quinta-feira, 21 de março de 2013

Monsenhor Américo Ferreira Alves 1917/2013


Gostaríamos de aqui recordar um texto feito pelo atual assistente do Núcleo de Braga, Cónego António da Silva Macedo, sobre a passagem dos 70 anos da ordenação sacerdotal do Monsenhor Américo, cujo texto foi publicado no Diário do Minho sobre o Monsenhor Américo em julho 2012.

Monsenhor Américo Ferreira Alves

Evocar Mons. Américo, mais conhecido entre nós por P. Américo é justo e salutar.
Está na memória de todos os escuteiros. Nas minhas funções de seu adjunto e depois sucessor, sempre ouvi testemunhos vivos de admiração pelas suas qualidades humanas, virtudes sacerdotais e espírito escutista.
A sua acção durante mais de 50 anos, chegou a quase todas as terras do Minho. E rompeu fronteiras, apoiando as dioceses vizinhas em cursos de formação escutista para dirigentes e caminheiros. Além da Insígnia de Madeira recebida em Gilwell, correu o mundo em Jamborees, Reuniões Mundiais de Escutismo e outras actividades escutistas internacionais.
As ocupações nos Seminários de Braga, como professor e ecónomo e outras tarefas de ensino ainda lhe deixavam tempo para dar assistência espiritual a diversas associações de leigos. Mais ainda, conseguiu deslocar-se a centenas de paróquias, convidado pelos párocos, seus contemporâneos, ou antigos alunos. Reservava para isso alguns fins-de-semana e as férias escolares. Esta acção pastoral foi canalizada para a pregação nas solenidades religiosas, ou dirigidas a jovens, com quem dialogava com simplicidade e elevação. Por estas razões podemos considerar Mons. Américo o maior dinamizador da pastoral juvenil do seu tempo, no nosso meio. Além disso, a sua presença nas paróquias foi apoio indispensável à fundação de muitos agrupamentos do CNE. Penso que seria de muito interesse o resultado dum estudo com este objectivo: quantos grupos do CNE nasceram pela acção directa de Mons. Américo? Estou convencido que a maioria dos existentes nas dioceses de Braga e Viana do Castelo fariam parte desta pesquisa. Haja quem o empreenda.
O seu papel de fundador do Clã 8, do Seminário Conciliar com o nascimento da patrulha de estudos Cisne e depois o agrupamento 421, extensivo aos Seminários Diocesanos, foi decisivo para a valorização dos alunos que por lá passaram. São centenas de antigos escuteiros que continuam, ainda hoje, como assistentes ou dirigentes leigos a exercer e perpetuar a formação que receberam.
Mons. Américo foi co-fundador e Assistente do Campo - Escola Calouste Gulbenkian, de Fraião e do Campo da Apúlia. Hoje, é, ainda o Assistente Regional Honorário e Vitalício da Região de Braga.
É salutar, porque Mons. Américo foi um homem do seu tempo que soube ler, interpretar e agir em conformidade com os sinais dos tempos novos. A sua polivalência, na música, na poesia, no desenho e na organização de jogos escutistas muito contribuiu para dar conteúdo educativo às reuniões e festas escutistas, fogos de conselho e actividades de jovens e adultos.
Poderia resumir em poucas palavras o muito que dele conheço: pedagogo atento, orador fluente, conselheiro e amigo dedicado, sacerdote a tempo inteiro, organizado e metódico, com um coração de criança, numa vontade viril, adulta, ao serviço de todos, com um pendor para os jovens.
Por isso é justo inscrevê-lo entre os maiores e mais dedicados escutas, nas memórias deste Centenário do Escutismo Mundial e nos quase 90 anos do Corpo Nacional de Escutas.
Foram muitas as centenas de dias e noites passadas em campo e muitos milhares de quilómetros percorridos por caminhos de terra batida, por estradas, ou através dos mares ou cruzando o espaço, que fizeram do Mons. Américo o B.P. do Norte.
São bem conhecidas as suas publicações, com estilo directo e acessível. Foram diversos os géneros literários que utilizou com mestria. É sobretudo na crónica de viagens, relatos de acontecimentos, na exposição didática e em traduções que mostrou o seu génio. Ainda hoje nos deliciam.
Pouco tempo depois das celebrações das Bodas de Ouro Sacerdotais e Escutistas ofereceu à Junta Regional de Braga, com generosidade e desprendimento impressionantes a totalidade das suas condecorações, medalhas comemorativas e ofertas recebidas por ocasião de celebrações festivas. Fê-lo com toda a lucidez e alegria, num gesto de gratidão e espírito de serviço. A história do CNE ficou mais enriquecida com esta doação. Seria educativo e salutar expor a público, nestas celebrações, o valioso espólio que nos legou.
Acolhido na Casa Sacerdotal de Braga, com dificuldades de ouvido e visão, continuou a ser o mesmo, aceitando as limitações da idade e da doença. Até há pouco tempo acompanhava com muito interesse todas as notícias relacionadas com o Movimento. Agora, mais frágil, sorri quando se lhe toca o ponto mais sensível da sua vivência sacerdotal: o Escutismo.
Ocorre o 70.ºaniversário da sua Ordenação Sacerdotal, no dia 6 do corrente. O Corpo Nacional de Escutas, com o Chefe Nacional, o Chefe Regional, o Chefe de Núcleo e um grupo de escutas amigos, participam nesse dia, às 17 horas, na Casa Sacerdotal, numa Missa de Congratulação e Acção de Graças.
Gostaria de terminar este testemunho com palavras escritas por Mons. Américo, no prefácio duma edição do Cancioneiro Escutista que impulsionou e ajudou a “organizar”. É um conselho salutar: “Não se imagine uma reunião escutista sem incluir uma canção”.

Braga, 4 de Julho de 2012
Cón. António da Silva Macedo


NOTA: O Funeral realiza-se na próxima sexta-feira dia 22 Março 2013 pelas 15h em Joane - Vila Nova de Famalicão.

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