quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Discurso do Chefe Nacional Ivo Faria na Tomada de Posse 7 janeiro 2017

Gostaria de começar por saudar todos os presentes nesta cerimónia, quer nesta Casa que nos acolhe, quer nos diversos pontos do país, através das redes sociais e internet.

É para nós uma emoção grande poder ter o vosso testemunho neste momento tão importante para as nossas vidas e para o nosso CNE.
Obrigado.

Muitas vezes nos perguntaram,
Porquê? O que vos leva a este caminho de serviço?

Uma das Frases que mais me marca e que foi decisiva na escolha desta equipa, é esta passagem da carta de S. Paulo aos Romanos:

“Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e todos os membros não têm a mesma função, assim também nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e cada membro está ligado a todos os outros. Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada.” Rom 12, 4-6

Na verdade, não fui apenas eu que os escolhi, fomo-nos escolhendo uns aos outros, quando nos fomos aceitando como companheiros de caminho;
Quando não nos conhecemos ainda bem, há sempre um vínculo mútuo de confiança que estabelecemos ao convidar e ao aceitar o convite.

Todos temos uma história, um conjunto de experiências e de vivências, que nos vão construindo, vão moldando o que somos e o que pensamos.


As nossas motivações podem dizer-se em 3 palavras:

Em primeiro lugar:
Porque queremos ser fiéis à história do nosso CNE, aos que nos precederam, ao trabalho de renovação e de crescimento da ação pedagógica, que está sempre no centro da alegria do trabalho que fazemos. Foi por isso que escolhemos, para nomear o projeto, “Geração Futuro”, colocando-lhe 2 tónicas:
·         Na Ação (que se constrói do diálogo franco e fraterno, na ambição de um impacto indelével nas nossas crianças, adolescentes e jovens, e dos nossos adultos voluntários)
·         e no Tu (este TU que é o nosso próximo, procurando ver nele, em cada um deles, um pouco do Homem Novo).

Porque preferimos Agir, mais do que prever, e no encontro dessa ação com o Tu, encontrar o Eu (este eu que se constrói com o seu próximo e com Deus, num caminho de serviço à comunidade). O pórtico vai lembrar-nos, diariamente, da necessidade de estarmos sempre disponíveis para acolher o Tu, e para sair ao seu encontro. “Entra e deixa a porta aberta”, foi o mote com que nos reunimos aqui hoje.

Importa, por isso, mais do que perguntarmo-nos “qual o futuro para as nossas crianças e os nossos jovens?”, ser ação com a procura da resposta à pergunta “Que crianças e jovens queremos para o futuro?”

Pode parecer um pouco pretensioso, mas a intenção é outra, a de - afirmando a nossa intenção pedagógica como centro da tal ação - nos colocarmos ao serviço daqueles que verdadeiramente ajudam, todos os dias, a concretizar a resposta àquela pergunta: nós, os dirigentes, adultos voluntários que diariamente trabalham, lado a lado, com as crianças e com os jovens, na incansável e sempre inacabada construção de um mundo melhor.


A segunda motivação prende-se com o caminho que queremos trilhar. Foi por isso que estabelecemos, desde o início, um conjunto de 6 eixos, transversais na ação:
O Programa Educativo, a Capacitação dos nossos Adultos, a Comunicação, a Simplificação dos Processos, a Representação Externa e o Envolvimento.

Estes eixos vão para além das individualidades que constituem a equipa e das suas secretarias, exatamente porque é nesse trabalho e desse trabalho em equipa que resultará o sucesso da nossa ação. Serão transversais a todos.


A terceira motivação: e a razão pela qual escolhemos, desde cedo, o Lais de Guia, para nos lembrarmos que o projeto terá que ser feito no plural, no nós. Daí o Nós que unem. Queremos que o caminho seja feito com as regiões. As 20. E com os nossos agrupamentos todos, incluindo Macau, Genebra e Zurique. E que seja o caminho que as 20 regiões definam, em conjunto, na concordância sobre a relevância dos temas, das estratégias e metas. Somos, por isso, todos necessários.

