terça-feira, 26 de abril de 2022

Folhinha nº 760 de 25 de abril a 1 de maio 2022

Folhinha interparoquial nº 760 de 25 de abril a 1 de maio 2022

Paróquias de:
- Divino Salvador de Nogueiró.
- Santa Eulália de Tenões
- S. Pedro de Este
Intenções das missas e informações das 3 paróquias:




sexta-feira, 22 de abril de 2022

Máscara deixa de ser obrigatória nas igrejas

 


A Conferência Episcopal Portuguesa actualizou esta tarde as orientações para o culto e actividades pastorais em pandemia, removendo a obrigação de utilizar a máscara – em linha com a decisão do Governo, que entrou em vigor esta sexta-feira.

O Secretariado Geral do órgão lembra, no entanto, que "a pandemia não acabou", pelo que continua a recomendar "cuidados acrescidos nos espaços fechados onde o devido arejamento nem sempre é possível".

Já as restantes orientações emitidas a 28 de Fevereiro mantém-se. 

A Comunhão deve continuar a ser ministrada apenas na mão dos fiéis e a saudação da paz continua a ser facultativa, através de “um sinal sem contacto físico”, como uma vénia ou inclinação.

As actividades pastorais nos espaços eclesiais, como a catequese e outras acções formativas, assim como peregrinações, procissões, festas, romarias, concentrações religiosas, acampamentos e outras actividades semelhantes, seguem as regras previstas pelas autoridades competentes para situações educativas, sociais e culturais semelhantes”.

É ainda recomendado que a recolha da colecta seja feita no momento do Ofertório, que as pias de água benta continuem vazias, que se deve proceder aos cuidados de higiene e segurança na visita e comunhão aos doentes, e que, nos restantes sacramentos, sacramentais e exéquias cristãs se devem seguir as prescrições dos livros litúrgicos”.


Site da Diocese

Castro Galaico, Festival de Nogueiró 2022

 


Fraternidade Mundial Escutista

por: Carlos Alberto Lopes Pereira

artigo publicado a 15 de abril 2022 no jornal diário "Correio do Minho"


Se nos fizermos amigos dos nossos vizinhos estrangeiros e se essa amizade perdurar, não precisamos de lutar. E esse é incontestavelmente o melhor meio para impedir futuras guerras e de assegurar uma paz duradoura.
B.P., Escutismo para Rapazes (p.321)

A preocupação pela paz foi tomando, de forma gradativa em função das idades de cada Secção, cada vez mais importância neste movimento de educação não formal, pautado pelo método escutista como caminho para a autoeducação de crianças e jovens.


O conceito de Fraternidade Mundial Escutista, espaço onde se integram os escuteiros de todo o mundo, com a missão de serem «os embaixadores da amizade, que se dedicam a criar amigos e a abater barreiras erguidas pela cor, credo e classe social» e o fundador continua: «Aconselho-vos a que façais o que puderes neste campo, porque não tardareis a ser homens, e se surgirem desavenças entre quaisquer nações, é sobre vós que cairá o peso da responsabilidade.


As guerras ensinaram-nos que, se uma nação tentar impor a sua vontade às outras, estas reagem com violência. Uma série de Jamborees escutistas [acampamentos mundiais de escuteiros] e outras reuniões de escuteiros de muitas nações ensinaram-nos que, se praticarmos a tolerância mútua e dermos e recebermos de igual para igual, haverá compreensão.»


Este trecho do “Escutismo para Rapazes” (pp. 322 e 323), publicado em 1908, parece ter antecipado algumas das ideias-chave presentes na Evangelii Gaudium quando nos estimula a sairmos da nossa zona de conforto e a irmos ao encontro de todos. É um dinamismo “em saída” ao encontro dos irmãos, tendo como bússola, a Palavra do Senhor, o fogo do Amor, para ajudarmos a materializar o desígnio de Deus: «a fim de que todos sejam um» (Jo 17, 21). Tal como na Fratelli Tutti, onde o papa, bem ao jeito de São Francisco de Assis, nos pede para nos comprometermos com as irmãs e os irmãos de outras Igrejas, os fiéis de outras religiões e de todas as pessoas de boa vontade, constituindo a fraternidade universal com amor, sem exclusões, que tudo e todos devem abraçar. Assim se constrói a fraternidade universal onde todos e em todos os lugares se escuta com atenção, se aprende uns com os outros e se constroem decisões juntos.


