Dirigentes e Caminheiros candidatos
às eleições, um serviço à comunidade?
Caros amigos
No próximo ato eleitoral muitos são dirigentes e alguns caminheiros do
Corpo Nacional de Escutas que são também os candidatos por diferentes
sensibilidades políticas, aos diferentes órgãos que vão a sufrágio.
A primeira pergunta que se nos levanta é: Será lícito a um dirigente
do CNE candidatar-se por um qualquer partido político às eleições?
Os Estatutos do CNE no seu Artigo 3º onde afirma quais são os Fins da associação não deixa margem
para dúvidas:
“O CNE pretende contribuir para a formação de
cidadãos capazes de tomarem uma posição construtiva na sociedade, aptos a
participarem na constante transformação do mundo à luz do Evangelho, segundo a
doutrina católica. “
Ora diria
eu, não só podem como quem se sentir chamado a tal serviço o DEVE fazer!
Aliás, não
poderia ser de outra forma pois se proclamamos no 2º princípio que o “Escuta é
Filho de Portugal e Bom cidadão “ temos como primeiro dever nesta matéria, respeitar
a constituição da República no que à liberdade de desfrutar dos nossos direitos
cívicos diz respeito.
Mas haverá
algum constrangimento pelo facto de serem Escuteiros!
Não,
enquanto indivíduos, são todos cidadãos de direito! Aliás, eu meu entender,
reside aqui uma ótima oportunidade de mostrar na prática, os verdadeiros
valores que o Escutismo nos ensina, sobretudo durante a campanha eleitoral,
fazendo uma campanha pela positiva, respeitando os adversários, defendendo com
elevação as ideias para o futuro, debatendo com os outros candidatos as
melhores perspetivas para a população, dignificando ato eleitoral e, como a
cereja no topo do bolo, colocando os interesses da população acima dos
interesses partidários.
Mas também
nos pós eleições sendo ou não eleito, deve fazer diferente, atuar segundo o nosso
código de conduta, a Lei do Escuta e os valores do Evangelho. Ganhando ou
perdendo continuarão a ser cidadãos de direito e se durante a campanha foram
verdadeiros escuteiros, então ganharam o respeito dos adversários. Se venceram
terão agora a oportunidade de mostrar que a política deve estar ao serviço dos
cidadãos e não o contrário porque todos são importantes no desenvolvimento das
comunidades locais e por isso, têm uma missão árdua mas gratificante pela
frente, a de congregarem todas as sensibilidades. Se perderam tem a
oportunidade de marcar pela diferença mostrando-se disponíveis para colaborar
com a equipa vencedora, engrandecendo os projetos apresentados por uns e por
outros. Afinal é assim que ensinamos os nossos escuteiros na metodologia do
projeto.
Aquilo que os dirigentes e caminheiros
não podem é vincular a associação!
O Artigo
4º dos estatutos do CNE é claro em afirmar a sua Isenção política e
partidária:
“O
CNE não se identifica com qualquer ideologia partidária nem com o poder
constituído.”
E que
riscos há para a Associação no caso de os seus dirigentes e caminheiros
ganharem ou perderem as eleições? Influenciará a vida dos Agrupamentos?
Eu
gostaria de chamar-lhe desafios! E aos desafios não lhe viramos as costas.
Surge
novamente a possibilidade de mostrar a diferença na ação.
Se forem
eleitos saberão por certo, com conhecimento de causa, valorizar as propostas do
Corpo Nacional de Escutas, avaliando o seu mérito ou demérito, dando-lhe enfase
se o merecerem, esclarecendo os seus pares dos prós e contras das nossas
opções. No momento de debate têm toda a capacidade para influenciar positivamente
as propostas oriundas da nossa associação, no entanto, momento da votação e se
acumularem o cargo politico com o da estrutura que propõe, estará impedido de
votar em causa própria. Mas a associação fica a ganhar no momento do debate!
Se não
forem eleitos e durante o período de campanha eleitoral souberam marcar a
diferença nas ações, ganharam certamente o respeito dos vencedores e estarão
agora numa posição privilegiada para fazer valer junto do poder autárquico a
virtualidade dos nossos projetos e propostas. Também aqui na minha opinião o
CNE fica a ganhar.
Em
qualquer dos casos o CNE sai dignificado ao cumprirmos a nossa Missão!
Afinal,
temos o mandato de procurar deixar este mundo melhor do que o encontramos
É também
na cidadania ativa, construtiva e comprometida com os nossos valores que
educamos pelo exemplo!
/Jaime
Pereira/
Dirigente do Corpo Nacional de Escutas
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