (CNE) Escutismo Católico Português, baseado no voluntariado dos seus Associados».
Se evoco aqui este nascimento da FNA é para estabelecer duas linhas mestras da sua essência. Por um lado, esta ligação à Igreja e a Maria, em 1939 no Santuário de Nossa Senhora do Sameiro, por outro, para marcar esta ligação íntima e complementar ao seu ponto de origem o CNE e tal como nos documenta o Padre Benjamim Salgado, que volto a citar: “recordando tempos saudosos já passados, não regatearam louvores ao Escutismo em que militaram” esta complementaridade vê-se no dia-a-dia das associações irmãs.

O relacionamento institucional entre as Organizações Mundiais do Escutismo (OMME) e do Guidismo e a Fraternidade Internacional dos Escuteiros e Guias (FIEG), também é marcado por um clima de cooperação entre entidades e na reunião entre estas duas organizações, realizada no dia 14 de julho de 2011, em Genebra, resultou um memorando de entendimento sobre as missões de cada uma delas que se baseiam em distintas, ainda que relacionadas, finalidades.
Estes pontos de entendimento, para além de outros sete, bem como o reconhecimento que só há duas organizações mundiais para representar o Escutismo - a OMME e a AMGE -, e da concordância em continuar a evitar usar qualquer terminologia ou tomar qualquer ação ao nível internacional relativamente a “escuteiros adultos”, que possa prestar-se a confusões com o papel dos adultos na OMME, permitiram à Fraternidade Internacional dos Escuteiros e Guias ver renovado o seu estatuto consultivo junto da OMME.


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