Baden-Powell compara a nossa vida a um caminho, vincando que: «por caminho não quero significar um caminhar ao acaso, sem finalidade, mas antes um trajeto agradável com um objetivo definido, ao mesmo tempo que há consciência das dificuldades e perigos que podem deparar-se no percurso» e «A vida seria aborrecida se fosse toda de rosas; o sal tomado só é amargo; mas dá sabor agradável à comida. As dificuldades são o sal da vida.» (A Caminho do Triunfo, p17).


Desde os finais dos anos oitenta que o CNE optou pela presença do Homem Novo, inspirado em São Paulo, nessa fase só para os Caminheiros, mas com a revisão do programa educativo operada em 2009 este percurso do Homem Novo foi alargado a todas as Secções. Assim, o Lobito louva o Deus-Criador, descobrindo-O no que o rodeia, o Explorador aceita a Aliança que o conduz à descoberta da Terra Prometida, o Pioneiro assume o seu papel na construção da Igreja de Cristo e o Caminheiro vive cristãmente em todas as dimensões do seu ser.

A presente crónica ao ser publicada na Sexta-feira Santa, não podia deixar de abordar a problemática da educação para a paz, tão cara a Baden-Powell, e que constituiu a espinha dorsal do Projeto Educativo do CNE. Os tempos de hoje obrigam-nos, por imperativo de consciência a olharmos para Leste e a partilharmos a dor do povo ucraniano. Hoje, vítima de uma guerra injusta, como todas as guerras, onde o mais forte, leia-se detentor de maior arsenal militar, maltrata aqueles que se tinham preparado para viver em harmonia e paz.


Neste contexto, como fazem sentido as palavras do fundador na sua última mensagem: “Creio que Deus nos colocou neste mundo encantador para sermos felizes e apreciarmos a vida” e ainda: “Mas o melhor meio para alcançar a felicidade é contribuir para a felicidade dos outros. Procurai deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrastes”. Como devem ser infelizes aqueles soldados e mercenários que invadiram a Ucrânia e muitíssimo mais ainda aquele que determinou a invasão deste país independente. Observando para esta situação só me ocorrem duas frases a primeira de Martin Luther King - “o que me preocupa não é o grito dos maus, mas sim o silêncio dos bons” e a segunda que foi uma súplica de Jesus, já no alto da cruz: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem”.



segunda-feira, 18 de abril de 2022

Folhinha nº 759 de 18 a 24 de abril 2022

Folhinha interparoquial nº 759 de 18 a 24 de abril 2022

Paróquias de:
- Divino Salvador de Nogueiró.
- Santa Eulália de Tenões
- S. Pedro de Este
Intenções das missas e informações das 3 paróquias:




Santa e Feliz Páscoa

 Que a alegria da Páscoa viva no seu coração e daqueles que ama

SANTA E FELIZ PÁSCOA

Cristo Ressuscitou, Aleluia



terça-feira, 12 de abril de 2022

Folhinha nº 758 de 11 a 17 de abril 2022 e Compasso Pascal

Folhinha interparoquial nº 758 de 11 a 17 de abril 2022 e Compasso Pascal

Paróquias de:
- Divino Salvador de Nogueiró.
- Santa Eulália de Tenões
- S. Pedro de Este
Intenções das missas e informações das 3 paróquias:








terça-feira, 5 de abril de 2022

Folhinha nº 757 de 4 a 10 de abril 2022

Folhinha interparoquial nº 757 de 4 a 10 de abril 2022

Paróquias de:
- Divino Salvador de Nogueiró.
- Santa Eulália de Tenões
- S. Pedro de Este
Intenções das missas e informações das 3 paróquias:



domingo, 3 de abril de 2022

"Bom Jesus do Monte sai cá fora" - 03 abril 2022

 "O dia em que o Bom Jesus do Monte sai cá fora"

Após 3 anos de interrupção o andor do Bom Jesus do Monte, sai para o terreiro, no dia da sua peregrinação penitencial, realizada no V domingo da quaresma no Santuário do Bom Jesus do Monte.
"Viva Jesus"

@ohleoca




A FORÇA DESARMADA DA PAZ
HOMILIA
V DOMINGO DA QUARESMA C
PEREGRINAÇÃO PENITENCIAL AO BOM JESUS
BRAGA, 03.04.2022, 17.00H

Senhor cónego Mário e membros da Mesa e da Confraria do Bom Jesus do Monte!
Senhor Cónego João Paulo e sacerdotes presentes e que neste Santuário prestam serviço pastoral.
Irmãs e Irmãos peregrinos!

