sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Dirigentes e Caminheiros candidatos às eleições, um serviço à comunidade?

Dirigentes e Caminheiros candidatos às eleições, um serviço à comunidade?

Caros amigos

No próximo ato eleitoral muitos são dirigentes e alguns caminheiros do Corpo Nacional de Escutas que são também os candidatos por diferentes sensibilidades políticas, aos diferentes órgãos que vão a sufrágio.

A primeira pergunta que se nos levanta é: Será lícito a um dirigente do CNE candidatar-se por um qualquer partido político às eleições?

Os Estatutos do CNE no seu Artigo 3º onde afirma quais são os Fins da associação não deixa margem para dúvidas:

“O CNE pretende contribuir para a formação de cidadãos capazes de tomarem uma posição construtiva na sociedade, aptos a participarem na constante transformação do mundo à luz do Evangelho, segundo a doutrina católica.

Ora diria eu, não só podem como quem se sentir chamado a tal serviço o DEVE fazer!

Aliás, não poderia ser de outra forma pois se proclamamos no 2º princípio que o “Escuta é Filho de Portugal e Bom cidadão “ temos como primeiro dever nesta matéria, respeitar a constituição da República no que à liberdade de desfrutar dos nossos direitos cívicos diz respeito.

Mas haverá algum constrangimento pelo facto de serem Escuteiros!

Não, enquanto indivíduos, são todos cidadãos de direito! Aliás, eu meu entender, reside aqui uma ótima oportunidade de mostrar na prática, os verdadeiros valores que o Escutismo nos ensina, sobretudo durante a campanha eleitoral, fazendo uma campanha pela positiva, respeitando os adversários, defendendo com elevação as ideias para o futuro, debatendo com os outros candidatos as melhores perspetivas para a população, dignificando ato eleitoral e, como a cereja no topo do bolo, colocando os interesses da população acima dos interesses partidários.

Mas também nos pós eleições sendo ou não eleito, deve fazer diferente, atuar segundo o nosso código de conduta, a Lei do Escuta e os valores do Evangelho. Ganhando ou perdendo continuarão a ser cidadãos de direito e se durante a campanha foram verdadeiros escuteiros, então ganharam o respeito dos adversários. Se venceram terão agora a oportunidade de mostrar que a política deve estar ao serviço dos cidadãos e não o contrário porque todos são importantes no desenvolvimento das comunidades locais e por isso, têm uma missão árdua mas gratificante pela frente, a de congregarem todas as sensibilidades. Se perderam tem a oportunidade de marcar pela diferença mostrando-se disponíveis para colaborar com a equipa vencedora, engrandecendo os projetos apresentados por uns e por outros. Afinal é assim que ensinamos os nossos escuteiros na metodologia do projeto.

Aquilo que os dirigentes e caminheiros não podem é vincular a associação!

O Artigo 4º dos estatutos do CNE é claro em afirmar a sua Isenção política e partidária:

“O CNE não se identifica com qualquer ideologia partidária nem com o poder constituído.”

E que riscos há para a Associação no caso de os seus dirigentes e caminheiros ganharem ou perderem as eleições? Influenciará a vida dos Agrupamentos?

Eu gostaria de chamar-lhe desafios! E aos desafios não lhe viramos as costas.

Surge novamente a possibilidade de mostrar a diferença na ação.

Se forem eleitos saberão por certo, com conhecimento de causa, valorizar as propostas do Corpo Nacional de Escutas, avaliando o seu mérito ou demérito, dando-lhe enfase se o merecerem, esclarecendo os seus pares dos prós e contras das nossas opções. No momento de debate têm toda a capacidade para influenciar positivamente as propostas oriundas da nossa associação, no entanto, momento da votação e se acumularem o cargo politico com o da estrutura que propõe, estará impedido de votar em causa própria. Mas a associação fica a ganhar no momento do debate!

Se não forem eleitos e durante o período de campanha eleitoral souberam marcar a diferença nas ações, ganharam certamente o respeito dos vencedores e estarão agora numa posição privilegiada para fazer valer junto do poder autárquico a virtualidade dos nossos projetos e propostas. Também aqui na minha opinião o CNE fica a ganhar.

Em qualquer dos casos o CNE sai dignificado ao cumprirmos a nossa Missão!

Afinal, temos o mandato de procurar deixar este mundo melhor do que o encontramos

É também na cidadania ativa, construtiva e comprometida com os nossos valores que educamos pelo exemplo!


/Jaime Pereira/

Dirigente do Corpo Nacional de Escutas



 

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