Sabemos que este desafio, da unidade, não será fácil, nunca é.
E também não o podemos confundir com unanimidade. Queremos e precisamos acolher as vozes da diversidade, para construir um consenso. E é por isso que dissemos, várias vezes, que queremos que os nossos chefes regionais se sintam unidos e comprometidos com este desígnio. É por essa razão, que hoje oferecemos a mesma anilha que usamos e que, simbolicamente, nos compromete com essa confiança de, na frontalidade e na lealdade que nos deve caraterizar, podermos discutir abertamente o que nos preocupa, o que nos divide, e o que nos une. Também incluímos nesta equipa alargada, os presidentes dos restantes órgãos nacionais.

Gostávamos que o mesmo pudesse seguir-se para os diversos níveis da estrutura, procurando dar um sentido ao caminho, que o simplifique, que o aproxime dos agrupamentos, das unidades e dos escuteiros. Nós que unem todo o CNE.

Uma palavra também aos representantes das organizações civis com que  nos relacionamos:
Do Governo aos eleitos das autarquias locais, dos organismos, organizações e instituições com quem trabalhamos à sociedade em geral, queremos agradecer a confiança que, ao longo de todos estes anos vêm depositando em nós e no trabalho que realizamos, queremos reforçar as pontes, os nós que nos unem, no desenvolvimento de profundas parcerias, em prol da educação continuada dos nossos jovens e das nossas crianças.
Os nossos 1031 agrupamentos, as nossas estruturas de núcleo e regionais, bem como a Junta Central, todos nós, estamos – estou certo – preparados e comprometidos em, de mãos dadas, acolher, dinamizar, e porque não liderar, iniciativas e projetos ao serviço do desenvolvimento das nossas comunidades, nas suas mais diversas abordagens, no respeito pelos princípios que nos orientam. Importa, pois, dar sentido e eficiência a esta proximidade, aliando-nos no serviço e potenciando o impacto que sabemos ser capazes, juntos. Como dizia SS o Papa Francisco na sua Carta Encíclica: LAUDATO SI’:

231O amor, cheio de pequenos gestos de cuidado mútuo, é também civil e político, manifestando-se em todas as ações que procuram construir um mundo melhor. O amor à sociedade e o compromisso pelo bem comum são uma forma eminente de caridade, que toca não só as relações entre os indivíduos, mas também «as macrorrelações como relacionamentos sociais, económicos, políticos»”

À Conferência Episcopal Portuguesa, aos Senhores Bispos, Párocos, Assistentes dos nossos agrupamentos, queremos vincar o sentido de manter a porta do nosso coração aberta ao amor de Cristo, bem como trabalhar na Igreja que somos, para cada vez mais ajudar as crianças e os jovens a encontrar o seu caminho para frente, em direção a Jesus, o Homem Novo.

Aos nossos escuteiros: lobitos, exploradores/moços, pioneiros/marinheiros e caminheiros/companheiros, quero dizer-vos que é por vós, será sempre em vosso benefício, que nortearemos o nosso trabalho, a nossa entrega, a nossa energia, a nossa paixão por este movimento genial que Baden Powell, o nosso Fundador, criou, que o Pe. Jacques Sévin construiu Escutismo Católico, e que D. Manuel Vieira de Matos e o Monsenhor Avelino Gonçalves, fizeram nascer, nesta mesma região, em 1923.
Sois por isso, somos todos nós, fiéis depositários desta história e co-construtores do seu futuro, que se faz caminhando todos os dias. Estou certo que estamos à altura, cada um e cada uma de nós, deste enorme desafio.

Não poderíamos terminar sem expressar 3 agradecimentos: em primeiro lugar, aos que nos antecederam, pelo serviço generoso que prestaram, que agradecemos e a partir do qual nos propomos fazer caminho. Obrigado!

Em segundo lugar, à equipa Todos: pelos trilhos que partilhámos e pelas ideias que discutimos, importantes no Enriquecimento do projeto que será de todos nós.
Obrigado!

Aos nossos agrupamentos e às nossas famílias, que abdicam de um pouco (talvez bem mais do que um pouco) de nós, para que possamos também dedicar o nosso melhor para o oferecer ao serviço de Deus, da Igreja, do Escutismo e das nossas Comunidades.

Que Maria nos ajude, e que, com Inácio de Loyola, Isabel de Portugal, S. Nuno de Santa Maria e S. Jorge, possam caminhar lado a lado connosco, com o todo o CNE, em direção aos outros, e neles, a Cristo.

Muito obrigado.

Tomada de Posse da Junta Central do CNE
Sé Primacial de Braga, Catedral de Santa Maria
7 de janeiro de 2017
Ivo Faria, Chefe Nacional