1.Um simples risco no chão transforma pedras em perdão. A sentença de Jesus põe fim ao julgamento popular de uma mulher indefesa, num crime público, e em direto, de que aliás, se desconhece o principal cúmplice. Em vez da justiça que vem da Lei, escrita em tábuas de pedra, Jesus escreve com o dedo no chão, e dita a sentença cordial: «Quem de entre vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra» (Jo.8,7). Depois, a sós, com a mulher, Jesus não ignora o pecado, mas vê com amor toda a miséria e toda a sua dor. E por isso, a oferta do perdão, destina-se a abrir-lhe um caminho novo, a oferecer uma nova oportunidade, numa espécie de nova criação: «Nem eu te condeno. Vai e não voltes a pecar» (Jo.8,11).
«Eis o que diz o Senhor: não torneis a recordar os factos do passado nem penseis nas coisas do passado» (Is.43,18) O perdão não ignora o pecado. Mas muda o pecador. Ao perdoar, Deus transforma-nos por dentro, faz-nos «outros», dá-nos um novo ser, uma outra e nova vida. Nesse sentido, perdoar é recriar. É transformar uma miséria do passado, em experiência enriquecedora do futuro. Por isso, não devemos ficar atados ao mal feito ou recebido. Mas por causa disso, sentirmo-nos mais preparados para aquilo que o futuro nos vier a pedir. «Esquecendo o que fica para trás, lançar-me para a frente» (Fil.3,14), dizia o Apóstolo Paulo. «Vai e não voltes a pecar» (Jo.8,11), diz Jesus à mulher adúltera!

2.Voltemos ao Evangelho e reparemos em Jesus silencioso e a escrever no chão, que nos deixa aqui uma página tão bela como incómoda, sobre o perdão, que é no fundo, a prática do amor levado ao extremo (Jo.13,1). Jesus contrapõe ao amor duro da Lei a Lei pura do Amor.
Irmãos e irmãs: Ninguém dá a si próprio o perdão, como a ninguém a si próprio dá a vida. Procuremos então, neste tempo quaresmal, o perdão de Deus, mediante o sacramento da Reconciliação, que a Igreja nos oferece, para recomeçar a nossa vida e torná-la mais limpa, mais leve e mais fresca.
Deixemo-nos reconciliar por Cristo, para gozar mais intensamente a alegria que Ele nos comunica com a sua Ressurreição. Mediante o sacramento da Reconciliação, o Pai concede-nos em Cristo o Seu perdão e anima-nos a seguir em frente e a viver no seu Amor, que tudo perdoa!
Deixemos que, através do Sacramento da Confissão, Deus ponha uma pedra sobre o nosso passado de pecador, para daí fazer um alicerce para o futuro. É isto o perdão!

4.O Senhor em vez de pedras, quer-nos dar hoje o pão e o perdão de sempre e a paz, mais do que nunca, ansiada! Precisamos todos de pão, de perdão e de paz! Não de pedras, ou mesmo será dizer de bombas destruidoras …!
A força que nos deve lançar a todos na construção da paz é força “desarmada” do cristianismo, fruto de não ter outro interesse a não ser o da paz. Para os crentes esta força vem do imperativo de não ter inimigos; do sonho de que as espadas se podem transformar em foices, desarmando as mãos e os corações dos homens, ensinando o valor insubstituível e inviolável que representa a vida de cada pessoa. É a mesma força que levou a abolir a pena de morte, considerada «imoral e inútil», e sempre uma “grande derrota da cultura da vida», que deverá levar à abolição da guerra. Possamos dizer com verdade: “Nunca mais a guerra!”

5.Constatamos que, desde há algumas décadas, parece que a guerra passou a preocupar menos. Foi aumentando o desinteresse pela causa da paz, pensando que a guerra é sempre dos “outros”. Mas a guerra dos “outros” diz-nos respeito! Quer queiramos quer não, envolve-nos! Não esqueçamos que, preocupando-nos pela paz dos “outros”, acabamos por nos ocuparmos da nossa própria paz.
É preciso apaixonarmo-nos pela paz para sermos pacificadores! É preciso um conhecimento e participação mais ativa nos grandes temas internacionais. A cultura da paz deve tornar-se uma paixão partilhada e um tema relevante na educação das jovens gerações. Tudo isto, porém, pode amadurecer se recomeçarmos a seguir com interesse o mundo mais vasto para lá das fronteiras do nosso próprio país ou do nosso condomínio ou ainda do nosso quintal.
É hora de nos tornarmos pacificadores, visando sempre reconciliar os combatentes e remover as jazidas de ódio e ressentimento.
Como crentes, ou como homens e mulheres de boa vontade, podemos influenciar a história com a força desarmada da paz. É uma força da qual o nosso tempo tem uma necessidade extrema. Uma força desarmada que nasce e se alimenta da oração e de mil gestos de amor e de partilha.

