Folhinha Interparoquial nº 706 de 28 de março a 5 de abril de 2021
- Divino Salvador de Nogueiró.
- Santa Eulália de Tenões
- S. Pedro de Este
Intenções das missas e informações das 3 paróquias:
Folhinha Interparoquial nº 706 de 28 de março a 5 de abril de 2021
Folhinha Interparoquial nº 705 de 22 a 28 de março 2021
Paróquias de:Encontro de Guias do Núcleo de Braga.
Folhinha Interparoquial nº 704 de 15 a 21 março 2021
Paróquias de:“Errare humanum est, perseverare autem diabolicum”
(“Errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico”)[1]
O título deste artigo seria, só por si,
motivo para uma reflexão mais profunda quanto à sua origem e autoria, mas aqui
quero utilizar esta expressão, cujo autor se desconhece; que alguns consideram
como um ditado popular, mas a verdade é que ela foi usada, com algumas variantes
textuais mantendo, na essência, o significado, por São Jerónimo - Epist. 57,11
- (347-420), Santo Agostinho (354-430), Venerável Beda (673-735) e São Bernardo
(1090-1153).
O importante é que este título permite-me
perspetivar o desafio que me foi lançado sobre a “pedagogia do erro no escutismo”,
tendo contraponto o pensamento de Theodore Roosevelt «o único homem que
nunca comete erros é aquele que nunca faz coisa alguma. Não tenha medo de
errar, pois aprenderá a não cometer o mesmo erro duas vezes», o 26º
presidente dos EUA (1901-1909), que Baden-Powell refere no “Escutismo para
Rapazes”, página 70, edição de 2007, como sendo um homem que «também tinha
fé na vida ao ar livre (...) Quando jogardes, jogai forte; e quando
trabalhardes, trabalhai bem. Mas não permitais que os jogos e desportos vos
prejudiquem os estudos».
O método escutista permite que o jovem
seja o protagonista da sua educação, desde logo pela autonomia e liberdade que
goza com o sistema de patrulhas e as dinâmicas dos diversos conselhos, onde
cada um deles assume as suas responsabilidades na conceção, negociação,
preparação, realização e avaliação de projetos e programas, mas também o
enquadramento nos valores da promessa e Lei, mística e simbologia e missão e princípios
do escutismo. Pela teia de relações que estabelece consigo próprio (progresso
pessoal), com os outros membros da patrulha, da unidade e do agrupamento, com
os dirigentes e animadores, com as comunidades onde se integra, com a natureza
que o acolhe e com Deus - o Amigo entre os amigos -; finalmente, pela forma
como aprende e como ajuda os outros a aprender.
Neste contexto de autoeducação, o erro é
uma possibilidade permanente, mas não podemos prolongar a conceção,
enriquecimento e preparação da atividade de forma indefinida, pois quando
chegasse o momento da realização o tempo adequado poderia já ter passado. Assim,
a fase de enriquecimento, que é uma linha de tempo e não um ponto no tempo, é
vital para a redução do risco.
Há muitos anos, em 1649, João Amós
Coménio publicou a sua “Didática Magna”, também conhecido pelo subtítulo
“Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos” define que: «Aprende-se
a fazer fazendo. Os mecânicos não detêm os aprendizes nas suas artes de
especulações teóricas, mas põem-nos imediatamente a trabalhar, para que
aprendam a fabricar fabricando, a esculpir esculpindo, a pintar pintando, a
dançar dançando, etc…» (p.320), nós poderíamos acrescentar aqui as nossas
mais diversas competências e atitudes escutistas ou todo o aprender fazendo do
método. Claro que Coménio, evocando Séneca (4 aC-65 dC – Epist. VI, 5),
lembra-nos as palavras do filósofo sobre este tema «é longo e difícil o
caminho por meio de regras, mas breve e eficaz por meio de exemplos»
(p.320). Ambos parecem ter lido B.-P., vários séculos antes da publicação do
“Escutismo para Rapazes”!
Todos sabemos que as crianças quando
aprendem a andar caem uma boa centena de vezes e isso é natural, mesmo assim,
os pais protegem as esquinas do mobiliário e outros elementos semelhantes e
nunca põem os filhos sobre um muro para aprender a andar. É esta gestão do erro
e do risco que devemos dominar.
Nos seus percursos de aprendizagem o
escuteiro tem que experimentar o erro para depois, integrando a aprendizagem
realizada, corrigir e melhorar a sua performance. O erro é um elemento
importante no processo de melhoria. Esperemos que nenhum escuteiro tenha de
reproduzir a justificação que Thomas Edison, em 1910, deu a um jornalista: «eu
não falhei 10 mil vezes. Apenas descobri 10 mil maneiras que não funcionam.»
[1] Este tema também foi
abordado em artigo semelhante na revista “Flor de Lis”, no mês de fevereiro de
2021.