6.Já passou mais de um mês desde o início da invasão da Ucrânia, desde o início desta guerra cruel e insensata que, como todas as guerras, representa uma derrota para todos, para todos nós.
É preciso repudiar a guerra, lugar de morte onde os pais e as mães enterram os filhos, onde os homens matam os seus irmãos sem sequer os ver, onde os poderosos decidem e os pobres morrem, como recorda insistentemente o Papa Francisco.
Diante do perigo da autodestruição, a humanidade deve compreender que chegou a hora de abolir a guerra, de cancelá-la da história do homem antes que seja ela a cancelar o homem da história. “Nunca mais a guerra!”
Como são proféticas as palavras do Papa Francisco proferidas ontem ao chegar a Malta:
“Hoje é tão difícil pensar com a lógica da paz; habituamo-nos a pensar com a lógica da guerra. (…) E é triste ver como o entusiasmo pela paz, surgido depois da II Guerra Mundial, se debilitou nas últimas décadas, bem como o percurso da comunidade internacional, com alguns poderosos que avançam por conta própria à procura de espaços e zonas de influência. E assim não só a paz, mas também muitas questões importantes, como a luta contra a fome e as desigualdades, foram efetivamente canceladas das principais agendas políticas.
Mas a solução para as crises de cada um é ocupar-se das crises de todos, porque os problemas globais requerem soluções globais. Ajudemo-nos a auscultar a sede de paz das pessoas, trabalhemos por colocar as bases dum diálogo cada vez mais alargado, voltemos a reunir-nos em conferências internacionais pela paz, onde seja central o tema do desarmamento, com o olhar fixo nas gerações vindouras! E os enormes fundos que continuam a ser destinados para armamentos sejam aplicados no desenvolvimento, na saúde e na alimentação.”
7.Cada de um de nós é chamado a ser artesão de paz, é hora de nos tornamos pacificadores. Trabalhemos seriamente pela paz! Rezemos pela paz sem nunca nos cansarmos e que do amor nasçam muitos gestos de partilha, acolhimento, cuidado e de perdão:

1.Deus da Aliança e da Paz, nosso Pai celeste:
deste-nos o Teu Filho único como Irmão:
n’Ele, o Bom Jesus, fizeste-nos filhos Teus,
e, por consequência, irmãos uns dos outros.
Ajuda-nos a habitarmos juntos
e a construirmos esta Casa comum
sobre os sólidos fundamentos da memória agradecida
e da fraternidade reconhecida e solidária.

2.Deus da Aliança e da Paz,
que nos conheces pelo próprio nome
e que em Teu Filho e nosso Irmão, o Bom Jesus,
nos reconheces a todos como filhos únicos:
abençoa-nos e vem em nossa ajuda,
com o dom e a virtude da esperança,
que nos dê asas para sonhar e construir a paz,
sobretudo quando os obstáculos
nos parecem intransponíveis.

3.Deus da Aliança e da Paz,
que em Teu Filho e nosso Irmão, o Bom Jesus,
nos ofereces o amor e o perdão sem condições:
faz-nos artesãos da justiça e da paz,
percorrendo os caminhos do diálogo,
da confiança mútua, do perdão e da reconciliação,
para que toda a pessoa, que vem a este mundo,
possa conhecer uma existência de paz
e desenvolver plenamente a promessa
de amor e de vida que traz em si.
Amen!

+Nuno Almeida
Bispo auxiliar de Braga



sexta-feira, 1 de abril de 2022

A Caminho do Triunfo - O Livro dos Caminheiros

por: Carlos Alberto Lopes Pereira

artigo publicado a 1 de abril 2022 no jornal diário "Correio do Minho"


O livro de Baden-Powell, A Caminho do Triunfo, foi publicado, pela primeira vez junho de 1922, tendo como destinatários “os Caminheiros”, isto é, os jovens a partir dos 18 anos. Este livro foi traduzido para a nossa língua pelo Dr. José Francisco dos Santos, dirigente do CNE e professor de português no Liceu de Guimarães, sendo publicada a primeira edição em 1959 e, 15 anos depois, surge a segunda edição, corria o ano de 1974.


Aquando da segunda edição, aos editores, leia-se as Edições Flor de Lis, colocava-se a questão se valeria a pena reeditar um livro com mais de 50 anos, num tempo de mudanças [em plena revolução de abril] parece desfiar o insucesso. Contudo, a sua convicção era profunda, pois este livro de Baden-Powell é precisamente um livro de mudança a interessar os novos! Destina-se a jovens que, ao enfrentarem um mundo que está longe de ser justo e feliz, se sentem inquietos e procuram os caminhos da justiça e da felicidade.


Baden-Powell, aponta, nesta obra, com superior maestria, os perigos ou «escolhos», como sugestivamente os apelida, que sempre ameaçaram a felicidade dos homens, sugerindo ainda uma «solução».


A vida é como um caminho, de lonjura variável, através de terreno desconhecido, que se apresenta à nossa frente e que não podemos deixar de percorrer.


Os «escolhos» podem apresentar uma imagem diferente, por influência das modas (do que muda em excesso), mas eles estão lá e serão sempres os mesmos.


Apresentar aos homens-novos a sabedoria de outros homens, que já não falam, mas cujas verdades continuam de pé não obstante todas as mudanças, não pode deixar de ser um serviço profundamente valioso e atual.1


Também uma nota para o prólogo, escrito pelo punho de B.-P., na edição inglesa de 1930: «O meu único desejo é que esta nova edição seja também útil, tanto mais que, após a primeira publicação dois fatores novos se deram no Caminheirismo.
O primeiro é ter-se agora estabelecido em bases sólidas, após evolução constante, a secção de Caminheiros. Daí a necessidade de se refundir, de acordo com as sugestões feitas pelos próprios Caminheiros, o último capítulo que trata da Organização e Regulamento. [o fundador ilustra, de forma clara e objetiva, que o conselho que a todos deixou: “pergunta ao rapaz”, não é um slogan, mas sim um instrumento de autoeducação para a responsabilidade, de forma participativa].
O segundo facto foi de ter-se adotado e desenvolvido a tal ponto o Caminheirismo nos outros países, que este constitui já o núcleo duma Fraternidade Universal de jovens orientados pelo mesmo ideal de SERVIR, ligados pelos laços da amizade e do bom entendimento».


O livro assenta numa estrutura de sete capítulos, todos eles iniciados por uma espécie de sumário que nos elenca os tópicos que irão ser desenvolvidos:
• primeiro: Modo de ser feliz embora rico – ou pobre;
• segundo: Escolho número um – Cavalos;
• terceiro: Escolho número dois – Vinho;
• quarto: Escolho número três – Mulheres;
• quinto: Escolho número quatro – Cucos e Impostores;
• sexto: Escolho número cinco – Irreligião;
• sétimo: Caminheirismo.
Uma nota para relembrar que este texto de Baden-Powell foi publicado em 1922, quatro anos depois da Grande Guerra, com início a 28 de julho de 1914 e final a 11 de novembro de 1918, estando ainda a Europa em reconstrução e claramente marcada pela necessidade de construir, acima de tudo cooperação e paz. Em bom rigor o fundador iniciou a escrita deste livro, dois anos antes, em 1918, altura a que aludiu a uma nova Secção para o Escutismo: os “Rovers” ou os “Caminheiros” na versão portuguesa. Por isso, não podemos desligar esta obra das formas de pensar e agir das sociedades da época.


Não deixa de ser curioso que o fundador, no primeiro capítulo, tenha acrescentado uma espécie de subtítulo «Este prefácio revela o objetivo deste livro», onde surgem três ideias fundamentais, que se vão consolidando ao longo do livro:

A Viagem da Vida – comparada com uma excursão de canoa (travessia do lago) a canoa é a última esperança de viver, se meter uma vaga ou se topasse num escolho estariam perdidos;
Objetivo do livro – triunfar sobre os perigos e entrar num porto seguro. Os “rochedos” da vida: cavalos, vinho, mulheres, cucos e hipócritas e irreligião (inspirados numa velha canção inglesa «cavalos, vinho, mulheres»). A importância de descobrir os lados “bons” e “maus”, aproveitá-los para seguir a caminho do triunfo.
Caminho (transmissão de conselhos/conhecimento) - o trajeto agradável e seguro com um objetivo definido (as dificuldades são o sal da vida) assim se alcança o êxito.


1Todo o texto em itálico é citação da “Nota dos Editores”, da 2.ª edição portuguesa, 1974